domingo, 29 de março de 2015

Amar não é sofrer




Definitivamente, não nascemos para viver um amor sereno, linear – não desejo generalizar, mas muitos de nós temos que reconhecer isso. Gosto de dizer que somos protagonistas de nossas histórias, e somos. Estamos habituados a acompanhar folhetins, séries e filmes em que o protagonista sofre por seu grande amor durante toda a história e só é feliz no final, um momento breve que dá a entender que é eterno, mas não acompanhamos. Afinal, estamos condicionados, o fim é o fim e pronto. Talvez pensemos assim a respeito de nossos amores. ‘Os conflitos deixam a chama da paixão acesa’, é o que muitos defendem. O momento de paz não é válido, é preciso lutar – se engalfinhar – por amor. Grande bobagem! Quantos amigos/as já disseram que terminaram a relação porque ela/e era perfeito demais, quase não brigavam. Como se compreender o outro fosse um defeito devastador. Na adolescência esse pensamento perecia ser mais latente. Ouvíamos Paulo Ricardo, Renato Russo e outros, imaginávamos, e vivíamos, histórias melodramáticas, mas o amor foi muito mais leve para quem amadureceu a tempo. Sorte e competência deles. As histórias leves e equilibradas tem seu valor, temos que saber valorizá-las. Viver um excelente e sereno amor não pode estar condicionado apenas ao fim do folhetim que protagonizamos. O amor não precisa ser turbulento e tumultuado. O amor pode, será e é uma brisa a quem valoriza.

segunda-feira, 16 de março de 2015

O amor não pede curtidas



por Fellipo Rocha 
De que vale um status de relacionamento com cem curtidas, se os beijos não duram sequer um minuto? De que servem dezenas de declarações públicas quando o que realmente importa é resolvido em modo privado? Qual o sentido em ostentar fotos de casal quando, ao menor sinal de estremecimento, elas são simplesmente deletadas?
A internet, como facilitadora que é, se apresenta como um verdadeiro alento para pessoas que se querem bem e que se encontram fisicamente distantes, porém, ela jamais pode ser um pretexto para a falta de abraços na vida de quem tem essa possibilidade. Quando o assunto é toque, o touchscreen leva desvantagem. Amor pede olho no olho; chamadas de vídeo e mensagens de texto tendem a favorecer os covardes, pois, sempre haverá a desculpa de uma conexão ruim.
Paixão pede platéia, amor pede cumplicidade.
Quando estamos apaixonados, desejamos que o mundo assista de camarote a nossa felicidade, mas, quando tornamos públicos os nossos romances, tornamos públicas também as expectativas em torno deles. Aí mora o meu questionamento: em tempos de exposição total, quão interessante pode ser um amor confidencial, longe dos holofotes, do mal olhado e da dor de cotovelo de quem é – infelizmente – mal amado?
Admito que sou um entusiasta das relações virtuais. Conheci – e continuo conhecendo – pessoas fantásticas através das redes sociais, pessoas que tornam-se, muitas vezes, inesquecíveis. Já expus alguns dos meus relacionamentos também e, quem sou eu para dizer que não o farei novamente, um dia. Este texto não é nem de longe uma condenação, mas uma pequena reflexão acerca dos desgastes que a uma exposição desse porte pode acarretar a uma relação amorosa, entretanto, somente o casal em questão é capaz de tomar essa decisão.
Espero que os romances sejam lindos e duradouros, com ou sem um status de relacionamento nas redes sociais.

domingo, 15 de março de 2015

As crianças encaram a deficiência assim. E você?


Uma coisa é certa: a maldade e o preconceito estão nos olhos de quem vê.
No vídeo produzido pela ONG francesa Noémi Association, você vai se espantar e se encantar como as crianças enxergam a deficiência física.
Na experiência, país e filhos são convidados a ver um vídeo com pessoas a fazer caretas. A tarefa é imitar todas as caretas que são feitas na tela. No final, aparece uma garota com necessidades especiais e a reação é surpreendente.



