domingo, 31 de maio de 2015

E EU MORRI…


Estranho? Nem tanto. Se depois de ler esse texto você achar que ainda está vivo, ótimo!

Caso contrário, é bom repensar se ainda existe algum sopro de vida aí dentro. Vou contar como tudo aconteceu.

A minha primeira parcela de morte aconteceu quando acreditei que existiam vidas mais importantes e preciosas do que a minha. O mais estranho é que eu chamava isso de humildade. Nunca pensei na possibilidade do auto abandono.

Morri mais um pouquinho no dia em que acreditei em vida ideal, estável, segura e confortável.

Passei a não saber lidar com as mudanças. Elas me aterrorizavam.

Depois vieram outras mortes. Recordo-me que comecei a perder gotículas de vida diária, desde que passei a consultar os meus medos ao invés do meu coração. Daí em diante comecei a agonizar mais rápido e a ser possuída por uma sucessão de pequenas mortes.

Morri no dia em que meus lábios disseram, não. Enquanto o meu coração gritava, sim! Morri no dia em que abandonei um projeto pela metade por pura falta de disciplina. Morri no dia em que me entreguei à preguiça. No dia em que decidir ser ignorante, bulímica, cruel, egoísta e desumana comigo mesma. Você pensa que não decide essas coisas? Lamento. Decide sim! Sempre que você troca uma vida saudável por vícios, gulodice, sedentarismo, drogas e alienação intelectual, emocional, espiritual, cultural ou financeira, você está fazendo uma escolha entre viver e morrer.

Morri no dia em que decidi ficar em um relacionamento ruim, apenas para não ficar só. Mais tarde percebi que troquei afeto por comodismo e amor por amargura. Morri outra vez, no dia em que abri mão dos meus sonhos por um suposto amor. Confundi relacionamento com posse e ciúme com zelo.

Morri no dia em que acreditei na crítica de pessoas cruéis. A pior delas? Eu mesma. Morri no dia em que me tornei escrava das minhas indecisões. No dia em que prestei mais atenção às minhas rugas do que aos meus sorrisos. Morri no dia que invejei , fofoquei e difamei. Sequer percebi o quanto havia me tornado uma vampira da felicidade alheia. Morri no dia que acreditei que preço era mais importante do que valor. Morri no dia em que me tornei competitiva e fiquei cega para a beleza da singularidade humana.

Morri no dia em que troquei o hoje pelo amanhã. Quer saber o mais estranho? O amanhã não chegou. Ficou vazio… Sem história, música ou cor. Não morri de causas naturais. Fui assassinada todos os dias. As razões desses abandonos foram uma sucessão de desculpas e equívocos. Mas ainda assim foram decisões.

O mais irônico de tudo isso?
As pessoas que vivem bem não tem medo da morte real.
As que vivem mal é que padecem desse sofrimento, embora já estejam mortas. É dessas que me despeço.

Assinado,

A Coragem

____

Fonte: Escrito por Lígia Guerra, conheça mais do seu trabalho na sua Fan Page

sábado, 23 de maio de 2015

Hoje to querendo ser tudo o que eu quiser


Frederico Elboni

Me explicar por quê? Ninguém iria entender a confusão que há dentro de mim. Sou desarranjado demais. Como confiar em alguém que, vezes quer o mar, vezes quer o céu?

Todo dia, como hoje, antes de dormir, lembro como já ri mais. Fico rodopiando nos meus próprios sonhos e, sem muito o que dizer, desejando um dia ter coragem para largar tudo e me jogar por aí. Mesmo que ninguém acredite. Pois, preciso confessar: há uma primavera aqui dentro.

É, estou querendo sumir. Largar o mundo que me abraça e, na maioria das vezes, me prende. Criar as minhas próprias filosofias de vida, trocar algumas experiências, me perder nos meus próprios sonhos… Estou com saudade de mim. Do que eu era; do que eu poderia ser; do que talvez eu nunca seja. Estou querendo me ultrapassar. Me ver diferente, me colocar numa situação nova, rir na cara daquele constante medo de talvez um dia nunca ser alguém. E que medo (...).

