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Imagem: Reprodução |
Eles se falam diariamente. Trocam mensagens, sorrisos. Mas tudo fica no
paraíso das entrelinhas. Todos à sua volta já perceberam que há ali um ar de amor.
Eles medem muito o quê dizer um para o outro. Querem se ver constantemente, mas
sem marcar. Contam com o acaso. Arrumam-se de maneira diferente ao saírem de
casa e saem pelas ruas como que procurando algo. Ficam com os corações
ansiosos. Quando se veem, por acaso, o brilho no olhar se acende. Se cumprimentam,
as palavras saem meio trêmulas e simulam terem se topado na rua acidentalmente.
Aliás, a coincidência costuma ser um ‘empurrãozinho’ do Criador para que os
desejos se concretizem. Demonstram uma preocupação peculiar um com o outro. A
mesma pergunta sai simultaneamente de suas bocas, bem como as respostas.
Sorriem pela situação do ridículo. O tempo para. O universo à sua volta não
existe mais. Os olhares dizem o que a boca teima em não externar. Olho, boca,
olho novamente, mãos e novamente o olho. Como somos desajeitados quando amamos!
O assunto desaparece. Não! O assunto não desaparece, ambos sabem exatamente o
que dizer, mas o subentendido é mais interessante. Eles se enamoram nas
entrelinhas. Está mais que declarado que são eternos admiradores um do outro.
Sim! Porque o amor reside por muito tempo na admiração. E olha que quem passa e
não os conhece consegue ver isso! Não seria preciso virar o mundo de cabeça pra
baixo para entender essa relação. Por que quando há amor não se necessita
compreender absolutamente nada. Ah! Já ia me esquecendo. Muitos se perguntam o
porquê não declaram logo que se amam e vão ser felizes. Mas há um cuidado muito especial na decisão de
ambos. A beleza do amor no caso deles está na subjetividade. Não se magoam,
conhecem perfeitamente o defeito do ser amado, sabem suas preferências, anseios
e até o motivo da voz do outro estar com uma entonação diferente. Hora de disfarçar,
um conhecido em comum está chegando. Mas o disfarce é a maneira mais natural de
demonstrar que há algo especial entre os dois. Despendem-se com vontade de
continuar ali entre troca de olhares e pausados silêncios. E já imaginam o que
vão dizer no próximo encontro ‘acidental’. Pegam o celular e pensam numa
desculpa para continuar a conversa por troca de mensagens. E o sorriso se abre
a cada resposta recebida...
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