Fonte: Vídeos do dia

sábado, 14 de março de 2015

Um brinde a sociedade corrupta que reclama da corrupção



Quando a população se sente uma vítima inocente da corrupção e descaso egoísta, e ignora sua colaboração direta para a proliferação dos mesmos. Ninguém é inocente. E os políticos são um reflexo da sociedade que eles representam.


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O assunto político tem tomado grandes proporções ultimamente. As mídias sociais estão repletas de revoltas contra os políticos em geral e afirmações extremas sobre os mesmos, o ódio contra a corrupção que afeta a população é mais do que aceitável, é necessário. As páginas no facebook pedindo impeachment (mesmo que escrito errado) da presidente e esbravejando contra a corrupção dos poderosos ganham milhares e milhares de seguidores todos os dias e defensores mais que calorosos. Pessoas que votaram em um candidato se sentem superiores e adoram gritar aos quatro ventos que não colaboraram com o caos regrado à corrupção que temos vivido atualmente. Será?
Quando nos perguntamos o porquê de ser praticamente impossível encontrar um candidato com a ficha limpa bem posicionado no Brasil, dificilmente obtemos respostas. O problema em geral está na população. É isso aí, somos nós mesmos, que não apenas tememos o desconhecido como colaboramos diretamente para a corrupção geral.
Sabe aquele dinheiro que você, mesmo vendo o rapaz derrubar, botou no bolso correndo antes que ele percebesse que caiu? Aquele dinheiro que, ao dar o troco, o atendente do supermercado te passou sobrando e você manteve silêncio e se sentiu satisfeito, sortudo? Àquele produto que você comprou baratinho mesmo desconfiando que era roubado, àquela prestação que você espera “caducar” no sistema de proteção de crédito e não pretende pagar nunca? E aquele dia que você fingiu estar dormindo no banco colorido do ônibus para não precisar ceder o lugar para a gestante ou o idoso que entrou? Você entrou pelas portas traseiras do ônibus se sentindo o maioral e ainda é cheio de desculpas? Pois é. Sabia que os políticos corruptos também inventam um monte de desculpas para justificar seus atos? Você é tão corrupto e egoísta quanto os odiosos políticos que você acusa com tanto ardor.

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                                                http://elisefernandamello.pbworks.com/f/%C3%94nibus.jpg

Você sai por ai, esbravejando contra todos e se sentindo vítima da corrupção que você mesmo alimenta, mas está sempre tentando levar vantagem em tudo. A diferença entre você e os nossos políticos é que você tem menos poder. Do contrário, seria mais um se divertindo com o dinheiro público. Se você aproveita todas as oportunidades, mesmo que incorretas, para se dar bem nas situações, comece a pensar em suas atitudes antes de sair acusando por aí. Vamos aprimorar nosso próprio caráter para garantir melhores pessoas no poder futuramente, a começar por nós mesmos?
Obrigada.



Jannine Dias

Designer gráfico obcecada por detalhes, devoradora de livros, tiete de objetos antigos, cinéfila de terror e apaixonada por qualquer indício de passado regrado à chá e chocolate..
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sexta-feira, 13 de março de 2015

AMOR E TORTURA


Fabrício Carpinejar

Reprodução


Há uma diferença na relação entre amar e torturar e muitos se confundem.
Amar é ficar satisfeito com a presença. Torturar é ser insaciável.
Amar é sempre dizer que já tem o suficiente. Torturar é sempre pedir mais e chamar atenção para aquilo que não recebeu.
Amar é conter o ciúme. Torturar é não deixar sair.
Amar é sentir saudade e fazer declarações. Torturar é não mandar notícias.
Amar é assumir a responsabilidade. Torturar é culpar.
Amar é festejar a simplicidade. Torturar é complicar a conversa.
Amar é recordar os momentos felizes. Torturar é lembrar as discussões.
Amar é evidenciar as qualidades de nossa companhia. Torturar é censurar os defeitos.
Amar é acalmar. Torturar é implicar.
Amar é fazer tudo para dar certo, torturar é fazer tudo para dar errado e ainda dizer que avisou do pior.
Quem ama quer ser melhor para o outro. Quem tortura quer ser melhor do que o outro.

