sexta-feira, 31 de outubro de 2014

As mudanças da vida


Por Clarissa Corrêa


Tenho certeza que hoje você é muito diferente do que há 10 anos. Consequentemente, tem comportamentos, manias e anseios diferentes. O tempo passa e a gente vai se modificando. E isso é sempre bom, pois os pequenos aprendizados são como troféus na estante da sala.
Muitas vezes, essa série de modificações gera uma certa frustração. O ser humano tem dificuldade de entender e aceitar que nem tudo sai como no roteiro.
É claro que no sonho tudo é bem construído. Nele, só cabem sorrisos, vitórias, glórias e benefícios. No sonho, não existe cansaço, luta, suor, insônia, rancor. Você visualiza apenas o desfecho e sente o gostinho doce da linha de chegada.
A verdade é que o planejado nem sempre acontece. O idealizado com frequência deixa a desejar. A realidade na maior parte das vezes é diferente daquele sonho encantador. E tudo bem. Tudo bem mesmo, pois nem por isso as coisas são menos bonitas ou o dia-a-dia é mais amargo.
A maior lei da vida é: tudo se modifica a cada instante. Você, seus conhecidos, seu trabalho, o semáforo da esquina, o formato das nuvens, uma palavra. Por isso, é tão importante viver um dia de cada vez, aproveitar o tempo que nunca para, entender que cada marquinha de expressão tem o seu valor e não se lamentar por um sonho que não se realizou como você queria.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Considerações de Duboc...

A vida é como uma viagem de trem: com embarques e desembarques, com encontros e desencontros. E de vagão em vagão acabamos conhecendo pessoas importantes que passam a fazer parte da nossa vida, mas nem sempre podemos ir até o fim com as mesmas pessoas, pois elas descem em estações diferentes para seguirem seus destinos. Mas nunca vamos esquecer daqueles que ”sentaram” ao nosso lado mesmo que por alguns instantes.

--- Silvana Duboc.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Vida de solteiro


Imagem: Reprodução

   “E a namorada?” Alguém vai me perguntar. Aí vou sorrir e responder: “Estou solteiro!”. E logo depois vem aquela cara de: “nossa, coitadinho”, quando ao meu ver era a hora certa da pessoa me abraçar e pularmos gritando: “Parabéns Campeão!” Sabe, realmente não entendo essas pessoas que colocam o fato de encontrar uma pessoa como sendo um dos objetivos primordiais da vida. Como se a ordem natural fosse: nascer, crescer, conhecer alguém e morrer. A meu ver, não é assim. As pessoas se dizem solteiras como quem diz que está com uma doença grave, alguém que precise de ajuda. Não é nada disso. Existe sim vida na “solteridão”! E das boas. E isso não quer dizer farra, putaria, poligamia ou promiscuidade. Aliás, quer dizer sim, mas só quando você tiver afim. No mais quer dizer liberdade, paz de espírito, intensidade. E olha que escrevo isso com algum conhecimento de causa, já que tenho vários anos de namoro no currículo. De verdade, do fundo do coração, eu estou muito bem solteiro. Acho até que melhor que antes. Gosto de acordar pela manhã sem saber como vai terminar meu dia. Gosto da sensação do inesperado, da falta de rotina e de não ter que dar satisfação. Gosto de poder dizer sim quando meu amigo me liga na quinta-feira perguntando se quero viajar com ele na manhã seguinte. De chegar em casa com o Sol nascendo. De não chegar em casa as vezes. De conhecer gente nova todos os dias. De não ter que fazer nada por obrigação. De viver sem angústia, sem ciúme, sem desconfiança. De viver.  Acredito que todo mundo precisa passar por essa fase na vida. Intensamente inclusive. Sabe, entendo que talvez essa não seja sua praia. Ou talvez você nunca vá saber se é. Eu mesmo não sabia que era a minha, e veja só você, hoje sou surfista profissional. O que percebo são pessoas abraçando seus relacionamentos como quem segura uma bóia em um naufrágio. Como se aquela fosse sua última chance de sobrevivência. Eu não quero uma vida assim. Nessa hora talvez você queira me perguntar: “Mas e aí? Vai ficar solteirão para sempre? Vai ser assim até quando?” E eu vou te responder com a maior naturalidade do mundo: “Vai ser assim até quando eu quiser”. Quando encontrar alguém que seja maior que tudo isso, ou talvez alguém que consiga me acompanhar. E não venha me dizer que aquele relacionamento meia boca seu é algo assim. O que eu espero é bem diferente. Quando se gosta da vida que leva, você não muda por qualquer coisa. Então para mim só faz sentido estar com alguém que me faça ainda mais feliz do que já sou, e como sei que isso é bem difícil, tenho certeza que o que chegar será bem especial. E se não vier também está tudo bem sabe? Eu realmente não acho que isso seja um objetivo de vida. Não farei como muitos que se deixam levar pela pressão dessa sociedade. Tanta gente namorando pra dizer que namora, casando pra não se sentir encalhado, abdicando da felicidade por um status social. Aí depois vem a traição, vem o divórcio, a frustração e todo o resto tão comum por aí. Não, não. Me deixa quietinho aqui com minha vida espetacular. Pra ser totalmente sincero com você, a real é que não é sua situação conjugal que te faz feliz ou triste. Conheço casais extremamente felizes e outros que estão há anos fingindo que dão certo. Conheço gente solteira que tem a vida que pedi para Deus e outros desesperados baixando aplicativos de paquera e acreditando que a(o) ex era o grande amor e que perdeu sua grande chance. Quanta bobagem. A verdade é que só você mesmo pode preencher o seu vazio, e colocar essa missão nas mãos de outra pessoa e pedir pra ser infeliz. Conheco sim vários casais incríveis, assim como tantos outros que não enxergam que estão se matando pouco a pouco. Só peço que não deixem que o medo da solidão faça com que a tristeza pareça algo suportável. Viver sozinho no início pode parecer desesperador, mas de tanto nadar contra a maré, um dia você aprende a surfar. E te digo que quando esse dia chegar, você nunca mais vai se contentar em ficar na areia. Desse dia em diante só vai servir ter alguém ao seu lado se este estiver disposto a entrar na água com você.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Um milhão de formas de dizer eu te amo


