domingo, 29 de junho de 2014

Consulta com a solidão


Imagem: Reprodução


E seguimos rodeados de pessoas e, ainda assim, sós. A solidão é um mistério que ainda não consegui compreender. É uma espécie de vazio que não consigo definir, mesmo que tudo pareça externamente preenchido. Acredito que ninguém compreenda. Como pode? Nos momentos de desespero, os mais sombrios, sentimos o que é solidão. Ninguém parece se importar com nossas provações, dificuldades. Apesar de muitos dizerem que há um amanhã nada parece ser o suficiente. Este é o momento que travamos nossas mais relevantes lutas. A batalha interna é o que nos faz fortes. Precisamos nos vencer todos os dias, principalmente quando solitários. E fica a pergunta: nos momentos turbulentos, mais difíceis, quem estará contigo? Você mesmo. Assumindo total responsabilidade por seus atos. Talvez o instante mais transparente conosco mesmo. Temos o péssimo hábito de nos esconder, não dos outros, mas de nossa própria essência. Ai! A solidão... É-nos muito útil. Muitos não creem, mas é. Há determinadas cenas em que precisamos nos retirar, permitir que as lágrimas caiam descontroladamente, ou que o sorriso nasça naturalmente. Estar no estado de solidão é como sair de si e diagnosticar se tem percorrido o caminho certo. Se o que está fazendo é o que realmente esperava. Hora de acertar os passos. Pedir desculpas para si mesmo. Agradecer a si mesmo. Ter aquele monólogo necessário. Por que será que as pessoas tem tanto medo dessa autoanálise? Podemos crescer tanto. Se ocupar e desejar sempre alguém à sua volta é ter medo de si mesmo. E isso é muito perigoso, nada saudável. Por isso, me retiro sempre, mesmo diante de muitos seres. Não é questão de desrespeito com quem  está na minha presença, mas parte fundamental para que continue a existir na essência. Sempre serei verdade se continuar a me consultar com minha solidão. Tudo faz mais sentido quando me aproprio dela por um tempo determinado. E depois serei mais um nessa grande multidão de seres elevados, multidão de solitários.

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