Ouça o comentário, na Rádio Gaúcha, programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo e Jocimar Farina.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pesquisa comprova que ofensas na infância refletem na personalidade

Reprodução



A "Lei da Palmada" pune humilhações e ameaças feitas a uma criança. Apesar do que sugere o nome pelo qual a lei ficou conhecida, as agressões verbais são um problema tão grave quando as físicas. Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) constataram a relação entre palavras ofensivas e de negligência emocional na infância e a personalidade do adulto, como mostra reportagem do Fantástico (confira no vídeo).
Para fazer o estudo, os psiquiatras criaram uma página na internet, na qual o entrevistado faz um cadastro anônimo e responde a perguntas sobre suas experiências de vida. Em troca, recebe um perfil de personalidade. Os pesquisadores usam as informações para comparar os relatos de maus tratos físicos e emocionais na infância com as características atuais do temperamento de quem preencheu o cadastro.
Lembranças de ofensas reduzem em até 30% a autoestima e o otimismo, e aumentam em 20% a impulsividade. "O pior tipo de trauma que uma criança pode passar é o abuso emocional. Ofensas, humilhações e hostilidade verbal. Porque, eu diria assim, a dor do coração não passa", explica o psiquiatra Diogo Lara, coordenador da pesquisa.
O estudo apontou que 60% dos brasileiros já sofreram abuso emocional. A psiquiatra Cláudia Szobot, terapeuta do Instituto da Família, confirma que, em muitas famílias, os adultos repetem com os filhos as agressões verbais que viveram na infância.
"Aquelas figuras cuidadoras de amor, que deveriam ser cuidadoras, deram para ela essa mensagem, que está bem xingar, que pode ser estúpido, que pode desqualificar o outro e muitas vezes a criança cresce achando que isso é normal, que é assim mesmo", diz a psiquiatra.
Cláudia sugere o que um pai pode fazer quando constatar o erro. "Ele pode pedir desculpas para a criança, [falar] que ele não quis dizer aquilo, ele estava fora de si. Isso também mostra para criança a humildade, que as pessoas podem errar", aconselha Diogo.
Talvez eu possa desculpar, mas que infelizmente eu não vou esquecer"
Insultos na infância
Aos 35 anos, um homem que não quis se identificar afirma que ainda sofre com o que ouvia na casa do pai, que hoje, depois de uma terapia familiar, reconhece o erro. "Eu diria que talvez eu possa desculpar, mas que infelizmente eu não vou esquecer", diz.
O pai reconhece o erro. "Eram agressões no sentido de humilhar e ofender e diminuir ele", lembra.
Já o filho recorda com detalhes. "Chamou-me várias vezes alegando peculiaridades físicas, me chamou de podridão. Ele era muito maior do que eu fisicamente, então não me sobrava muito essa alternativa, senão me resignar", lamentou.
Uma menina, que também não quis se identificar, relata ter sido insultada pela mãe. "Ela me chamava de prostituta, falava que eu não prestava, que eu tinha que morrer, porque ela não me aguentava mais", conta. "Eu sofria muito quando ela me falava tudo isso, e eu me sentia muito pra baixo", acrescenta.
Quando a menina tinha 14 anos, a Justiça tirou a guarda da família biológica. Ela foi adotada e, quando tinha a atenção chamada, percebia a diferença entre os tratamentos que recebia. "Eles sentam comigo e conversam e falam: ‘Isso está errado. Então vamos tentar mudar isso", responde.


http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/03/pesquisa-comprova-que-ofensas-na-infancia-refletem-na-personalidade.html ​​

quarta-feira, 11 de março de 2015

Afinal, somos produtos ou pessoas?



Ando questionando os valores perdidos, talvez alguns nunca encontrados, de uma sociedade que caminha a passos lentos para fazer de seus membros um pouco mais... humanos.