“Como é que se diz eu te amo?” – Não foi só Renato Russo: Todo mundo, em algum momento da vida, já se fez essa pergunta. O amor pode se converter em palavras, mas em tantas outras coisas também. E – em se tratando de amor e afins – acho que as palavras se tornam obsoletas, inúteis, insuficientes. Até porque já me disseram ‘eu te amo’ de tantas formas.
Aquecendo meu café, saindo mais cedo pra me dar uma carona, me abraçando forte. Me fazendo cafuné. Elogiando meu cabelo. Me trazendo inspiração de presente. Me dando o lugar na fila quando eu estava apressada, segurando meus livros no ônibus quando não havia lugar para sentar, tomando minhas dores numa discussão, deixando-me à vontade em minha solidão quando precisei. Já recebi amor embrulhado pra presente.  
Já me disseram eu te amo com um simples sorriso – e foi tão melhor do que aquelas três palavras. Já me trouxeram amor em forma de consolo, em forma de beijo, em forma de bronca. Incrível como o amor pode ter tantas formas e ser sensacional em todas elas.
Por isso é tão injusto culpar alguém por não conseguir converter o amor em palavras quando consegue convertê-lo em tantas outras coisas mais bonitas, mais sinceras, mais autênticas. É triste condenar aquele que não sabe traduzir o que sente em palavras quando é mais conhecedor do amor que tantos poetas habilidosos.
Em um mundo em que o amor é tão banalizado, em que dizer “eu te amo“ se transformou numa simples forma de puxar assunto, ser amado em silêncio é um privilégio – porque, curiosamente, a verdade do amor se revela melhor sem palavras. Pequenas gentilezas traduzem-no melhor que qualquer verso de amor exagerado. Ceder numa briga é mais belo que qualquer buquê de rosas vermelhas – que, em poucos dias, estará murcho e jogado numa lixeira.
Nesse mundo em que expressar-se deixou de ser uma necessidade para transformar-se em obrigação, aprender a respeitar o silêncio do outro faria bem às nossas relações. E aprender a ler o silêncio do outro faria bem à nossa alma – pois o silêncio pode dizer tanto se a gente tiver sensibilidade pra ouvir.
Cabe-nos parar de condicionar o amor a um milhão de versos, de verbos, de alianças, de declarações públicas clichês, de atitudes pré-concebidas. Valorizemos quem “nos ama calado, como quem ouve uma sinfonia.” Porque o amor genuíno tem um milhão de sentidos – cada um mais intraduzível que o outro.




Sobre Nathalí Macedo

Atriz por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. Adora rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama vendo desenho animado. Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro, garante que é a simplicidade em pessoa. No mais, nunca foi santa. Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mais amor, menos barganha.


Imagem: Reprodução


Alguém muito, mas muito entendedor dos assuntos do coração, ou que pelo menos acredito que já passou por uns bons bocados nessa vida, disse por aí que amor é um ato de fé. Não estou falando de santos, orações, imagens ou lendas, estou falando de fé de verdade. Aquela que lá no fundinho da nossa alma acredita, sonha, cruza os dedos, joga a moeda, que ainda segue otimista mesmo com todos os percalços que aparecem pelo caminho. Fé de gente. Inconsciente, inconsequente, subjugada. Fé de quem ainda nem descobriu o significado desta palavra no meio da travessia. Acho que a gente anda tão acostumado com a frieza e a distância cada dia maior das relações interpessoais, que se esquece de que tudo na vida, principalmente o amor, é uma escolha. Barganhar retorno de um sentimento que deveria ser fornecido de graça é perder a fé em si mesmo, no seu potencial dentro de um relacionamento e no amor em si, que ó, tem que vir por merecimento não por obrigação.
Mania feia que a gente tem de barganhar. Na maioria das vezes são coisas bobas, mínimas, como de quem é a vez de fazer o jantar, quem liga primeiro depois de um encontro, quem busca quem para sair. Coisas que seriam facilmente resolvidas com um pingo de desapego. Infelizmente, a mídia, as redes sociais, a revista da fila de espera do dentista, a novela das 8 e o programa de rádio, pregam uma “verdade absoluta” de que as pessoas tem que se fazer de difíceis, que a outra metade tem que correr atrás para demonstrar seu valor, que pessoas que adiantam o primeiro passo têm caráter duvidoso e mais um bilhão de baboseiras que muitos tomam para si, tornando isso regra total e irrestrita de vida. O resultado são relacionamentos turbulentos, romances unilaterais, carência, descaso e ao invés de se afastarem definitivamente, vão de encontro direto a tão temerosa solidão.
Amor não é barganha. Você não liga só porque ela ligou, você não vai até ele só porque da última vez foi o contrário, você não espera para dizer que gosta só pra não parecer vulnerável. Você faz o que seu coração tem vontade, única e exclusivamente, porque assim você deseja. E só. A gente não pode fazer muita coisa pela reciprocidade do outro, mas pela nossa a gente pode e deve sim, fazer tudo que traz paz para o nosso coração. Se todo mundo soubesse o tempo de carinho, cuidado e afeto que se perde barganhando minúcias dentro de um relacionamento as pessoas abraçariam mais o livre arbítrio e arcariam de mente aberta e essência tranquila, com as consequências de suas próprias escolhas. Se não está disposto a correr riscos não desafie o outro para jogar. A gente pode cair sim, se machucar sim, literalmente ganhar um tapa na cara do universo sim, cada vez que resolve alimentar um sentimento abstrato como o amor. Mas mergulhar pela metade numa jornada que te pede inteira, só gera frustração e carência.
Amor é um ato de fé. Ou você doa de graça, de bom grado, de coração e alma lavados para o outro ou, com o perdão da palavra, você não tem merecimento para viver o sentimento de forma plena. Claro que tudo que a gente precisa de uma pessoa que nosso coração escolheu se apaixonar é o mínimo de retorno. Mas não dá pra barganhar uma troca. A gente abre portas e janelas na esperança de que o outro venha com as flores e as cortinas. Se vier ótimo, deixe os passarinhos entrarem. Se não vier, isso não deve ser motivo para não decorar sua morada. Feliz é quem aceita que o amor começa dentro da gente. Sem criar expectativas, sem cobrar desnecessariamente, sem fazer “mimimi” por um mero ponto equivocado dentro de um parágrafo recheado de pequenas delicadezas.
A melhor metade do amor a gente demonstra justamente na hora que “falha” a reciprocidade do outro. Se ele estiver muito cansado para sair vá até ele, se ela estiver indisposta em fazer o jantar tome as rédeas e peça um sanduíche, se ele não te ligou depois do primeiro encontro honre seu poder de escolha, sua autossuficiência e seu batom vermelho escarlate e faça o contato. Discernimento para diferenciar indiferença de descuido. Coragem para guardar o ego, o apego e aquela vontade tentadora de “chegar em primeiro lugar”, em um cantinho bem escondido da nossa alma. E muita fé, para acreditar que onde a gente deposita nossa vivência alguém transformará nossa prece em disponibilidade, respeito e merecimento. Assim seja.

[Danielle Daian]

domingo, 26 de outubro de 2014

DELAÇÃO PREMIADA DO AMOR



Fabrício Carpinejar

É preparar a lista de convidados que bate uma vontade danada de se separar.

Trata-se de um último degrau de superação entre os pombos: escolher quem é íntimo ou não é íntimo, uma questão pra lá de subjetiva.

Definir quem é amigo ou é conhecido, um debate quase insuportável capaz de enfraquecer os planos e suspender o altar.

Os noivos odeiam este momento, adiam o máximo possível para não se desgastarem.

Não é fácil mesmo. Para uma festa destinada a cem pessoas (o que já será cara), deve optar por cinquenta do seu absoluto convívio, de sua indiscutível preferência.

Isso se não tem uma parentela infinita, uma porção de parentes e primos que vem de ônibus de um ponto remoto da serra. Caso tenha uma família grande, sua lista terá metade ocupada antes mesmo de ser feita. Pois se convidar uma tia que gosta terá que convidar a outra que não suporta, se convidar um sobrinho precisa imaginar que ele cresceu e virá acompanhado.

Todo mundo que faz lista de convidados para um casamento se percebe um completo avarento. É o cálculo de quanto cada um vai comer, o quanto que cada um vai beber.

