quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Fatiando o Tempo



Imagem: Autor Desconhecido



“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra adiante vai ser diferente…
.
… para você,
desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
.
Para você,
desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
.
Para você neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.
.
Gostaria de lhe
desejar tantas coisas
mas nada seria suficiente…
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada
minuto, rumo a sua felicidade!!!”
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

SIMON BLACKBURN:

Reprodução


 “Somos animais fracos quando estamos isolados; se fosse deixado sozinho em uma floresta, eu não sobreviveria por muito tempo. Todavia aprendemos a cooperar e a coordenar nossas atividades, e, como se sabe, isso tem sido assim desde o surgimento da espécie."
Blackburn, especialista em filosofia da mente, da linguagem e da psicologia, é um dos mais respeitados teóricos sobre essa ciência. Reconhecido por seus esforços em popularizar a filosofia, teve seus livros alçados ao status de best-sellers. Para ele, o homem construiu a sociedade e depende dela para viver, por isso aprendeu a cooperar. "Sou pessimista a respeito da possibilidade de cooperação global e creio que um dos grandes desafios do século 21 será o de ver se nós podemos implementar em um ambiente internacional estruturas que articulem o mesmo tipo de nicho social que indivíduos constroem para eles mesmos em suas interações uns com os outros”, aponta.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Distópicos e luditas


Link to alex castro


de repente, na rua, alguém fala comigo.
abro a boca para responder…
e a pessoa passa por mim como se eu fosse um fantasma:
estava apenas falando em seu fone bluetooth, totalmente imersa em seus próprios problemas, tratando a rua pública como se fosse uma esteira rolante por onde desliza fantasmagoricamente, sem estar realmente presente, enquanto resolve suas questões virtuais com pessoas virtuais através de uma tecnologia virtual.
errado sou eu de achar que a rua é um espaço público para interação concreta entre pessoas de carne e osso.

* * *

infelizmente, não aprendo. meus instintos ainda são totalmente antiquados, completamente século XIX:
sempre levanto os olhos otimista, achando que estão falando comigo, achando que estou prestes a embarcar em mais uma interação humana…
sempre abaixo os olhos cabisbaixo, sem conseguir reprimir uma inexplicável pontada de desamor e solidão.

* * *

outro dia, em copacabana, aconteceu de novo.
levantei os olhos para o moço, mas ele não estava falando comigo.
entretanto, pasmem!, conferi uma orelha, verifiquei a outra: nenhum fone!
era um maluco à moda antiga, falando sozinho pelas esquinas do bairro.
ninguém entende, mas aquilo me trouxe tanta esperança.