Não quero ser raiz, me deixa, quero voar. Me solta. Torce por mim. Deixa eu sentir o beijo do mundo, colecionar afetos e desafetos em terras que nunca pisei, pois, acredite, o mundo aí fora constrói o mundo que há aqui dentro.

Fonte: Entenda Os Homens

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que é o amor?





Amor, significado e conceito. Na visão de mestres (crianças) de 4 a 8 anos de idade.


frases-amor-dia-dos-namorados01.jpg

O Amor é... É um sentimento nobre e estranho. O amor está em toda parte. O amor com amor se paga. O amor é Deus, logo Deus é amor. O Amor não busca os próprios interesses. O amor não se cansa. O amor é expressão máxima de carinho e cuidado.
Em I Coríntios 13:4-7, a Bíblia nos fala sobre o amor. Ela diz que: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se ira, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
E segundo Lennon e McCartney: "It's easy. All you need is love. All you need is love. All you need is love, love. Love is all you need." O amor é tudo que você precisa.
De acordo com uma pesquisa feita por educadores com crianças de 4 a 8 anos o amor é uma mistura de sentimentos e atitudes. O amor é o reflexo. E para você, caro leitor, o que é o amor? 

frases-amor-dia-dos-namorados02.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados03.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados04.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados05.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados06.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados07 (1).jpg
frases-amor-dia-dos-namorados08.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados09.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados10.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados11.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados12 (1).jpg
frases-amor-dia-dos-namorados13.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados14.jpg
frases-amor-dia-dos-namorados15.jpg
Fonte: www.hypeness.com.br

Bruna Vieira de Assis

Arquiteta e Urbanista, apaixonada por fotografia e artes plásticas. Que vive de observar os detalhes que quase ninguém vê e os escreve para não esquecer..
Saiba como escrever na obvious.

domingo, 17 de maio de 2015

Que graça tem se apaixonar à primeira vista?


por Léo Luz 



Eu nunca entendi de onde veio essa coisa do amor à primeira vista. Procurei no Google e não achei nada sobre os primeiros relatos literários do amor à primeira vista. Parece que ele sempre existiu. Sempre existiu, mas nunca fez sentido, convenhamos. Nunca fez e ainda não faz. Eu não confio em gente que se apaixona à primeira vista. Não há nenhum critério no amor à primeira vista. É o mesmo que comprar um carro sem olhar o que tem dentro, ou que comprar uma casa sem nunca tê-la visto por dentro. Repito: não faz o menor sentido.
E além de não fazer sentido, não é nada romântico. Você se apaixonou por um corpo. E ponto. Ela pode ser gaga, fanha, ter só um rim, pode colocar o feijão embaixo do arroz, pode preferir Star Trek a Star Wars, pode gostar dos Strokes ou pode até – Deus nos livre – bagunçar o seu jornal todo dia de manhã antes de você ler. Ele pode ter três gatos, pode ter um mullet, ter só uma calça jeans e cinco camisetas, pode ser daqueles que vai trabalhar de bicicleta com short neon justo ou pode até se juntar com os amigos pra recitar poesia concretista às sextas-feiras em alguma praça. Quem se apaixona à primeira vista corre esses riscos.
Quem se apaixona à primeira vista não vive a experiência da evolução do “até que no fim da noite, bêbado, eu pegaria ela” para o “se eu vir mais uma comédia romântica eu me declaro pra ela!”. Quem se apaixona à primeira vista não vivencia a idiotice de achar lindo quando ela tropeça no fio da impressora, derruba 100 folhas, deixa o celular cair e ainda consegue voltar pro lugar dela com aquele sorriso lindo, como quem diz: “gente, o que eu posso fazer se eu sou fofa até provando um desastre nuclear?”. E isso sim é o bacana do amor. Isso É o amor. É perceber, meses depois, que quando vocês se conheceram você nunca havia prestado atenção nele, até que um dia começou a tocar “ain´t she sweet” e tudo fez sentido.
Ouso dizer até que paixões à primeira vista duram menos. Aquele primeiro tombo dela na mesinha do telefone, é algo completamente fofo e “óin” quando você está se apaixonando, mas pode ser constrangedor quando você já está absolutamente apaixonado. Porque, afinal, você não se apaixonou por aquela desastrada, tímida. Você se apaixonou pela imagem dela, lá, parada, à primeira vista, sem dizer nada. É essa que você ama. É com essa que você quer se casar. Você nunca soube o que era o primeiro calafrio depois de muito tempo que vocês se conhecem. Você não sabe o que é dizer para os amigos: “quem diria que um dia a gente ia se apaixonar”. Você não sabe o que é, depois de meses e meses convivendo com a (suponhamos) Alice, se apaixonar e reviver mentalmente todas as vezes que vocês se viram e não estavam apaixonados, e pensar: “como é que eu pude demorar tanto tempo pra me apaixonar pela (hipoteticamente, de novo) Alice?”.
Se você tivesse se apaixonado pela nossa hipotética Alice à primeira vista, tudo seria diferente. É a sutil diferença entre “gente, como ela é linda, desastrada e atabalhoada desse jeito!” e o “..., como eu ia adivinhar que aquela gata por quem eu me apaixonei era assim estabanada e bagunceira?”. Ah, e a diferença entre ter uma estória apaixonante e empolgante de encontros e desencontros para contar aos netos e ter um “a gente se apaixonou à primeira vista”, e fazer os seus netos sofrerem bullying na escola por terem avós sem criatividade. Tudo pelos netos.