O prazer da festa se esvai em estatísticas, em cálculos, em matemática precisa e rigorosa. Está chamando números para a comemoração de seu amor. O charme romântico se perde em planilhas e restrições.

- Tem que ser cinquenta nomes, mais nenhum!

Começa a suar frio pela desfeita que poderá fazer a alguém.

A vida de solteiro não tem preferências, só a de casado.

[...]

Um dilema entre quem foi muito influente em uma fase de sua vida e quem é influente no momento. Como o casamento é uma retrospectiva de sua história, sofre por não trazer para perto os contatos extraviados pelo tempo.

- Vou convidar o Caolho, amor.

- Quem é o Caolho?

- O meu amigo de infância. O sujeito de boné, com correntes no pescoço, que a gente cumprimentou no Moinhos Shopping.

- Aquele cara? Tem jeito de traficante!

- Ele não é traficante.

- Pensa bem, não vou me meter, você é que decide, você é bem adulto.

Quando uma mulher decreta "pensa bem" é que ela tem certeza que o homem está pensando errado e virá uma reprimenda na sequência.

Não há como negociar: o Caolho não irá para festa. Abandonará o Moinhos Shopping apenas para não encontrá-lo de novo.

O que começa com o nó na garganta termina em nó no estômago.

Após encerrada a relação definitiva dos convocados, jura que terminou o martírio e pode finalmente se deliciar com os preparativos, mas a noiva lhe encara com incredulidade:

- Onde vai?

- Não terminou, amor?

- Claro que não, agora é a parte mais difícil. Temos que definir onde sentarão os convidados.

E põe um mapa do salão de festas em sua frente, disposta a nomear os assentos das vinte e cinco mesas.

- Quem sentará com quem? Quem sentará perto da gente? Me diz?
 
 

sábado, 25 de outubro de 2014

Quanto ao tempo















Lágrimas não são forever
Dores já não são together
Quando a gente ama espera
Um dia assim chegar
Chegou

É, eu já sei como iluminar a nossa fonte
É, eu já consigo ir além do horizonte
É, e os detalhes tão pequenos de nós dois
Ficaram pra depois
Depois, depois, depois, depois

É, sonhei de tudo como um dia de domingo
É, e o que vier para nós dois será bem vindo
É, só não demore quanto ao tempo pra chegar
Chegou

Quanto ao tempo te esperei
E o passado assim passou
Hoje o céu mudou de tom
Pra falar do nosso amor
Acho que chorei igual
Com a chuva no quintal
Acho que sonhei do bom
Hoje o céu mudou de tom

É, eu já sei como ir além do horizonte
É, eu já consigo iluminar a nossa fonte
É, e os detalhes tão pequenos de nós dois
Ficaram pra depois
É, sonhei de tudo como um dia de domingo
É, e o que vier para nós dois será bem vindo
É, só não demore quanto ao tempo pra chegar
Chegou

My eyes to see you
But I need
To believe it's true
Maybe my love likes crazy
Love is you, is you, is you, is you
And me and you
If I don't know how good it is
Só não demore quanto ao tempo pra chegar

Chegou

Composição: Carlinhos Brown / Michael Sullivan

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Você saiu da cama, mas a cama não saiu de você


Imagem: Reprodução

Ruth Manus

…ZzzzzzzzZzzz…ZzzzzzzzZzzzz…

6 horas da manhã. O despertador toca. O insuportável pi pi pi pi no escuro do quarto. E o primeiro pensamento é: tem certeza de que hoje não é domingo? Não, sem chances, ainda é quarta-feira. Coragem.
Mas sua cama está como areia movediça. Por mais que você tente sair, vai se afundando nela, está preso, simplesmente não consegue se levantar.
Só mais 5 minutinhos. Mais dez, vai. Quinze. Ainda dá.
E então você vê que já passou meia hora e o mau humor de acordar cedo se transforma no mau humor dos atrasados. Tropeça no guarda roupa, sai com a primeira roupa que cai na sua cabeça, procura um café da manhã portátil e sai correndo.
As horas vão passando: 8, 9, 10. Você saiu da cama, mas a cama não saiu de você. O corpo está no trabalho, mas você ainda sonha com o tato dos pés no lençol, com as bochechas encostando na fronha.
Mas, acima de tudo, você sonha com seu pijama.
Não importa se ele é bonito ou não, se é de seda ou de algodão, se é novinho ou se é milenar, desbotado, estragado.  Não importa se é camiseta de candidato a vereador ou camisola com renda francesa. É seu pijama, seu querido, sua maior saudade nessa manhã de quarta-feira.
Existe uma certa mágica no pijama. Ele tem a capacidade de te retirar da sociedade e te resguardar de qualquer demanda que ultrapasse os limites das paredes da sua casa. Uma simples peça de roupa que te torna imune ao mundo. Pijama é mais forte que armadura.
Talvez por isso, aos domingos, tenhamos tanta resistência a tirar o pijama. Porque, na verdade, o pijama é um estado de espírito. É como ter um status de indisponível para um chat, mas perante a vida em geral.
Mas não, você está aí com essa sua roupa de trabalho. E sapato. E sono. Muito sono. E saudades, muitas saudades do seu edredom. Por sinal, aposto que você trocaria cerca de 50% dos seus colegas de trabalho pelo seu edredom, sem pensar duas vezes.
Pior que isso, só depois do almoço.  Se tiver feijão preto, lasanha ou suco de maracujá, é caso de perda total. Começam aquelas pescadas que fazem a cabeça tombar que nem galinha degolada. A depender do grau, até babar a gente baba. E então se inicia a odisseia do café. Chá mate. Energético. Daí pra baixo.
Chega dezembro, chega a hora da estrela, mas não chega o fim do expediente nem a hora do ronco. E a zumbizeira vai andando para frente, e a zumbizeira vai andando para trás. Gueeeenta meu filho.
Pois é, estamos todos no mesmo barco. Pertencemos ao mesmo bonde. Mas o que a gente queria mesmo não era compartilhar barco nem bonde, mas sim um belo, grande e macio colchão.  Não tá fácil não.

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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Considerações de Mariana Ruggiero

© Reprodução

  Se sou problema neste instante de agora, soluciono-me diante do afeto e da disponibilidade. Nenhum desafio enfrentado por alguém anda abandonado de coragem. Se sou questão cinquenta vezes, posso ser mil soluções para quem não tem medo do não. Para mim e por mim, sozinha, do jeito que gosto e sei ser. Mas chega a hora que o caminho se estreita e o horizonte se alarga, onde precisamos do outro e também nos deixar ser do outro para crescer e avançar. Ser doação. Ser prioridade. Este negócio difícil da vida e paradoxalmente simples. Sê por inteiro com nós mesmos, e com o outro que escolhemos para viver. Sê feliz. Repito, por inteiro. E nem um segundo a mais pela metade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Quanta gente!