sábado, 27 de dezembro de 2014

As lições empíricas do amor

Reprodução

Ninguém nasce sabendo andar. Dizem que eu, sempre boa entusiasta da mansidão da vida, demorei pelo menos uns quinze meses para começar a cogitar a possiblidade de levantar minha bela bunda cheia de talco e Hipoglós dos aconchegantes colos que me embalavam tão maternalmente. Quando levantei, é claro que não foi lá essas coisas: faltava coordenação, faltava atenção, faltava concentração, faltava disposição. As pernas curtinhas não se entendiam muito bem. Não se movimentavam no mesmo ritmo. Acabavam, hora ou outra, sempre dando um jeito de derrubar aquele belo bebê bobo no chão. E quantos tombos. E quantos choros. E quantos risos. E quantos roxos.
Muitas quedas mais tarde, finalmente comecei a ensaiar passos mais ajustados, sincronizados, alinhados, bem treinados. Vez ou outra, a euforia e autoconfiança infantis obviamente ocasionavam alguns pequenos tropeços esbaforidos e às vezes até grandes e constrangedoras quedas disfarçadas pelos sorrisos de quem já não tem mais idade para cair. A verdade é que até hoje eu caio de vez em quando. Aprendi a rir das minhas quedas, mas é natural que algumas ainda causem dor. O importante é que agora eu ando. Corro se quiser. Pulo se quiser. Pulo numa perna só se quiser. Planto bananeira se quiser. Encosto o pé na cabeça, acredite se quiser.
E aprendi que com o amor também é assim. Aprendi empiricamente, usando aquele mesmíssimo método de quedas com o qual entendi as penosas lições do andar. Aprendi que como em quase tudo na vida, no amor, é a prática que leva à perfeição. Ou à imperfeição, já que é ela quem traz tamanha graciosidade a essa energia linda que chamamos de amor. Aprendi que não adianta você tentar amar certinho logo de cara. Tem que amar errado mesmo. Assim meio desajeitado. Assim desconcertado. É amando desse jeito esquisito que aos poucos você vai aprumando o passo. E o laço. E o compasso. E o abraço.
Dizem por aí que ninguém aprende nada com os erros alheios. E nesse caso isso tem peso dois, Meu Amor. Cada um tem seu jeito de amar. Por mais que você ouça os conselhos mais bem intencionados, leia as mais românticas histórias já inventadas, consuma todo o conteúdo desses blogs apaixonado ou ouça música sertaneja no último volume com um pote de sorvete nos braços , nada adianta se você não treinar. Entende de uma vez por todas: é amando que se aprende a amar.
Sempre tive raiva de gente mesquinha. Gente que economiza amor, então. Por estes guardo imenso rancor. Gente que diz que tem medo. Que ela(e) não merece. Que não vale a pena. Que não é a pessoa certa. Entende, Amado: não precisa ser. Treino é treino, jogo é jogo. Ama. Nem que seja só um aquecimento. Só uma pelada de final de semana. Só um gol a gol de quinze minutinhos. Mas ama. Quem ama mais, ama melhor. E você nem imagina como são felizes os bons amantes.
Não se torne menos amável após um desamor. O mundo precisa de gente disposta a amar. Compreende que amores passados são treino para os amores que estão por vir. Ria deles. Percebe que o amor não é bem finito. Você não precisa poupar. Ele se reproduz mais do que os lactobacilos vivos daquele iogurte estranho que você graciosamente insiste em tomar.
Então ama. Ama porque sempre vale a pena. Chama de amor mesmo. É curtinho. É bonito. É sonoro. Não precisa dar rótulo, nome, sobrenome, registrar nem reconhecer firma. Só ama. Uma hora, depois de tanto treinar, do mesmo jeito que você aprendeu a andar, vai aparecer aquela outra perna disposta a te acompanhar que caminha no mesmíssimo ritmo que a sua. Vocês vão cair, vão tropeçar, vão levantar. Vão se coordenar, vão se organizar, vão caminhar. Vocês vão se amar.


Sobre Eduarda Costa

Quando analisaram minha caligrafia, disseram que a letra não encosta na linha porque eu sonho demais. Aí eu contei que sou advogada mas desconfio de leis, acredito que o ser humano é movido a paixões, tenho fobia de gente com opinião formada, creio que Deus escreveu meu destino e que meus filhos crescerão em um mundo livre de intolerância. Só então eles perceberam que eu nem sonho tanto assim. A letra só não encosta na linha porque eu nunca gostei de barreiras mesmo. @dudancosta

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Pequenas delicadezas do amor

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"Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós." (Manoel de Barros)



As coisas incomensuráveis habitam as pequenas delicadezas do amor. Estão nas miudezas e nos gestos cotidianos dos quais nem nos damos conta; nos pequenos desejos, na mão pousada sobre ombros descansados, nas pontas dos dedos que deslizam na nuca amada, na pipoca dividida, nos abraços despretensiosos, na pia do banheiro ou nos beijos dados na cozinha vestida de louças de um almoço qualquer.
Estes pequenos gestos e abraços engolem o sexo mais indomado e o presente mais caro. Não que o sexo e o presente mais lindo não sejam bem-vindos, mas as pequenas delicadezas têm um poder incrível de sobreviver ao tempo. Sacanagens são deliciosamente prazerosas, mas a certeza da conversa a qualquer tempo é ainda mais reveladora e prazerosa, é ela quem nos afasta da solidão das multidões, que nos transmite certezas, se é que estas existem, de que as coisas seguem por um caminho quase perfeito.
O riso solto e sem protocolos conseguidos com o aumento da intimidade, sem os quais a gente murcha um pouco, está nestas pequenas delicadezas. São estas miudezas do amor que nos engrandecem e muitas vezes a gente sequer se dá conta disto. O amor é cheio de vocações desconhecidas e conexões profundas e delicadas. Pequenas delicadezas são na verdade a mais profunda forma de amor e que nos é revelada, também, em pequenas coisas.
Há momentos na vida em que ficamos por um triz, temos vontade de chorar, gritar, bater; do mesmo modo temos vontade de dividir alegrias, belezas, conquistas, mas quando vamos desmoronar queremos conosco ou do outro lado da linha, aquele que dividiu com a gente as pequenas delicadezas; é nesta pessoa que pensamos, é neste colo que queremos descansar. É naquela conexão profunda e delicada que mora o sossego dos nossos anseios.
Às vezes esta pessoa só precisa dizer um “alô” para o mundo ficar reconhecível outra vez. É que as coisas incomensuráveis da vida moram nas lembranças, gestos e amores gentis.


