terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A VIDA SERIA MAIS SIMPLES SE AS PESSOAS NÃO VOMITASSEM FELICIDADE FALSA

por Sílvia Marques

A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam. Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo. 

Sim, a vida seria bem mais simples e espontânea se as pessoas não vomitassem felicidade falsa nem tentassem o tempo todo provar um equilíbrio que elas não têm. Ninguém acorda super bem todos os dias. Ninguém se sente disposto para uma cerveja depois do expediente todos os dias. Ás vezes a gente fica mal mesmo, lembra de um monte de fatos trash e quer chorar na cama que é lugar quente. Ás vezes as coisas não parecem fazer muito sentido e a gente quer ficar fechadinho dentro da gente mesmo.

A gente não é obrigado a ficar feliz e comemorar porque é (determinaram que tal dia é especial). A gente não precisa necessariamente sorrir e querer curtir porque faz sol, porque a gente está na praia ou porque disseram que a vida é simples e é o ser humano que complica.

A gente não precisa rejeitar a tristeza como se fosse uma doença pestilenta. Ela faz parte da vida como a alegria. Só precisamos tomar cuidado para não transformá-la em um hábito ou nos esconder atrás dela por medo de ser feliz ou ainda dar importância demais a problemas e principalmente à pessoas pequenas. Este é um exercício e tanto que pode levar anos ou a vida inteira. Mas me parece que vale a pena.

A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam. Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo.

Talvez se mostrássemos mais os nossos rostos demaquilados e nossas almas nuas, se não nos defendêssemos tanto uns dos outros, se não nos importássemos tanto em mostrar que somos melhores do que os outros, pudéssemos ser mais unidos, mais solidários, mais amados, mais amantes.

Se a gente entendesse que todo mundo está no mesmo barco...Rogo pelo dia em que as mulheres casadas se assumam sozinhas e mal amadas. Rogo pelo dia em que as mulheres solteiras confessem que uma companhia faz falta sim e que fazer tudo sozinha pode ser muito triste. Rogo pelo dia em que os homens tanto casados como solteiros afirmem com todas as letras que morrem de medo das mulheres e que nunca deixam de ser meninões. Rogo pelo dia em que as mães gritem desesperadas o quanto estão cansadas e as que não têm filhos lamentem esta lacuna em suas vidas. Que os (cegados) reclamem dos grilhões da fé (mal direcionada) e que os ateus lamentem não crer. Que todos se assumam meio perdidos, meio sozinhos nesta vida louca. Rogo para que as pessoas assumam como o passado é doloroso e o futuro incerto. E depois de tantas confissões acaloradas, que elas possam respirar fundo, sorrir umas para as outra e seguir em frente cheias de coragem. Que depois de tudo, a gente pudesse cantar juntos I will survive e nos sentir intimamente ligados ao outro por meio da nossa vulnerabilidade, por meio da nossa capacidade irrestrita e desgovernada de dar e receber amor.

SÍLVIA MARQUES

Paulistana, escritora, idealista, bacharel em Cinema, cinéfila, professora universitária com alma de aluna, doutora em Comunicação e Semiótica, autodidata na vida, filósofa de botequim, amante das artes , da boa mesa, dos vinhos, de papos loucos e ideias inusitadas. Serei uma atleta no dia em que levantamento de xícara de café se tornar modalidade esportiva. Sim, eu acredito realmente que um filme possa mudar a sua vida! Autora do blog Garota desbocada. Este mês lança pela Cia do Ebook o romance O corpo nu..
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* Expressões entre parênteses '()' são adequações ao texto original.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

As conquistas fundamentais da primeira infância

Patrícia Fonseca – Pedagoga, Psicomotricista e Educadora Waldorf em Formação

“Segundo Rudolf Steiner, na primeira infância, a individualidade espiritual da criança está trabalhando intensamente por meio de seu corpo através do brincar. Somente no brincar esta individualidade é visível. Brincar é um processo natural, indispensável para a saúde psíquica e emocional da criança. Do Engatinhar ao Escrever, o corpo pontua os caminhos psicomotres que a criança percorre desde o momento em que rola de um lado para o outro, rasteja, engatinha, senta, se equilibra, fica em pé, locomove-se e torna-se apta a explorar o mundo ao seu redor por meio da brincadeira, até conquistar a primeira escrita de letras, considerando todas as conquistas complexas que a levaram a esse sistema simbólico de comunicação humana. Andar e falar são conquistas fundamentais no seu relacionamento com o cosmo e com os outros seres humanos.”

Patrícia Fonseca

Toda criança em sua primeira infância, está desenvolvendo seus sentidos e sua vida anímica, o seu pensar imaginativo e a sua capacidade de criar. Seu corpo físico está em pleno desenvolvimento ligando as primeiras experiências psicomotoras ao processo do desenvolvimento da inteligência, relação esta indispensável para a constituir a vida de relações com o mundo.

Tudo isto é alcançado através do método natural que o ser humano possui durante a infância, o brincar.

Segundo Rudolf Steiner, na primeira infância, a individualidade espiritual da criança está trabalhando intensamente por meio de seu corpo através do brincar.

Somente no brincar esta individualidade é visível. Brincar é um processo natural, indispensável para a saúde psíquica e emocional da criança.

Na idade do Jardim de Infância, o brincar das crianças são como rastros que imprimem as suas primeiras conquistas mais especializadas: o falar, o andar, o fazer, o sentir, o modelar, o amassar. o cortar , o rasgar, o pensar , o agir, o correr, o subir, o parar, o pincelar, o traçar.

Do Engatinhar ao Escrever, o corpo pontua os caminhos psicomotres que a criança percorre desde o momento em que rola de um lado para o outro, rasteja, engatinha, senta, se equilibra, fica em pé, locomove-se e torna-se apta a explorar o mundo ao seu redor por meio da brincadeira, até conquistar a primeira escrita de letras, considerando todas as conquistas complexas que a levaram a esse sistema simbólico de comunicação humana. Andar e falar não são atributos físicos que uma criança adquire naturalmente, são conquistas fundamentais no seu relacionamento com o cosmo e com os outros seres humanos.

As marcas de seu desenvolvimento psicomotor, teve início antes mesmo de (sair da barriga da mãe). O movimento corporal da criança pequena é a base para o seu aprendizado intelectual posterior.

A criança tem muitas forças vitais, mas precisa dos adultos para ajudá-la a equilibrá-las e integrá-las à personalidade em formação.

A brincadeira realiza tudo isso com criatividade e as Jardineiras Waldorf (professoras ) realizam tudo isto com muito amor e respeito à criança.

Cores, gestos, sons, expressões, tons de voz, qualidades nos materiais e nas atividades diárias de um Jardim Waldorf, fazem parte de uma rotina saudável, chegando a representar o ambiente do Lar.

A criança pequena tem competências imitativas ilimitadas, que são a expressão de um um profundo desejo de aprender, de explorar o mundo, de pesquisá-lo.

A repetição de brincadeiras, ouvir as mesmas histórias, fazer o pão várias vezes, empilhar toquinhos diariamente e vê-los cair, é fascinante para as crianças.

A brincadeira é a expressão do espírito humano.

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