Imagem: Reprodução



Tem gente de montão nesse mundão
São 7 bilhões de corações
Isso sem contar os animais
Que também tem coração


Tem tudo o que é tipo de gente por aí
Tem careca, cabeludo, tem quem não gosta de abacaxi
Tem baixo, alto, gordo, magro, preto, branco e marrom
Tem menina que não gosta de batom

Tem gente que reza pra Jesus
Tem gente que se alimenta de luz
Tem artista, jornalista, médico e pajé
E tem até gente com 6 dedos no pé

Mas o que será que une toda essa gente então?
Ora, tem todos um coração
E tem pé, tem mão e tem cabeça e tem razão
Tem medo, dor de barriga, febre, lumbriga, tem dedão

Todos tem infância, todos tem imaginação
Todos são humanos, por definição
Todos tem os mesmo ancestrais
Que viveram há muito tempo atrás

Toda essa gente olha para o mesmo céu
Todos gostam de mel
Todos vivem num planeta pequenino
Circulando uma estrelinha
Bem no meio do infinito

E tem uma menina que quer crescer em um mundão
Em que todos, todos, todos tenham amor no coração
E se cuidem e se gostem e se amem e se mostrem
Pois é bem verdade, no fundo somos todos irmãos.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ASSUMIR O GOSTO É IBOPE



Fabrício Carpinejar





Imagem: Reprodução
 



Ninguém vê televisão e todo mundo vê televisão.

Ninguém vê novela e todo mundo vê novela.

Se pego um amigo acompanhando Império, ele explica:

- Nunca assisto, é que estava trocando de canal.

Estranho que a troca de canal demora todo o capítulo. Estranho que ele conhece o nome de todas as personagens.

Minha mãe nunca assiste à novela e sempre está assistindo às novelas. Diz que é para esperar o Jornal Nacional. Faz isso há mais de trinta anos e não assume. Fica braba quando digo que ele não perde uma novela.

Se eu apareço no Jô Soares, as pessoas logo justificam:

- Nunca assisto, mas deu sorte.

Se eu apareço na Ana Maria Braga, amigos já se desculpam:

- Não tenho o costume de acompanhar, estava passando os olhos e fiquei te vendo.

Incrível como todo mundo vê televisão e sempre alega que foi um acidente ou uma exceção. Há um medo de aceitar a própria vontade, de se declarar fã de programas populares.

É uma mania metida a besta.

Saudade da sinceridade do escritor Caio Fernando Abreu, que era um grande intelectual e afirmava descaradamente que adorava novela, não perdia uma cena e mandava carta para os roteiristas para sugerir um final feliz.

 


Ouça o comentário na manhã de terça-feira (21/10) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Novos estudos reforçam que faraó Tutancâmon foi fruto de incesto

Reconstrução do rosto do Faraó, divulgada em 2005 - Reuters






O mais detalhado exame sobre os restos de Tutancâmon revelaram uma face bem menos majestosa do que o faraó exibe em sua máscara de enterro. De acordo com o estudo, ele teria dentes salientes, um dos pés deformados e quadris de menina. E ao invés de ser um jovem rei apaixonado por corridas de carruagem, ele contou com ajuda de bengalas para se locomover durante seu governo no século XIV a.C., segundo pesquisadores.

A chamada 'autópsia virtual', composta por mais de 2 mil escaneamentos computadorizados, foi realizada juntamente com uma análise genética da família de Tutancâmon, que apoia a evidência de que seus pais eram irmão e irmã.
Para os cientistas, este fato seria o motivo de suas deficiências físicas, desencadeadas por desequilíbrios hormonais. Seu histórico familiar, inclusive, poderia ter levado à sua morte prematura, no final da adolescência.
Vários mitos sugerem que Tutancâmon foi assassinado ou vítima de acidente de carruagem, depois que fraturas foram encontradas em seu crânio e outras partes do seu esqueleto. Mas agora,pesquisadores acreditam que ele pode ter morrido de uma doença hereditária, porque só uma das fraturas ocorreu antes de ele morrer e seu pé torto teria tornado corridas de carruagem impossível.
Albert Zink, do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo na Itália, decifrou a verdade sobre os pais do rei através do estudo do DNA da família real.
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Ele descobriu que Tutancâmon nasceu depois que seu pai Akhenaton - apelidado de o rei herege - teve um relacionamento com sua irmã. Incesto não era uma prática desaprovada pelos antigos egípcios. Eles também desconheciam as implicações para a saúde.
Hutan Ashrafian, professor de cirurgia do Imperial College London, disse ao jornal britânico "Daily Mail" que vários membros da família parecem ter sofrido de doenças que podem ser explicadas por desequilíbrios hormonais.
- Vários de seus antecessores da família viveram até uma idade avançada. Somente sua linha imediata morrera cedo, e eles estavam morrendo mais cedo a cada geração.

domingo, 19 de outubro de 2014

5 coisas que o smartphone tirou de você – e só você pode recuperar


Imagem: Reprodução
Sou uma viciada em fase de recuperação. Meus pais, meus amigos, meus colegas, meu namorado e até meus inimigos sabem do meu vício. No início, eu tinha vergonha. Depois, pensei que era melhorar começar a tratar logo para não perder mais tempo. Tenho tentado, só por um dia, não deixar que o meu vício no smartphone – seus jogos, aplicativos, possibilidades, megapixels – atrapalhasse a minha vida.
Demorou para que eu percebesse que o smartphone é só um aparelho que depende de uma pessoa para ligar e desligar. Então a questão não é o aparelho, mas quem está no comando dele.
Em poucas semanas de tratamento, percebi muitas coisas que abri mão porque não cabiam na telinha – e descuidei tanto dela que o meu smartphone caiu, quebrou, estilhaçou. Mas ainda funciona (porque não estou curada, vivo um dia de cada vez).
Percebi o quanto de vida real um smartphone pode me sugar. Se faz isso comigo, faz contigo também.

1 – A possibilidade de fazer amigos e conhecer pessoas enquanto espera

Espera enche o saco, é verdade. Mas já fiz vários contatos, tive boas reflexões e dei boas risadas na recepção do dentista, no ponto de ônibus, num restaurante enquanto o prato não vinha, no elevador. Nesse último, aliás, o smartphone matou o “será que chove hoje” e o “como essa sexta demorou pra chegar”.
Quando o tédio da espera vem, você abre a guarda para ter conversas com desconhecidos que podem acabar se tornando bons amigos, colegas, contatos profissionais ou até mesmo cinco minutos de um papo despretensioso – e quem há de questionar o seu valor? Hoje fica todo mundo no smartphone jogando Candy Crush enquanto essas possibilidades passam pelo sofá ao lado.

2 – A emoção de assistir a um show sem pensar no depois

Pobres das bandas de hardrock que incentivavam as pessoas a acenderem isqueiros nos momentos emocionantes. O mar de smartphones que se concentram em frente aos shows hoje em dia faz com que, apesar de pagaram pelo ingresso, muita gente assista ao espetáculo de uma telinha. Que tal fone de ouvido e vídeo no Youtube?
A grande emoção de ir a um show é viver um momento único com um artista que você gosta. Absolutamente ninguém – através daquela lei da física que diz que duas pessoas não podem ocupar o mesmo lugar no espaço – vai assistir àquele acorde, daquele lugar, com aquela sonoridade. Compartilhar uma foto rapidinho no Instagram é incrível, mas seria sacanagem com os amigos mostrar pra eles o show inteiro e tirar o prazer da surpresa (além de aguçar o ódio da inveja).

