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Imagem: Reprodução |
Vez por outra nos vemos com a alma atarantada. Ouvindo a canção de Erasmo
e Roberto Carlos, fiquei refletindo o quanto somos imaturos ao envelhecer. Quando
somos crianças podemos nos exceder, falar e agir de forma errada. Podemos errar
na medida do sentimento e tudo permanece na linha da beleza. Afinal, o papel da
criança é sempre ser uma ‘graça’. Assim fica razoavelmente fácil. Julgamos as
ações dos pequenos como se não compreendessem nada. Na realidade, quando
recobramos a memória infantil lembramos o quanto éramos conscientes na maioria
de nossas ações. Ao passo que nos desenvolvemos emocionalmente as coisas,
situações, parecem fazer todo o sentido. Exigem-nos maturidade. A questão é
que, retomando a canção de Erasmo e Roberto, regredimos, simbolicamente
falando. Ocorre aí um paradoxo. Os nossos problemas nos fazem ficar sérios e
aparentemente entendedores de tudo. Mas por dentro somos apenas crianças e não
entendemos absolutamente nada. Interessante como vez por outra a vida - às
vezes tenho a impressão que trato a vida como uma pessoa literal - nos leva de
volta ao passado com personagens diferentes. Como se tivéssemos sido um ser diferente
com cada indivíduo que cruzou nosso caminho. Aliás, somos diferentes para cada
pessoa. Fez-me recordar um poema lindo de Fernando Pessoa que diz que somos
aquilo com quem simpatizamos. Podemos ser uma pedra, uma ânsia, uma flor, uma
ideia abstrata, uma multidão, uma forma de compreender Deus. Simpatizamos com
tudo, vivemos tudo. Pessoa estava coberto de razão! De volta à personagem, os
impressionantes capítulos desse grande livro que fazemos parte ressuscitou um
ser que muito admirei, observei e convivi. Há muita verdade quando dizem que há
pessoas que podemos ficar um longo tempo sem ver que ainda assim perece ter se
despedido há minutos atrás. E exatamente do ponto de despedida consigo
compreender suas ações, mas não as voltas que sua história teve. Há uma
complexidade no desenrolar dos acontecimentos. E aí me mostro imaturo como a
criança para um adulto. Mas sempre fica a certeza de que as coisas irão
terminar bem. Afinal, fui treinado desde muito jovem para isso. De que serviram
os contos de fadas, aulas de literatura, livros de romance? Para crer que na
vida tudo acaba bem e tem uma explicação. E eu creio!
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