Turismo-de-consumo.jpg

Desde muitos e muitos anos atrás, o homem cortejava a mulher escolhida, aquela que mais lhe chamava a atenção e ela, sendo recatada, devia esperar por seu homem. Claro, existiu também o tal do casamento formado, em que não se podia escolher seu par. Mas a mulher e/ou o homem também eram objetos de escolha, mesmo que fosse pela família. As pessoas, na maioria das vezes, assumem esse papel, inconscientemente.
Remetendo aos dias atuais em que podemos ver que a mulher conseguiu seu espaço, não inteiro, mas uma parcela um tanto quanto significativa. As mulheres continuam sendo escolhidas, como se fossem produtos em uma prateleira, qual é a mais bem vestida, mais bonita, tem o corpo mais magro, que tem o cabelo mais bonito e hidratado, as unhas impecáveis e tantas outras coisas, que vez ou outra me dá aos nervos.
Claro que também possuem homens desse tipo, que criam competições imaginárias entre si. Quem possui mais dinheiro, o melhor carro, os músculos mais definidos. O que no final só atrai pessoas também superficiais que mantêm sentimentos superficiais.
Então, qual é, viramos mercadoria barata? 

artista Amjad Rasmi evolução virando código de barra.jpg

Desculpe, não posso generalizar. Vejo também lindas exceções, mulheres que conseguem mostrar ao mundo que o seu papel é muito maior do que se pode imaginar e deduzir, elas não se importam de sair na rua com o cabelo mal penteado ou com a primeira roupa que encontra no armário de vez em quando, saem determinadas, fazem o que querem fazer sem ter que precisar passar por cima dos outros, ousadas, inteligentes, imperfeitas, que se assumem como tal e se viram sozinhas, sem precisar sustentar relações pobres. Assim também, como há homens dedicados, determinados, respeitosos, com valores. Pessoas que se encontram e acabam por encontrar o outro. Pessoas que não escolhem pela marca, pela embalagem, pelo selo de garantia, mas pelo conteúdo, pelo espírito, pelo coração.
Infelizmente, desde que o mundo é mundo, o status social representou grande parcela daquilo que somos e assim deixamos de ser um pouco o que queremos, pra sermos o que o mundo quer. Praticamente máquinas. Com sentimentos manipulados pelas propagandas da TV, por ideias implantadas pelos interesses de quem está no poder e assim quer continuar.
É tão bonito ver o artista fazer a arte pra si, para o mundo, o seu e o dos outros, com tamanha simplicidade que chega a ser ousado. É tão bonito ver aquelas pessoas que deixam seus celulares para estar na vida, com os amigos, com a família. É bonito ver pessoas fora de moda, fora dos padrões, pessoas excêntricas, esquisitas, especiais. Que descartam opiniões que não servirão para crescimento. Que acreditam no amor, não esse tipo de amor atual efêmero, mas aquele que cuida, que está presente independente dos quilômetros, que transcende o nosso ser, amor genuíno. É tão bonito ver pequenas gentilezas, em um mundo hostil que só consegue enxergar o próprio umbigo.
Como diria Gandhi: "Seja a mudança que quer ver no mundo". Ou Tolstoi: "Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo." Até mesmo: "Ontem eu era inteligente, queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, estou mudando a mim mesmo."
Frases assim, nos fazem querer mudanças. Tentar enxergar os nossos mundos mais profundamente e encontrar o que nos falta e o que é descartável. Mas mudar não é só trocar os pensamentos, é agir, é ser. Aquele que vê uma briga e não faz nada, também está tomando uma atitude. Pensar é diferente de agir, eu sei, você sabe, a teoria sempre foi mais fácil do que a prática.
Nós nunca precisamos de muito, do tanto que a mídia exibe que precisamos. Na verdade o muito acaba se tornando pouco, muitas vezes. A questão não é ter o melhor de tudo, mas é valorizar o que você tem, é ser o melhor que pode ser, não querer ser o melhor de todos, a vida não é uma competição, nós não devemos ser inimigos uns dos outros, devemos juntar forças, devemos nos ajudar. O mundo exige união, mas só cria situações de discórdia.
Comece com pequenas coisas, simples, quase imperceptíveis, depois alcance as grandes, transforme o seu mundo. Ser é diferente de ter. No fim o que fica é o que a gente foi, não o que a gente teve. Um coração cheio ou vazio. Uma alma pequena ou grande.
Se abra para o mundo, aceite que talvez o seu nariz não é tão bonito mesmo, mas os seus olhos podem ser deslumbrantes. Aceite que talvez você não tenha uma mansão, mas tem um lar cheio de amor e acolhimento. Aceite que a sua vida não é como os comerciais de TV. Aquilo nem existe. Se aceite e aceite o outro que está do seu lado. Viva a sua vida, não a vida que dizem por aí nos outdoors.
Nós podemos ser mais, mas temos a péssima mania alienada de acharmos que somos menos.