3 – Perceber a natureza e se conectar com a sua fé

Já fui a um piquenique em que os selfies se tornaram bem mais importantes do que a sensação de ter o pé na grama e o sol na cara. Vi até gente fazendo gambiarra com os sucos naturais e as frutas pra produzir a foto e postando algo como “a beleza natural desta tarde de sol”. O entardecer de outono é lindo e eu mesma vivo postando imagens dele no meu Instagram. Mas ir até a janela, clicar, postar e não observar todos os seus detalhes é um desperdício.
Outro dia percebi que o smartphone tinha feito com que eu parasse de ouvir os pássaros no caminho entre a porta do meu apartamento e o carro. Eu ia vendo os e-mails, respondendo os Whatsapp e simplesmente tinha parado de perceber. Prometi pra mim mesma que do último degrau até a porta do carro, o celular fica na bolsa. Geralmente paro no caminho, respiro fundo, peço a bênção (...) para o meu dia. Mudou tudo. O celular saiu de cena para que a minha fé fosse protagonista.

4 – Chorar num ombro de verdade

Todo mundo tem mil amigos o tempo todo. O Whatsapp não para de receber mensagens de grupos bizarros que você nem sabe como entrou, você fala com colegas distantes o tempo todo, mas na hora de ligar para dividir um cinema ou de chorar por um pé na bunda, você está sozinho.
No meu boteco favorito, há um quadro de giz já na entrada que diz: “não temos wi-fi, conversem entre vocês”. No início, gerou revolta. Hoje, é um lugar onde as pessoas como eu – que sou viciada, admito – quando enchem o saco da telinha de smartphone vão para falar com gente diferente e fazer amigos de verdade.

5 – Estar sozinho e de bem com isso

Quem tem um smartphone nunca está sozinho. Mas sempre está. Não sabemos mais lidar com a solidão. Ou vai dizer que a sua família não surta quando a energia acaba naquele momento em que o celular está sem bateria e o notebook está estragado e só liga quando conectado à tomada?
Ficar sozinho é bom. Mesmo sem energia. Faz pensar, alivia dores emocionais, faz ter certeza de quem a gente é e aonde quer chegar. E isso, meu amigo, não há smartphone que vá te dizer.








Sobre Marina Melz

É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen. Não tem preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que toda história (boa ou não) merece ser contada.


Fonte: Entenda Os Homens

sábado, 18 de outubro de 2014

A geração do “promova o desapego”


Imagem: Reprodução
Alguns amores modernos me assustam. Esses amores efêmeros, frágeis, superficiais. Esses amores que destoam assombrosamente do que um dia já pudemos, com todas as letras e toda a certeza, chamar de amor.
Somos a geração das selfies, do beijinho no ombro, do rei do camarote, do “promova o desapego”. A geração do egocentrismo cego. É tanta mediocridade que o amor genuíno arrumou suas trouxas e foi-se embora.
A verdade é que vivemos relações descartáveis. E se num dia o amor parece transbordar pelos poros, converte-se, vertiginosamente, em ódio ou desprezo, no momento em que a atração termina ou surge uma mínima mágoa.
Ninguém ama o outro depois que a relação deixa de ser conveniente. Pior do que isso, alguns não conseguem expressar sequer a mínima humanidade em relação àquele que julgou amar um dia. Ninguém quer que o outro seja feliz em outros braços – alguns preferem, aliás, vê-lo mendigando afeto, chorando de saudade, lamentando o fim da relação. O egocentrismo grita alto e ordena que, se o outro consegue superar o fim do relacionamento, devemos nos sentir diminuídos. Que desejar a felicidade do outro é incompatível com buscar a nossa própria felicidade. O egocentrismo cego nos diz que temos que mostrar que não nos importamos, que somos felizes e desapegados. Que temos que sorrir cada lágrima do ex.
Nesse oceano de modernidade, é bom lembrar que não são os amores não duráveis que me assombram; compreendo que a cada um assiste o direito de trocar de parceiro como quem troca de roupa, se isto lhe faz feliz. O que me assombra é a capacidade humana de converter amor em ódio, o bem querer em desprezo, o apego em maldizer. É a velocidade com que fotos românticas são substituídas por indiretas ácidas, e declarações de amor por palavras amargas e cheias de mágoa.
Temo que a geração do egocentrismo já não saiba amar nada além de si mesma. Temo que tenhamos desaprendido a, simplesmente, querer bem. A manter o respeito pelo outro quando o próprio amor já não existe. Temo que ninguém mais consiga elevar seu espírito de tal modo que o desapego passe a ser uma consequência, e não uma busca implacável, uma mentira deslavada que contamos para nós mesmos.
E que sejamos nobres o suficiente para querer bem ao outro sem que precisemos esfregar a nossa felicidade na cara de ninguém. Que cada um compreenda que estar de bem com a gente mesmo é o que importa, no fim das contas, e que querer ver o fiasco daquele que um dia já nos fez feliz não é exatamente uma atitude madura. Pior do que isso: é mesquinho. E que o fato de amarmos – no sentido humano da palavra – a quem nos fez sofrer por um instante não significa que não amamos a nós mesmos. Às vezes, pode significar justamente o contrário:Por que só distribuímos o que temos de sobra. E que um dia se possa compreender que o amor genuíno nunca deixa de existir: ele só muda de forma.



Sobre Nathalí Macedo

Atriz por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. Adora rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama vendo desenho animado. Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro, garante que é a simplicidade em pessoa. No mais, nunca foi santa. Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo

Fonte: Entenda Os Homens

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DA BOCA PARA FORA, DE FORA PARA A BOCA



Fabrício Carpinejar 







 



Imagem: Reprodução






Quem quebra a promessa de viver junto para sempre quebrará a promessa de ficar separado.

É uma questão de coerência.

Aquela pessoa que diz que nunca mais vai lhe procurar, que vai sumir, que vai desaparecer, é a mesma pessoa que disse que jamais lhe abandonaria, que estaria para sempre ao seu lado.

Como ela não cumpriu a primeira promessa, é certo que não cumprirá a segunda.

Ela perdeu a longevidade da palavra. Suas palavras ora são ameaças ora são convites e tem a mesma tendência de persuasão.

As frases morrem: o que resta é o sentimento que elas escondem.

Não dá para acreditar na maldição da separação se o voto de amor eterno não foi respeitado.

Ela não conseguirá ficar longe, assim como fracassou para se manter perto.

Nem precisa sofrer por antecedência. Ela voltará.

Como a eternidade do relacionamento não vingou, a eternidade da separação seguirá idêntico caminho: logo estará diante dela de novo.

Não tem como confiar em alguém que afirma que abandonará o passado se antes ela já assegurou todo o futuro.

As casualidades são maiores do que a nossa consciência. O amor é maior do que as nossas ordens, o amor é um desmando.

O curioso é que, rompendo a jura de nunca mais se ver, ela termina regenerando o juramento de sempre ficar junto.

A vida é estranha. Não tem como consertar, que é somente piorá-la.

  - Comentário da manhã de sexta-feira (17/10) na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

13 Atitudes que Pessoas Fortes Mentalmente Evitam

mentalmenteforte
Imagem: Reprodução

O artigo de hoje foi escrito por Amy Morin, famosa psicoterapeuta norte-americana e foi originalmente publicado no site da Forbes. Traduzi e adaptei o texto.
Também podemos definir a força mental ao identificar as coisas que as pessoas mentalmente fortes não fazem. Segue uma lista com 13 delas:

1- Desperdiçam tempo sentindo pena de si mesmas

Não vemos pessoas mentalmente fortes sentindo pena das suas circunstâncias ou como são tratadas pelos outros. Sabem assumir a responsabilidade pelas suas ações e consequências e entendem que muitas vezes a vida não é justa. São capazes de encarar situações ruins com gratidão pelas lições aprendidas, não se importando com os problemas ocorridos.

