segunda-feira, 23 de junho de 2014

Deixa assim ficar subentendido



Imagem: Reprodução


Eles se falam diariamente. Trocam mensagens, sorrisos. Mas tudo fica no paraíso das entrelinhas. Todos à sua volta já perceberam que há ali um ar de amor. Eles medem muito o quê dizer um para o outro. Querem se ver constantemente, mas sem marcar. Contam com o acaso. Arrumam-se de maneira diferente ao saírem de casa e saem pelas ruas como que procurando algo. Ficam com os corações ansiosos. Quando se veem, por acaso, o brilho no olhar se acende. Se cumprimentam, as palavras saem meio trêmulas e simulam terem se topado na rua acidentalmente. Aliás, a coincidência costuma ser um ‘empurrãozinho’ do Criador para que os desejos se concretizem. Demonstram uma preocupação peculiar um com o outro. A mesma pergunta sai simultaneamente de suas bocas, bem como as respostas. Sorriem pela situação do ridículo. O tempo para. O universo à sua volta não existe mais. Os olhares dizem o que a boca teima em não externar. Olho, boca, olho novamente, mãos e novamente o olho. Como somos desajeitados quando amamos! O assunto desaparece. Não! O assunto não desaparece, ambos sabem exatamente o que dizer, mas o subentendido é mais interessante. Eles se enamoram nas entrelinhas. Está mais que declarado que são eternos admiradores um do outro. Sim! Porque o amor reside por muito tempo na admiração. E olha que quem passa e não os conhece consegue ver isso! Não seria preciso virar o mundo de cabeça pra baixo para entender essa relação. Por que quando há amor não se necessita compreender absolutamente nada. Ah! Já ia me esquecendo. Muitos se perguntam o porquê não declaram logo que se amam e vão ser felizes.  Mas há um cuidado muito especial na decisão de ambos. A beleza do amor no caso deles está na subjetividade. Não se magoam, conhecem perfeitamente o defeito do ser amado, sabem suas preferências, anseios e até o motivo da voz do outro estar com uma entonação diferente. Hora de disfarçar, um conhecido em comum está chegando. Mas o disfarce é a maneira mais natural de demonstrar que há algo especial entre os dois. Despendem-se com vontade de continuar ali entre troca de olhares e pausados silêncios. E já imaginam o que vão dizer no próximo encontro ‘acidental’. Pegam o celular e pensam numa desculpa para continuar a conversa por troca de mensagens. E o sorriso se abre a cada resposta recebida...

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