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Luciana Chardelli

Apaixonada por duas xícaras de café nublado em dias fortes..
Saiba como escrever na obvious.

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O que é a Liberdade


Sinto-me livre
De braços abertos
Antes incertos
Sempre discretos
Medos concretos

Sinto-me livre
Como um passarinho
Voando ou no ninho
Ignorando o espinho
Acompanhado e sozinho

O que é a liberdade?
É a felicidade?
Será a criatividade?
Ou talvez a amizade?
Não se sabe a verdade



 




 Fonte: Recantos Obscuros da Mente

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O AMOR EXIGE ELEGÂNCIA

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Fabrício Carpinejar


O que mais prezo na relação é a elegância.
A elegância de preservar os laços e manter os segredos da parceria.
Quando o casal se ama e se protege. E nenhum fica debochando um do outro pelas costas. Quando o casal se ama e se guarda. E nenhum fica criticando o outro pelas costas.
Os comentários têm a pontualidade da delicadeza, na frente de sua companhia, com o cuidado de assegurar a resposta no ato.
Não existem mentiras, muito menos indiscrições ou distorções para parecer engraçado. A intimidade nunca será maior do que oportunismo de uma piada. Prefere ser leal a ser cômico. A graça passa, a lealdade fica.
Se alguém comenta que sua mulher é frígida ou dá detalhes de sua anatomia, não merece respeito. Se alguém comenta o tamanho do instrumento de seu namorado não merece respeito.
São mentirosos, falsos, invejosos. Não perdem uma oportunidade para fazer intriga e desmerecer a fortuna da rotina.
Aqueles que não cuidam das palavras certamente desprezam os demais cuidados. Pois o sentimento está dentro da palavra.
Aqueles que confundem liberdade com falar sem pensar estarão machucando de propósito.
São algozes, torturadores, sádicos. Vulgarizam sua própria escolha.
O ideal é sentir o que se diz, o mesmo que pensar duas vezes.
Aqueles que acham que cumplicidade é descrever tudo aos amigos não conhecerão jamais a posteridade. Os amigos devem receber o melhor de nossos esforços, já que formam uma segunda família, que levará adiante a confiança naquele casamento.
Porque quem fala mal do namorado ou namorada em público não ama, está somente jogando.
Porque quem fala mal do namorado ou namorada em público não ama, está satisfazendo interesses imediatos. Com uma brincadeira, expõe a avareza do que pensa.
Porque quem fala mal do namorado ou namorada em público não ama, não suporta ser bem tratado.
Porque quem fala mal do namorado ou namorada em público não ama, está apenas inferiorizando seu par para se destacar.
Porque quem fala mal do namorado ou namorada em público não ama, deseja aparecer a todo custo.
Porque quem fala mal de seu namorado ou namorada em público não ama, está competindo para ver quem destrói primeiro o relacionamento.
O que diferencia uma qualquer de uma namorada é a elegância.
O que diferencia um qualquer de um namorado é a elegância.
Só no amor encontramos a elegância. Fora dele, seremos devorados pelas piranhas e engolidos pelos tubarões.


Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 4, 23/12/2014
Porto Alegre (RS), Edição N°18022