2- Deixam o seu poder de lado

Não permitem que outras pessoas os façam se sentirem mal ou inferiores. Não dão a eles este poder.  Entendem que estão no controle das suas ações e emoções e podem escolher como reagir. Então nada de “meus amigos me botam para baixo”.

3 – Fogem de mudanças

Pessoas mentalmente fortes não evitam a mudança e nem fogem de desafios. Ao contrário, dão as boas vindas a eles. Seu maior medo, se é que possuem alguém, não é mudar, mas ficar estagnados e complacentes. Um ambiente de mudanças pode dar mais energia a essas pessoas e trazer o seu melhor.

4- Gastam energia com coisas que não podem controlar

Não reclamam (muito) sobre o trânsito, bagagem perdida em uma viagem ou, especialmente, sobre outras pessoas, já que reconhecem que esses fatores estão geralmente fora dos seus controles. Em situações ruins, reconhecem que a única coisa que podem controlar é suas atitudes ou respostas.

5- Preocupam-se em agradar a todos

Conhece algum puxa-saco? Ou aqueles que maltratam os outros para demonstrar poder? Nenhuma das duas atitudes é a ideal e pessoas mentalmente fortes tentam ser gentis com todos, mas não têm medo de dizer “não” ou falar algo quando necessário. Elas estão cientes da possibilidade de que alguém poderá se chatear, e podem lidar com isso.

6- Temem tomar riscos calculados

Pessoas fortes mentalmente não assumem riscos bobos, mas não se importam de assumir riscos calculados. Calculam os riscos e benefícios e estão cientes do que pode acontecer em cada grande decisão tomada.

7- Vivem no passado

Existe força no ato de conhecer o passado e as coisas que aprendeu de experiências passadas. No entanto, pessoas fortes mentalmente são capazes de evitar gastar energia em decepções ou nos ” dias de glória” que já passaram. Passam a maior parte do tempo criando um ótimo presente e futuro. Então nada de choramingar porque você foi um beta e sua ex te traiu ou de dizer que nunca mais namora porque sofreu muito no passado.

8- Cometem os mesmos erros repetidamente

Todos conhecemos a definição de insanidade, correto? É quando temos as mesmas atitudes esperando um resultado diferente. Uma pessoa mentalmente forte aceita a responsabilidade total dos comportamentos passados e deseja aprender a partir dos erros. Pesquisas mostrar que a habilidade de refletir sobre si mesmo de um modo correto e produtivo é uma das maiores forças que executivos ou empreendedores de sucesso possuem.

9- Ressentem o sucesso alheio

É preciso caráter para sentir felicidade genuína pelo sucesso de outros. Pessoas mentalmente fortes possuem essa habilidade. Não ficam com ciúmes ou ressentidos quando outros são bem sucedidos (mas podem fazer anotações sobre o que eles fizeram bem). Desejam trabalhar pesado em suas própria chances de sucesso, sem confiar em atalhos.

10- Desistem quando falham

Toda falha é uma chance de melhorar. Mesmo o alfa de todos admite que cometeu muitos erros e teve muitas falhas. Pessoas fortes mentalmente estão dispostas a falhar repetidamente, se isso for necessário, desde que aprendam algo com cada falha e que isso as tornem mais próximas dos reais objetivos.

11- Temem a solidão

Elas aproveitam e gostam de passar um tempo sozinhos. Gastam esse tempo para refletir, planejar, ser produtivos e até se divertirem. Mais importante, elas não dependem de outros para serem felizes. Podem ser felizes com outros, mas também sozinhos.

12- Acham que o mundo as deve algo

Particularmente na economia atual, executivos e empregados em qualquer nível estão percebendo que o mundo não lhes deve um salário, um pacote de benefícios e uma vida confortável, independente da sua educação e preparação. Pessoas mentalmente fortes entram no mundo preparadas para trabalhar e serem bem sucedidas pelos seus méritos próprios.

13 – Esperam resultados imediatos

Seja uma rotina de treinos na academia, uma nova dieta ou o início de um novo negócio, pessoas mentalmente fortes compreendem o longo prazo. Sabem que não devem esperar resultados imediatos e entendem que mudanças genuínas levam tempo.

Você tem uma mente forte? São estes elementos da lista que você mais precisa trabalhar?



Blogueiro, escritor, DJ e coach comportamental. Escreve sobre relacionamentos e comportamento humano e dá treinamentos para pessoas que desejam melhorar sua vida, seja no aspecto pessoal, profissional ou de relacionamentos. 
 
 Fonte: Tudo Para Homens

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Como você fala

Imagem: Reprodução


Fabrício Carpinejar

Mulher é uma ouvinte fatal.
Ela mantém uma biblioteca de sons, um arquivo de escalas musicais em seus ouvidos.
Nasceu com um detector de mentiras nos tímpanos.
Você pode dizer as palavras certas, mas ainda será pouco.
Você pode escolher os termos mais apropriados, a ordem mais harmoniosa, as frases mais cristalinas, e ainda será pouco.
Você pode decorar o discurso, mas ainda será pouco.
Não significa que terá o respeito dela. Não assegura a compreensão dela.
Ela é capaz de implicar com você.
O homem não entende que não basta falar para a mulher o que ela quer, tem que falar do jeito que ela quer.
Quantas vezes você, para superar a insensibilidade e o laconismo do macho, finalmente expressou o que ela ansiava ouvir e ela não ficou satisfeita?
Esperava a libertação, o elogio, a recompensa e aguentará uma nova e inesperada crítica da esposa:
– Não foi o que você disse, mas como disse.
Você suspira amém, e ela entende que está sendo cínico.
Você concorda com os argumentos dela, e ela entende que somente deseja fugir da briga.
Você pede desculpa, e ela entende que é da boca para fora.
Você concorda, e ela entende que está resmungando.
O “como” feminino é mais importante do que o conteúdo da fala.
O “como” é a própria fala.
Ela valoriza o sentimento da pronúncia. A pronúncia é a porta do paraíso ou a do inferno.
Você poderá se declarar com “Eu te amo”, e ela insistir em problematizar.
– Ai, que eu te amo sem entusiasmo, sem vontade, eu não quero ser amada assim.
Será obrigado a fazer um teste vocal do “eu te amo” nesse momento. Um gargarejo do “eu te amo” até convencê-la.
Quando acertar o timbre ideal, a equalização apropriada, ela, então, num gesto de absoluto desdém, vai encontrar motivo para revidar:
– Agora não adianta, não foi espontâneo.
Está enrascado. Sempre estará enrascado mesmo empregando os diálogos perfeitos.
Além de compositor, o homem precisa ser intérprete, saber cantar, assumir o microfone da confissão.
Não basta acertar a letra, é necessário transmitir a emoção adequada pela voz.
Terá que ser um Caetano Veloso da discussão de relacionamento, um Chico Buarque do corredor de casa, um Ney Matogrosso da cozinha.
Vá treinando no chuveiro.
Ser marido é uma carreira difícil e de público muito exigente e sensível.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 4, 14/10/2014
Porto Alegre (RS), Edição N°17952