Nathália Moura

Curiosa nata, quer conhecer saturno, escrever um livro e fazer um café decente.
Saiba como escrever na obvious.

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terça-feira, 10 de março de 2015

MORS-AMOR


Antero Tarquínio de Quental

Ponta Delgada, Portugal, 18/04/1842
   Ponta Delgada, Portugal, 11/09/1891



Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

segunda-feira, 9 de março de 2015

A hora e a vez dos Direitos Humanos em Minas Gerais


É possível que, muito mais apaixonado do que “sóbrio”, me posicione no sentido de apostar na radicalização das práticas pedagógicas, ultrapassando largamente a mera presença dos DH em livros e cartilhas. A meu ver, é imprescindível, no campo dos Direitos Humanos, e na educação, de modo geral, a radicalização das práticas democráticas.

Por Fábio Chagas 


A configuração político-ideológica do Congresso Nacional e a vigência de programas televisivos descompromissados com a democracia e os Direitos Humanos revelam uma sociedade aferrada a valores que represam o desenvolvimento de uma cultura mais democrática. Lamentavelmente, nosso atraso cultural é mantido e reproduzido por parte significativa dos grandes meios de comunicação, donde a regulação dos mesmos se faz urgente e inevitável.
Não será demais lembrar que, tanto a eleição de parlamentares, quanto a audiência televisiva, são garantidas por largas faixas sociais da sociedade. A verificação dos fatos, somada aos infinitos casos de violação dos direitos mais elementares, cristalizam a inquestionabilidade da vigência do autoritarismo, do racismo, da intolerância à liberdade de gênero, sexual, entre outras tantas. Neste cenário, então, desejamos as boas vindas à Secretaria de Direitos Humanos em nosso estado.
Devemos ter claro que, embora a nova Secretaria seja capitaneada por Nilmário Miranda, reconhecido e incansável lutador pela causa dos DH, quase nada se poderá fazer sem o apoio e, principalmente, o envolvimento de todos os/as ativistas dos Direitos Humanos de Minas Gerais.
Assim é que, em vista dos colossais desafios das muitas frentes de ação, meu entendimento é o de que a Educação em Direitos Humanos deve receber uma atenção especial, envolvendo, por seu turno, a Secretaria de Educação (muito bem guarnecida pela professora Macaé Evaristo).
Longe de me posicionar como um especialista, mas como simples professor e militante e, focando-me nos estudos sobre a Educação em DH, faço notar que as práticas pedagógicas têm comportado um caráter primordialmente jurídico, em detrimento de fatores pedagógicos. Muito do trabalho da Educação em DH circunscreve-se à divulgação e reconhecimento dos direitos e à divulgação dos canais legais para fazer valer esses direitos.
É possível que, muito mais apaixonado do que “sóbrio”, me posicione no sentido de apostar na radicalização das práticas pedagógicas, ultrapassando largamente a mera presença dos DH em livros e cartilhas. A meu ver, é imprescindível, no campo dos Direitos Humanos, e na educação, de modo geral, a radicalização das práticas democráticas.
Entusiasma-me a possibilidade de ver alunos e alunas participando e decidindo sobre o destino de suas escolas, por meio de plebiscitos e ações coletivas concretas. Me anima pensar que em pouco tempo, talvez, estudantes e comunidade discutam e deliberem sobre o melhor currículo às suas realidades socioculturais.
Corajosamente, deveremos subverter as relações entre professores/as e alunos/as para mobilizar os/as jovens numa espiral crescente. O despertar para a liberdade de escolha pode estimular a organização e, ao final, os mais resistentes podem se acalorar com o entusiasmo de seus pares.
Seria uma irrealidade? Talvez, mas o imperativo de transformar e nos transformamos exige propostas e ações mais ousadas. Não creio que ainda tenhamos tempo para experimentar ações corretivas àquilo que insiste em se mostrar incorrigível.