domingo, 21 de dezembro de 2014

Dos amores que perdemos nas esquinas


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Seus olhares se cruzaram inocente e despretenciosamente. Eles se conheceram sem dizer uma palavra. Abriram toda sua intimidade, necessidades, medos, aspirações, desejos ocultos. Perceberam que podiam se amar por toda a eternidade. O mundo parou literalmente. Que loucura! Nunca haviam se visto antes. O diálogo mudo durou pouco menos que um minuto, mas foi o suficiente para marcar aquelas almas. Mas o mundo externo os desconectaram rapidamente e um deles se foi sem se despedir, como se aquele momento fosse fruto da imaginação de uma das partes. E o mundo ‘real’ o fez esquecer aquela experiência, não permitiu correr atrás – nem que fosse apenas com os olhos – daquele possível eterno amor. Deixamos o amor passar diante dos nossos olhos, muitas vezes por distração. A distração pode atrasar nossa felicidade – e isso não é papo de um romântico incorrigível. Mas há quem diga o contrário. E vem a coincidência. Sim! A coincidência, pois não acredito no destino – somos autores de nossas histórias. Somos responsáveis por nossas escolhas. Voltando aos acontecimentos, seus olhos voltaram a se cruzar inesperadamente. E dessa vez eles se reconheceram e não sabiam de onde. E esse encontro foi a prova que precisavam, tinham tudo a ver um com outro. Como nada é de ‘mãos beijadas’, como dizem por aí, haviam barreiras. Foram monossilábicos, mas se renderam ao mesmo gosto musical, literário – exatamente como haviam se apresentado com os olhos anteriormente. Depois da distração, o maior destruidor de grandes histórias é o medo. O medo fez com que eles se esquivassem. Desistissem daquele encontro. E assim acabou o amor ao separarem seus corpos numa fatídica esquina. Ao contrário de suas mentes, que continuam de alguma forma conectadas aguardando que a coincidência lhe seja generosa e contribua para um próximo encontro. Aguardam um desfecho diferente, mas tudo indica que nunca mais se verão outra vez. É como digo, o amor está pelos ares das cidades, mas difícil é encontrá-lo meio a tanta poluição. Quando o encontrar ‘não o perca, não se perca’ – li isso em algum lugar a jamais esqueci. Mas os personagens do dia ainda não haviam lido isso. Cada vez que perdemos a oportunidade de ser recíproco a um amor permitimos que parte de nós se desfaça até não restar absolutamente nada.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Coisas de Fabíola...

O amor nos torna vulneráveis. E sentimos isso desde muito cedo, naquela sensação incômoda que as crianças têm quando descobrem que pai e mãe não são eternos. Daquele instante em diante, tudo muda. Ficamos vulneráveis ao afeto que recebemos e oferecemos; ao encantamento que vem e vai; à incerteza de querer e ser querido...

Fabíola Simões

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

As vezes eu me chamo para passear, e vou desfilando com a minha solidão por aí



Estar só não é para gente que transforma tudo em um dramalhão mexicano, e sim para quem sabe ver de ângulos diferentes, sem se sentir vítima do destino. Abaixo aos vínculos pela metade! Esteja inteiro nos momentos com você mesmo, se enfrentando sem medo, sem máscaras e Smartphones!


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Como ser capaz de lidar com a solidão em uma sociedade que é regida pelas aparências? E nesses 8748364 e muito mais de pessoas pelo mundo, muita gente prefere estar mal acompanhado para não aparentá-la, mesmo sem ganhar uma verdadeira companhia nessa dança de relacionamentos mimetizantes, que só servem para pessoas que querem se esconder de si mesmas, e fazem diversos malabarismos para manter relações que desafiam até a lei da gravidade. Inundados de amor líquido, estar só começa a ter conotação de fracasso, esquisitice ou problema, mas porque você não pode aparentar a solidão estando muito bem acompanhado? A partir daí começa aquele teatro: vida virtual, milhares de amigos, aquisições pessoais e nenhum significado. Aparecer sozinho em um lugar pode significar tanta coisa, isso vai falar mais do entendedor do que de você mesmo, por que não se permitir dar as mãos para você mesmo? O que eu falo aqui, longe de um egocentrismo idiota, é mais um gesto de ser uma boa companhia para si . Passe uns minutinhos ou horas exercitando o diálogo interno, crianças são especialistas nisso, e não é a toa que as vezes sentimos saudade daquelas épocas remotas. Como diz Clarice, a solidão tem lá sua plenitude: “ Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar, que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo”.