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

Por Eduardo Araia


Em janeiro de 2009, Madagascar – ilha na costa leste da África famosa por ser o lar dos lêmures – foi abalada por manifestações contra o governo do presidente Marc Ravalomanana. Mais de 170 pessoas morreram antes que ele renunciasse. Entre as malfeitorias de que o presidente era acusado estava um negócio pelo qual o conglomerado industrial sul-coreano Daewoo arrendaria por 99 anos 1,3 milhão de hectares de terras malgaxes (13 mil quilômetros quadrados, o equivalente a quase metade do solo arável do país e a pouco menos de 60% da área de Sergipe) a fim de plantar milho e dendê. Detalhes adicionais: a maior parte das terras negociadas é “primitiva” – em outras palavras, floresta tropical intocada – e o retorno para a população local viria apenas por meio da criação de um limitado número de empregos na Daewoo. Uma das primeiras medidas do novo presidente, Andry Rajoelina, foi revogar o acordo com os sul-coreanos.

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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

A deposição de Ravalomanana foi a faceta mais visível de um problema derivado da crise dos alimentos de 2007/2008 que inquieta a comunidade internacional: a compra ou arrendamento, por governos e empresas de países ricos, de terras férteis em nações em desenvolvimento, escolhidas em geral por serem bem abastecidas com água e estarem próximas de portos ou outros centros de escoamento. Segundo relatórios divulgados em 2009 pela ONU e por analistas norte-americanos, ingleses e indianos, pelo menos 30 milhões de hectares (300 mil km2, pouco mais do que a soma dos territórios do Paraná e de Santa Catarina e equivalente a 75% de toda a terra arável da Europa) estão sendo ou foram adquiridos no mundo por empresários ou governantes de países que enfrentam condições climáticas adversas ou escassez de terras cultiváveis e dispõem de muito dinheiro em caixa, como China, Coreia do Sul, Suécia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

Tendência está se acelerando
O Instituto Internacional de Pesquisa da Política de Alimentos, baseado nos Estados Unidos, avalia que entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões são gastos anualmente por países ricos na compra de terras em nações em desenvolvimento. E o quadro pode se agravar muito mais, salienta Olivier De Schutter, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação: “[A tendência] está se acelerando rapidamente. Todos os países observam uns aos outros e, quando um vê os outros comprando terras, faz o mesmo.”
Algumas das nações nas quais há terras para vender já têm certa importância no contexto agrícola mundial, como Brasil, Rússia e Ucrânia. Nesses lugares, porém, a simples procura já serve para elevar os preços das propriedades e dificultar os negócios. A preferência dos investidores tem recaído em países para lá de carentes, localizados sobretudo na África, como Camarões, Etiópia, Sudão e Zâmbia. Caracterizados pela miséria da população e por governos em geral ditatoriais ou autoritários, nos quais a corrupção corre solta, esses países podem assistir, no futuro, a uma situação paradoxal, antevista pela ONU: enquanto estoques imensos de produtos agrícolas cultivados em suas terras são embarcados para outros destinos, seus habitantes sofrem com a fome.
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

O agrocolonialismo já apresenta números impressionantes. A Coreia do Sul adquiriu 690 mil hectares no Sudão; a Arábia Saudita abocanhou 500 mil hectares na Tanzânia; os Emirados Árabes Unidos, 324 mil hectares no Paquistão. A Índia emprestou dinheiro para 80 de suas companhias comprarem 350 mil hectares em países africanos.
As aquisições feitas por empresas também chamam a atenção. A sueca Alpcot Agro, por exemplo, arrematou 120 mil hectares na Rússia; a sul-coreana Hyundai investiu US$ 6,5 milhões para conseguir participação majoritária na Khorol Zerno, que possui 10 mil hectares na Sibéria Oriental; o banco norte-americano Morgan Stanley adquiriu 40 mil hectares na Ucrânia.
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

Crise alimentar incrementou o neocolonialismo
De Schutter observa que o movimento em busca de terras aráveis se intensificou depois que, com a crise alimentar de 2007/2008, vários países descobriram o severo impacto na balança de pagamentos causado pelas importações de alimentos. O quadro os levou, então, a trabalhar para “se garantir”. Mas isso, segundo o representante da ONU, funciona como especulação, aposta em preços futuros, já que a população mundial deve crescer cerca de 50% até 2050, e certamente precisará se alimentar. “Sabemos que a volatilidade crescerá nos próximos anos”, afirma De Schutter. “Os preços das terras continuarão a subir.”
Ele acrescenta que aproximadamente 20% dessas compras devem ser destinadas ao cultivo de vegetais para biocombustíveis. “Mas é impossível saber ao certo, porque as declarações não são feitas com relação a quais plantas serão cultivadas”, declarou.
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

Mais grave do que isso é a perspectiva de que os novos donos e arrendatários das terras usem-nas de maneira insustentável. “A terceirização da produção agrícola garantirá segurança alimentar para os países investidores, mas deixará atrás de si um rastro de fome, inanição e escassez alimentar para as populações locais”, afirmou Devinder Sharma, analista do Fórum de Biotecnologia e Segurança Alimentar na Índia. “A conta ambiental da agricultura altamente intensiva – solos devastados, aquíferos secos e ecologia arruinada por infestações químicas – será deixada para o país anfitrião pagar.”
Um relatório divulgado em 2009 pelo Instituto Internacional de Ambiente e Desenvolvimento, baseado em Londres, apresenta os negócios com terras como fontes de “riscos e oportunidades”. Os autores ponderam: “Investimentos ampliados podem trazer benefícios tais como o crescimento do Produto Interno Bruto e receitas governamentais mais robustas, e podem criar oportunidades para o desenvolvimento econômico e melhora no padrão de vida. Mas podem resultar na perda de acesso dos habitantes locais aos recursos dos quais dependem para sua segurança alimentar – particularmente enquanto alguns países-chave que receberão os alimentos estão, eles próprios, às voltas com seus desafios de segurança alimentar.”
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

Uma saída para isso seria os países que cedem suas terras optarem por contratos de produção. Nesses casos, os investidores estrangeiros entrariam com a tecnologia e o capital, enquanto os agricultores locais, cultivando terras próprias ou arrendadas, produziriam grãos ou outros vegetais a preços fixos. Mas essa fórmula, defendida por especialistas como De Schutter e Jean-Philippe Audinet, do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Ifad), não interessa aos novos investidores. Os planos destes, no geral, são bem claros: além de segurança, controle absoluto do meio produtivo e grandes margens de lucro. Para os habitantes locais, nada ou migalhas. Como se vê, o espírito colonialista do homem não desapareceu no século 20 – só havia entrado em estado de hibernação.