Fábio Chagas é Doutor em História, Professor e colaborador do IPR

Fonte: Instituto Pauline

domingo, 8 de março de 2015

10 histórias de mulheres revolucionárias que você não aprendeu na escola


10 histórias de mulheres revolucionárias que você não aprendeu na escola


Algumas armadas com rifles, outras armadas com a caneta: 10 mulheres que lutaram muito por algo em que acreditavam e que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta


Por Whizzpast | Tradução: Vinicius Gomes

Todo o mundo conhece homens revolucionários como Che Guevara, mas a história geralmente tende a polir as contribuições de mulheres revolucionárias que sacrificaram seu tempo e suas vidas na luta contra sistemas e ideologias burguesas. Apesar dos falsos conceitos a respeito, existiriam milhares de mulheres que participaram em revoluções ao longo da História, com muitas delas exercendo papéis cruciais. Elas podem vir de diferentes espectros políticos, algumas armadas com rifles e outras armadas com nada além da caneta, mas todas lutaram muito por algo em que acreditavam.
Abaixo estão 10 exemplos dessas mulheres revolucionárias de todas as partes do mundo, que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta.
  

                                         Nadezhda Krupskaya
Nadezhda-KrupskayaMuitas pessoas conhecem Nadezhda Krupskaya apenas como a companheira de Vladimir Lênin, mas Nadezhda foi uma política e revolucionária bolchevique graças a seus próprios esforços. Ela estava imensamente envolvida em uma variedade de atividades políticas e projetos educacionais – inclusive servindo como Ministra Interina da Educação na União Soviética de 1929 até sua morte, em 1939. Antes da revolução, ela serviu como secretária do jornal político Iskra, gerenciando toda a correspondência que atravessava o continente europeu, muita das quais tinham que ser codificadas. Depois da revolução, ela dedicou sua vida à melhora nas oportunidades educacionais para trabalhadores e camponeses, como por exemplo, sua luta para tornar as bibliotecas disponíveis para toda a população.




Constance Markievicz
Markievicz4Constance Markievicz (nome de solteira, Gore-Booth) foi uma condessa anglo-irlandesa revolucionária, nacionalista, sufragista, socialista e membro dos partidos políticos Sinn Féin e Fianna Fáil. Ela participou de inúmeros esforços para a independência da Irlanda, incluindo a Revolta da Páscoa, em 1916, onde teve um papel de liderança. Durante o levante, ela feriu um franco-atirador britânico antes de ser forçada a recuar e se render. Por consequência, foi a única mulher entre os 70 prisioneiros que foram confinados em solitária. Ela foi sentenciada à morte, mas acabou sendo perdoada por ser mulher. O promotor de acusação alegou que ela chegou a implorar, dizendo “Eu sou apenas uma mulher, você não pode atirar em uma mulher”. Todavia, os registros da corte mostram que ela, na verdade, disse: “Eu realmente queria que a sua laia tivesse a decência de atirar em mim”. Constance foi uma das primeiras mulheres no mundo a conseguir uma posição ministerial (Ministra do Trabalho da República Irlandesa, 1919-1922), e foi também a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns em Londres (dezembro de 1918) – uma posição que ela rejeitou devido à política de abstenção do partido irlandês, Sinn Féin.


                                                                               Petra Herrera
soldaderasDurante a Revolução Mexicana, as combatentes femininas conhecidas como soldaderas entram em combate ao lado dos homens, apesar de elas frequentemente enfrentarem abusos. Uma das mais conhecidas das soldaderas foi Petra Herrera, que se disfarçou de homem e passou a se chamar “Pedro Herrera”. Como Pedro, ela estabeleceu sua reputação ao demonstrar liderança exemplar (assim como por explodir pontes) e terminou por se revelar como mulher. Ela participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo aclamada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada composta só de mulheres.