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Eu gosto de andar por aí, sem marcar data nem horário, um encontro casual e inesperado, caminhando livremente com o vento batendo em meus cabelos, seja acompanhada de uma boa música, ou ouvindo a música dos dias. Começo a lembrar de tudo que eu já vivi até aqui, os figurantes ganham a cena principal, e visualizo fantasiosamente todas as pessoas que já estiveram ao meu lado nessas andanças. Algumas eu quero que estejam mais vezes, outras me presentearam com questionamentos e me deixaram em dúvida, ou me deram certezas demais, e por fim um outro grupo das que eu prefiro correr para bem longe. Uma caminhada com você mesmo é sempre muito reveladora, os momentos de introspeção devem ser divertidos, qual é o sentido de fechar a cara e se isolar ao estarmos ao alcance dos olhos dos outros, estando acompanhados somente dos nossos? Como dizia Jung quem olha para fora sonha quem olha para dentro acorda, e ao meu ver o despertar precede muitos encontros de valor inestimável.
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Daqui em diante, eu só quero lembrar das boas companhias, que tem o dom de transformar horas em minutos, e para mim que sempre tive aversão a relógios e aquele tic- tac nervoso, esse fator está presente em todos os meus argumentos pró- existência. Que tal sentir o que te cerca, observando e se deixando observar sem medo, sem máscaras e sem precisar estar acompanhado? Vai sem medo! No começo é assustador mas depois o encontro vai ficando cada vez mais interessante, e você não precisa pagar a conta, o preço ainda não foi lançado no sistema.
E o que eu aprendendo nessas andanças? Só anda comigo quem se apaixonar pela minha solidão e vice-versa.

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Lia Holanda

Para que chegue ao nível da escrita é necessário me causar um incomodo,seja este positivo ou não..
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Relações maduras



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Observo muitas pessoas dizendo que o amor se prova pela distância e tempo. Acredito que não estejam erradas, mas há ressalvas. A distância, muitas vezes, não precisa ser literal, mas o tempo é fiel. Já o amor quando é verdadeiro vence mesmo barreiras. Soa piegas, mas não é mentira. Mas vai além do que muitos compreendem como ‘vitória’ no amor, se é que há alguma. Li em algum lutar que o amor não precisa ser disputado. Muitas relações são pautadas no amor e o fim também deveria. Quando se ama muito também é preciso dizer adeus. Observo que muitos se fazem mal insistindo numa relação fracassada, em que um já não é capaz de fazer o outro feliz. E o que é o amor, senão a associação com a felicidade? Quando me refiro a felicidade cito a plena, aquela que nos faz melhor por inteiro. E quando já não somos o suficiente é muito honesto reconhecer isso. Reconhecer que não seremos o suficiente para as expectativas criadas e que o outro merece muito mais que as ‘migalhas’ que estamos dispostos a dar, que o outro precisa viver uma felicidade que não podemos dar. Aprendemos com o tempo que uma relação não é uma soma de metades, e sim de inteiros para ser completo. E quando não somos completos não podemos nos doar e equilibrar a equação. E passamos a fornecer ao outro ‘migalhas’, pequenas porções – amostras – de nossos afetos e atenção, sendo que todos merecemos um banquete. Não seria egoísta manter quem dizemos que amamos numa dieta emocional desnecessária? Maturidade emocional é permitir que seu amor seja feliz de verdade, mesmo com outra pessoa. Essa é uma forma de zelar, cuidar, do seu amor à distância. Precisamos repensar as relações. Amadurecer. Abrir mão é a maior prova de nosso despreendimento do ego. A maior maneira de demonstrar que nos importamos com o outro. Essa decisão nos causa muita dor. Uma dor necessária. Saudade é consequência.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Do Amor



"Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se a si mesmo como o gato"
( Artur da Távola )


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Há muitos anos atrás, muitos mesmo, quando era praticamente uma adolescente, li, "Do amor, Ensaio de Enigma", sensível livro do saudoso Artur da Távola. Há semanas atrás após a crônica “Quem Nunca Sentiu Saudade?”que escrevi para a página Acidez crônica, recebi uma mensagem delicada que citava o trecho “da perda” deste livro "Do Amor".
Fui, então, reler alguns trechos do meu livro já amarelado pelo tempo, sublinhado pelas descobertas de uma adolescente, hoje, revisitado por estas retinas vividas, achei engraçado alguns trechos sublinhados, quase premonitórios e, enfim, pude concluir: o amor é realmente um enigma.
Pus-me a pensar no amor, esquecendo-me completamente do purismo da língua, das observações analíticas: pensei no amor do dia a dia, o amor desabafado e desabado nos ombros amigos; pensei nos amores de bar e nos amores média, pão e manteiga com olhares perdidos e esperanças matinais.
Ponderei sobre amores que nem sempre são amores, mas que pelo tempo que estiverem trajados de amor serão intermináveis. Pensei nos amores absolutamente apaixonados que visitam camas e muros; nos amores complicados tal qual nó de aselha, cegos em sua existência, e por fim, pensei naquele amor que de tanto ser amor torna-se enigma, aquele amor fecundo em todos os tempos, que será sempre amor mesmo depois de findo.
Este amor é silencioso, sobrevive à própria morte, posto que renasce nas lembranças e em frases de carinho. É amor de travesseiro, não importa o novo amor, muito menos com quem você se deite, haverá de haver um boa noite distante.
Quando eu era jovem discordava da afirmativa de Nelson Rodrigues: “Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor”. Entendia que o amor necessitava de presença, toque, sexo, beijos. Hoje minhas retinas refletidas e vividas, permitem-me compreender: Há o amor de querer bem, não importa o fim, segue-se, sim, amando.