TRANSAÇÕES NEBULOSAS
Alguns dos negócios com terras acertados nos últimos anos
País cessor                      País investidor                         Terras cedidas  (em hectares)
Camboja                         Kuwait                                    130.000
Filipinas                          Bahrein                                   10.000
Filipinas                          Coreia do Sul                           94.000
Sudão                             Jordânia                                  25.000
Paquistão                        Emirados Árabes Unidos          324.000
Quênia                            Catar                                       40.000
Tanzânia                          Arábia Saudita                       500.000
Sudão                              Coreia do Sul                         690.000
Sudão                              Jordânia                                  25.000
Tanzânia                          Arábia Saudita                        500.000
Uganda                            Egito                                     840.000
Fontes: International Food Policy Research Institute (IFPRI), Der Spiegel
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

ENTRE A FARTURA E A MISÉRIA
O Sudão vive um estado de guerra civil há anos e é governado por um ditador condenado pelo Tribunal Penal Internacional, mas a instabilidade decorrente disso não assusta os investidores agrícolas. O maior país da África em área já negociou 1,5 milhão de hectares de terras férteis para a Coreia do Sul, o Egito e os Emirados Árabes Unidos por 99 anos. Enquanto isso, porém, o Sudão aparece como o maior recebedor mundial de ajuda internacional – 5,6 milhões de seus cidadãos dependem do envio de alimentos.
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O novo colonialismo: Terceiro mundo é vendido aos pedaços

GENEROSIDADE A PERDER DE VISTA
Negociações envolvendo um patrimônio tão importante quanto as terras férteis de um país deveriam, supostamente, estar cercadas de cuidados e precauções. Não é essa a aparência transmitida por declarações e atos de autoridades de alguns dos países que põem áreas de cultivo à disposição do mercado pós-crise alimentar de 2007/2008. Há alguns anos, o primeiro-ministro da Etiópia declarou que seu governo estava “ansioso” para oferecer acesso a centenas de milhares de terras agrícolas. Em meio a uma guerra com o Taleban, o Paquistão ofereceu milhares de hectares a xeques dos Emirados Árabes Unidos, prometendo aos interessados redução de impostos, isenção de leis trabalhistas e o envio de 100 mil membros de suas forças de segurança para proteger as propriedades de estrangeiros.
Em sua busca frenética por investidores, países africanos têm baixado os preços de suas terras em relação à concorrência, assinala Olivier De Schutter, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação. Segundo ele, alguns contratos que envolvem centenas de milhares de hectares de terra mal chegam a três páginas de extensão. Embora mencionem os produtos a serem cultivados, o local e o preço da compra ou arrendamento, tais acordos não tratam de nenhuma norma ambiental, de investimentos necessários em contrapartida ou da criação de empregos.

Fonte: Brasil 247

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Como é ser negro no Brasil, após 126 anos depois da escravidão?

Imagem: Reprodução


Beth Muniz
 
E como vive a imensa maioria dos negros?
*****
Janaína Jay Viegas, primeira pessoa negra da família materna e primeira branca da família do pai.
- O programa Caminhos da Reportagem exibirá novamente o episódio A Pele Negra, que recebeu Menção Honrosa na categoria Documentário de TV, no 36º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
O programa entrevista jovens de classe média e média alta, professores universitários, moradores da Rocinha e de Madureira (Zona Norte do Rio de Janeiro), para responder à pergunta: como é ser negro no Brasil?
“Eu já namorei com um rapaz que adorava ostentar o quanto eu sambo. Só que quando eu chegava em casa ele me dizia ‘você nem é tudo isso’ “, diz Manoela Gonçalves, mãe e estilista. Ela está na estatística do último censo do IBGE: as mulheres negras são as que menos se casam.
“Sou a primeira pessoa negra na família da minha mãe e a primeira branca da família do meu pai”, diz Janaína Jay Viegas, acostumada também a ser a única negra em escolas particulares.
O documentário apresenta pessoas que têm origem africana, pele clara, cabelo crespo e muitas dúvidas na hora de se declarar negras. Certeza mesmo têm os pesquisadores da Universidade de São Carlos (UFSCar) quando o tema é violência.
Os negros são as maiores vítimas da polícia militar em São Paulo, Rio e Minas.
As famílias de Amarildo Dias de Souza – levado pela PM da casa dele e desaparecido até hoje – e de Cláudia Silva Ferreira – morta e arrastada pelo carro da polícia, dizem que o preconceito não está só na cor da pele. Também está na condição de pobreza também.
 
Alexandre, viúvo de Cláudia – negro, pobre e favelado, é discriminado três vezes. Se for mulher, quatro.
 
Fonte: Travessia

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domingo, 12 de outubro de 2014

Pelo Direito de Ser Feliz Sozinho

Imagem: Reprodução



“Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho.” E assim diz o mestre Tom Jobim numa das músicas mais conhecidas e cantadas da Bossa Nova brasileira. Eu até concordaria com o pensamento se não houvesse uma única palavra nele que me chamasse atenção para um detalhe maior. Por que é impossível ser feliz sozinho?
Hoje em dia se fala muito sobre relacionamentos e sobre as variações deles. Amor, sexo, paixões de uma noite só e livros de cabeceira contando histórias e mais histórias sobre isso tudo. Parece que a gente vive preso a um ciclo que se resume a nascer, estudar, trabalhar para poder ter recursos a fim de conseguir um casamento e constituir família. E assim roda o ciclo de uma visão mais tradicional (e um tanto antiquada) sobre a necessidade de relacionamentos estáveis na vida de alguém. A pressão da sociedade e o julgamento vêm na forma das perguntas dos familiares sobre as namoradinhas ou das amigas sobre o casamento depois de certa idade. A falta do status de algum tipo de relacionamento estável (principalmente o status de “casado”) se confunde com a falta de pleno sucesso na vida pessoal de alguém. Olhares de reprovação chegam de todas as direções e se escondem nos comentários velados de “coitada, ela é tão inteligente, mas não casou até hoje” e “ele é um partidão, mas deve ter algum problema porque ninguém o quer”. 
Mesmo no contexto em que estamos de uma nossa revolução sexual, a visão arcaica da necessidade de uma vida a dois para se obter sucesso ainda se apresenta muito forte. Mas a tendência é que, no futuro, mais pessoas se tornarão solteiras bem sucedidas. A dedicação e o objetivo da vida de muitas dessas pessoas vai ser a carreira, o lazer, a cultura e todas as coisas que puderem aproveitar. É lógico que isso não exclui a possibilidade de relacionamentos, mas esse não vai ser mais o tal do “objetivo de vida” de alguém. Muita gente convive melhor com a solidão do que com outra pessoa. Solidão não é um problema, não é uma falta, muito menos uma causa patológica. Essa solidão que falo aqui é opcional e ressalta outras prioridades que surgem para milhares de pessoas que estão felizes e gostam de levar a vida desse jeito.
Então, eu deixo aqui um manifesto. Que ela possa ficar para titia e fazer dos sobrinhos os filhos que ela optou por não ter. Que ele possa ser um solteiro convicto que se dedica ao trabalho e se sente realizado assim. Que as namoradinhas das festas de família não precisem mais existir e que companhia seja opcional pra qualquer um. Que ela possa ir à festa do trabalho sozinho e se divertir com outras pessoas como ela. Que os presidentes não precisem de primeira-dama e que seja comum ser admirado por estar bem consigo mesmo. Que cessem as más impressões de que alguém é depressivo ou incompleto por estar sozinho. E que, mais do que nunca, a felicidade possa ser a única companhia necessária a alguém que optou por ela exclusivamente.


Para fins de direito de imagem, a foto usada no post não é de minha autoria e o autor não foi identificado.

Fonte:  Casal Sem Vergonha