Nwanyeruwa
ABA-WomenNwanyeruwa, uma nigeriana da etnia Ibo, foi a responsável por uma curta guerra que geralmente é considerada o primeiro grande desafio da autoridade britânica no oeste da África, durante o período colonial. Em 19 de novembro de 1929, ocorreu uma discussão entre Nwanyeruwa com um oficial de censo chamado Mark Emereuwa por tê-la mandado “contar suas cabras, ovelhas e família”. Compreendendo que isso significava que ela seria taxada (tradicionalmente, as mulheres não pagavam impostos), ela discutiu a situação com outras mulheres e protestos, cunhados de Guerra das Mulheres, passaram a ocorrer ao longo de dois meses. Cerca de 25 mil mulheres de toda a região se envolveram nas manifestações, protestando tanto contra as mudanças nas leis tributárias, como pelo poder irrestrito das autoridades. No final, a posição das mulheres venceu, com os britânicos abandonando seus planos de impostos, assim como a renúncia forçada de muitas autoridades do censo.


                                         Lakshmi Sehgal
Lakshmi-SehgalLakshmi Sehgal, coloquialmente conhecida como “Capitã Lakshmi”, foi uma revolucionária no movimento de independência da Índia, uma oficial do exército nacional indiano e, depois, Ministra dos Assuntos para Mulheres no governo Azad Hind. Na década de 1940, ela comandou o regimento Rani de Jhansi – um regimento composto apenas por mulheres que visavam derrubar o Raj britânico na Índia colonial. O regimento foi um dos poucos que tiveram combatentes apenas de mulheres na Segunda Guerra Mundial, em ambos os lados, e foi nomeado assim por conta de outra revolucionária feminina na Índia, chamada Rani Lakshmibai, que foi uma das figuras líderes da Rebelião Indiana em 1857.




Sophie Scholl
Sophie-SchollA revolucionária alemã Sophie Scoll foi uma das fundadoras do grupo de resistência não-violenta antinazista, chamado a Rosa Branca, que promovia a resistência ativa ao regime de Adolf Hitler por meio de uma campanha anônima de panfletagem e grafite. Em fevereiro de 1943, ela e outros membros do grupo foram presos por entregarem panfletos na Universidade de Munique e sentenciados à morte por guilhotina. Cópias dos panfletos, re-entitulados “O Manifesto dos Estudantes de Munique”, foram contrabandeados para fora do país para serem lançados, aos milhões, por aviões das forças Aliadas por toda a Alemanha.
                                                   

                                                   Blanca Canales
Blanca-CanalesBlanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Ela foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya. Em 1948, uma severa lei de restrição, conhecida como a Lei da Mordaça, ou Lei 53, em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material que tencionava paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas passaram a planejar uma revolução armada. Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas agüentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.



Celia Sanchez
Celia-SanchezA maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Após o golpe de 10 de março de 1952, Celia se juntou na luta contra o governo de Fulgencio Batista. Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.



                                          Kathleen Neal Cleaver
Kathleen-Neal-CleaverKathleen Neal Cleaver foi uma das integrantes do Partido dos Panteras Negras e a primeira mulher do partido a fazer parte do corpo de “tomadores de decisões”. Ela serviu como porta-voz e secretária de imprensa, organizando também a campanha nacional para libertar o aprisionado ministro da Defesa dos Panteras, Huey Newton. Ela e outras mulheres, como Angela Davis, chegaram em determinado momento a contabilizar dois terços do quadro dos Panteras, apesar da noção de que o partido era majoritariamente masculino.



Asmaa Mahfouz
Asmaa-Mahfouz
Asmaa Mahfouz é uma revolucionária moderna, a quem repousa o crédito de ter inflamado o levante de janeiro de 2011 no Egito, por meio de um vídeo postado na internet, encorajando outros a juntar-se a ela nos protestos na Praça Tahrir. Ela é considerada uma das líderes da Revolução Egípcia e uma proeminente integrante da Coalizão de Jovens da Revolução Egípcia.





Fonte: Revista Forum