Luciana Chardelli

Apaixonada por duas xícaras de café nublado em dias fortes..
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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DIÁRIO (QUASE) SECRETO DE UMA (SUB) GERENTE (DE VENDAS)

    por Vinícius Piedade
 
     Tá um clima estranho nesse lugar. É um tal de entrevista com novos vendedores pra cá, entrevista com novas secretárias pra lá. Eu acho que vai rolar um corte geral. Até eu que sou a sub gerente de vendas vou pra rua. Falei isso pra Marlene do financeiro e pra Tácia do RH. Acho que vai rolar uma reestruturação em toda firma. Mas ninguém fala nada. Fica esse clima de suspense que é pior que filme ruim americano ruim de suspense ruim. Olha o silêncio. Olha só esse silêncio. Olha só esse silêncio! Não é normal. Cabeças vão cair. E espero que não a minha. Porque se a minha cabeça cair, vou botar a boca no mundo. Sei de coisas dessa empresa que olha... Vai sair até no jornal. Nacional. Vai ter polêmica. Porque você dedica um tempo enorme da vida a empresa e na primeira oportunidade eles acabam contigo. Não comigo. Comigo não. Não comigo. Veio uma vendedora fazer entrevista toda cheia de nove horas. Dizendo que sabia falar até alemão. Parabéns pra ela. Falei isso pra ela. E ela com aquela cara de bosta. Falei, parabéns. Cante parabéns a você em alemão. Falei pra ela. E ela com aquela cara de tacho. Cara de bosta. Filha da puta. Acho que ela achou que seria minha colega de trabalho, mas eu sinto que é para meu lugar que estão entrevistando outras pessoas. Querem outra sub gerente. E eu ainda tenho que recebê-las. Dar café. No cú que vou dar café. Não dou nem conversa. Trato mal mesmo. Pra cima de mim? Se tem uma coisa que não sou é idiota. Outro dia mesmo o gerente de vendas veio reclamar com o gerente de marketing que disse que o gerente de RH comentou com o gerente do financeiro que uma candidata que foi indicada pelo gerente geral reclamou do meu atendimento em inglês. Quando eu fiquei sabendo, fiz de tudo pra descobrir quem era essa fulana e quando descobri liguei pra ela e disse, veja se o meu inglês é bom: son of a bitch.

(trecho do novo texto DIÁRIO (QUASE) SECRETO DE UMA (SUB) GERENTE (DE VENDAS) estreia prevista para 2015).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sonhando com um amor que não existe

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Talvez eu não mereça amar. Mas todos merecem. Dizem por aí. Então talvez eu não saiba amar. Mas todos já nascem sabendo. Dizem por lá. Já sei, então talvez eu não saiba descobrir o amor entre as paixões que me passam sorrindo. É isso. Sorrisos lindos já me deram bom dia, mas, nem sempre dei oportunidade deles me darem boa noite. Talvez por medo, receio de um amanhã farto de mais do mesmo, ou por achar que, por mais gostoso que esteja, ainda falte algo. Mas será que falta?
Minha vida é ilusão e filme. Choro e riso. Medo e vontade. Dúvida e sonho. Confesso que volta e meia me perco em amores que não existem. A vida nos guia, as concessões são necessárias, o dia a dia cria os amores e desafetos, as perfeições são utopia, todos sabem, mas, hoje, é exatamente isso que eu quero: sonhar com um amor que não existe.
Diferente de idealizar, sonhar é gostoso e saudável. Qual seria a graça da minha infância se eu não sonhasse em ser astronauta, ou, se eu não pudesse lutar contra os dragões de duas cabeças que insistiam em querer roubar meu sucrilhos? Sonhos não geram frustrações, expectativas geram frustrações.
Deixar o coração descontrolado é uma delícia! Mas, procurar o amor é, vezes, procurar a dor. A dor e o amor se escondem num baú de sentimentos, um ao ladinho do outro. E quando vamos apanha-los não sabemos o que estamos tateando. Pois, nesse baú de sentimentos, as escolhas só podem ser feitas de olhos fechados. Os sentimentos não permitem que sejam vistos e escolhidos pelo crivo do olhar, mas somente pelo sentir do coração. A surpresa é eterna, mas que tenhamos sorte nas escolhas. Independentemente do que agarrarmos, espero que os amores façam sorriso das dores, e as dores façam querermos amar mais. Por mais difícil que seja.
Hoje, pra mim, o amor dói. Já amanhã, espero que seja somente uma dor que passou, um sorriso que ficou e um beijo que insiste em me acordar.




Sobre Frederico Elboni

Pode me chamar de Fred. Chato e ranzinza por opção. Apaixonado pelo comportamento humano e suas facetas. Autor roteirista do Amor & Sexo da Globo. Apaixonado pelos conhecimentos empíricos da vida, sushi e nhá benta. Acredito fidedignamente na teoria que os sorrisos podem curar qualquer coisa. Agora, deixe-se envolver pelo blog e pare de olhar a minha cara de mamão. Ah, e autor do livro "Um sorriso ou dois"

domingo, 14 de dezembro de 2014

Chato

O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,chato-imp-,1606804http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,chato-imp-,1606804
por FÁBIO PORCHAT - O Estado de S.Paulo
 
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As pessoas estão muito chatas. Quando eu digo "as pessoas", eu quero dizer, eu, você, todo mundo. E quando eu falo todo mundo, eu quero dizer todo o mundo mesmo. Os brasileiros, os americanos, os chineses, os árabes, os suecos... Todo mundo só reclama. De tudo. Nada é bom. E quando é, sempre tem alguém pra dizer que não é bem assim.

A última coisa que me surpreendeu, aconteceu com o Gregório Duvivier. Ele foi capa da revista Trip (junto com duas outras mulheres. Foram três capas diferentes), defendendo o aborto. O que eu imaginei? Muita gente vai cair de pau nele porque é contra o aborto, esse é um assunto polêmico e tal. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que algumas mulheres a favor do aborto também criticaram a atitude do Greg. Alegaram que ele tirou o espaço de uma mulher poder defender essa causa. Pera aí.

Chegamos a um ponto em que até quem concorda com você discorda de você? Aí, fica realmente muito difícil. Me dá a impressão de que as pessoas só estão querendo reclamar. De qualquer coisa. Como aquelas idosas de cidade do interior que não têm assunto e começam a falar mal de todo mundo pra puxar papo.

Acho que as pessoas precisam de alguém que lhes diga: olha, não precisa falar mal não, tá? Tá permitido a sua opinião ser boa.

Aqui, nessa coluna, aconteceram algumas vezes comigo coisas bem curiosas. Uma vez, escrevi falando de como eu gostei do Acre e de como as pessoas de lá são simpáticas. Recebi algumas críticas de gente reclamando da minha atitude. Meu Deus, como assim? Falar bem agora é errado? Falei aqui também que a Copa ia dar certo, fui massacrado por pessoas que queriam que desse tudo errado.

Falei que viajar pelo Brasil era o máximo, mais uma vez fui execrado por vários, me dizendo que eu era um babaca de impedir que pessoas viajassem para o exterior. Quê? O que está acontecendo? As pessoas, em prol do descer o cacete, estão, ainda por cima, distorcendo as coisas, querendo ver um jeito possível de encaixar a sua opinião negativa? Em que momento meter o pau virou sinônimo de ser legal?

Claro que todos têm o direito de falar o que bem entender, aliás, ainda bem. Mas isso não significa que você tenha que ser do contra de algum jeito em algum assunto. Pare pra pensar e repare que você também é chato. Olhe eu, por exemplo, estou reclamando desde que começou o texto. E ainda tô te chamando de chato. Não consegui escapar de mim mesmo. Deixa eu ir embora que amanhã é segunda e... Melhor não falar mais nada.

Fonte: Estadão

sábado, 13 de dezembro de 2014

Por que repetimos os mesmos erros



J. D. Nasio, psicanalista francês, explica em detalhes por que tantas vezes agimos contra nós mesmos no nosso dia a dia.


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Experimentos científicos comprovam: emoções e pensamentos viciam tanto quanto as drogas.

“A heroína utiliza os mesmos receptores nas células que as nossas emoções usam. É fácil constatarmos que se nos viciamos em heroína, podemos nos viciar em qualquer peptídeo neural. Em qualquer emoção”. (fonte)

Nossa mente tem uma capacidade incrível de nos manter presos a comportamentos e emoções que não nos servem mais.

Sem perceber, fazemos a manutenção de nossas tralhas emocionais, dia após dia, através da repetição. 
A repetição de certos padrões - como por exemplo escolher sempre pessoas erradas para se relacionar – tem como objetivo nos manter no campo “do conhecido” e ratificar nossa personalidade, além, claro, de atualizar traumas inconscientes.

Nas palavras de J. D. Nasio, psicanalista francês e autor do livro “Por que repetimos os mesmos erros”:

“De tanto repetir, confirmo que sou o mesmo de ontem e hoje. Numa frase, Repito, logo sou. Qual é, por conseguinte, a finalidade da repetição? Na realidade a repetição tem uma finalidade anterior exterior a si própria que ela buscaria alcançar. Essencialmente ela é uma tendência que não tem outro fim a não ser permanecer sempre uma força que avança e nos arrasta para nos tornamos mais nós mesmos. A repetição tem a finalidade de produzir três efeitos importantes sobre nós: preservar nossa unidade de indivíduo, desenvolver ao máximo nossas potencialidades e consolidar o sentimento de que somos o mesmo ontem e hoje”.

Apesar de o título do livro remeter a obras de autoajuda, e de o próprio autor demonstrar esforços para utilizar uma linguagem acessível, “Por que repetimos os mesmos erros” ( Ed. Zahar) não é uma leitura fácil para quem não tem intimidade com a psicanálise, especialmente a lacaniana. Trata-se de um livro que explica o processo inconsciente da repetição e analisa sua função psíquica através da abordagem psicanalítica. Conceitos como “retorno do recalcado”, significado, significante, gozo, pulsão de vida e pulsão de morte são recorrentes nas 117 páginas da obra.

“A causa da repetição compulsiva do gozo resume-se a três vocábulos: defeito de simbolização. ‘O que foi excluído do simbólico’, formulava Lacan, ‘reaparece no real’. Parafraseando-o, enuncio: o gozo excluído do simbólico reaparece compulsivamente no real de uma ação descontrolada. Sim, é a não simbolização do gozo, isto é, sua foraclusão, sua não representação consciente e, por consequência, sua não integração no eu da criança que está na origem de sua obsessão em se repetir”.

Para a psicanálise, a única forma de romper com ciclos viciosos de repetição (e consequentemente de compulsão) é através da investigação e acesso ao “trauma ou fantasia original”. Porém, outras escolas da psicologia, bem como algumas filosofias orientais, nos apontam outros caminhos possíveis para frear as repetições.

A Gestalt e a Cognitivo Comportamental, por exemplo, nos ensinam que muitas vezes, ao mudarmos um comportamento externo, conseguimos provocar mudanças internas.

Já algumas filosofias orientais sugerem que ao meditar nos conectamos com o presente e impedimos nossa mente de vagar em dois tempos que não existem: o passado (origem da repetição) e o futuro (necessidade de manutenção da repetição).

Para Patañjali, pai do Yôga (150 d.C), só há uma maneira de aniquilar pensamentos, sentimentos e comportamentos nocivos: substituindo-os por outros diametralmente opostos.

A mente precisa de treino. É preciso ensiná-la o que queremos. E muitas vezes só conseguimos isso através da mudança de comportamento.

Não consegue parar de se relacionar com pessoas erradas? Mude a alimentação! Ao perceber que conseguiu mudar algo relevante, a mente, aos poucos, vai se tornando preparada para mudanças maiores. Não consegue parar de pensar em problemas? Resolva os menores, como consertar a torneira do banheiro emperrada há séculos.

Se as práticas ou filosofias orientais são mais eficazes que a psicanálise - e demais escolas da psicologia - no processo de ruptura de um ciclo de repetição, não sei. Mas que elas garantem autoconfiança, equilíbrio, bem estar e qualidade de vida, é fato.

Talvez o melhor caminho para quem não consegue se livrar das compulsões emocionais seja associar ambas as práticas.

Seja como for, uma coisa é certa: para atingir resultados diferentes é preciso atitudes (comportamentos) diferentes. É aquilo: “continue fazendo o que sempre fez que você chegará aonde está”...


Mônica Montone

Mônica Montone é escritora, autora dos livros Mulher de minutos, Sexo, champanhe e tchau e A louca do castelo. .
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