  Léo Luz




 

Fonte: Entenda Os Homens 

sábado, 16 de maio de 2015

Amores calmos

 



Frederico Elboni

Se entregar a verdade de amar é sentir-se leve o suficiente para viver um amor sem vaidade e orgulho. Coisa para poucos, eu sei. Mas chega um dia, ou pelo menos deveria chegar, que a maturidade da nossa vontade de amar transborda. E transborda tanto, que sentimos saudade do pouco que muito diz e, como quem nada quer, transforma eletricidades em calmaria.

Chega uma fase onde a vida pede, implora, calma e companheirismo. Pede varanda, pede cautela, pede silêncio em dupla e pede sinceridade em forma de risada e beijo.

O fato que é nem todo mundo tem firmeza de admitir que amores calmos são bem-vindos. Ficamos ali, permeando entre nossos medos e receios de um amanhã, como se o amor existisse somente para poucas, e sortudas, almas. E quando o vivemos intensamente, como volta e meia dizemos e hasteamos por aí, nos julgamos vulneráveis. Mas a verdade é que ninguém se torna vulnerável por procurar amores nas tais varandas da vida. As pessoas se tornam vulneráveis por colocar todo sentido da vida em buscas tão únicas e fluentes.

Claro que, se eu pudesse, viveria ao lado de alguém com alma de música. Deitaria na sarjeta olhando as estrelas e viveria aquele amor em forma de plenitude e beijos atravessados. Mas, enquanto isso não acontece, continuo vendo meus seriados, caminhando com meu cachorro com atitudes de tamanduá e comendo minhas comidas congeladas. Tudo isso com a mesma positividade de sempre, mesmo quando estou no fundo do poço. Até porque, melhor estar no fundo do poço do que continuar caindo.

Mas será que um dia acharei esse amor que tanto escrevo, vivo e sonho? Será que descortinarei beijos que não precisem pedir volta? Sem respostas assentidas de verdade, vou rindo comigo à mercê dos ineditismos da vida, criando laços que enfeitem meus caminhos e, nunca, deixando o pessimismo ressecar minhas emoções. Pois minhas emoções me tornam um ser simples, inocente, autentico e de riso sempre inédito. E assim, me lembram que amores novos não combinam com expectativas velhas.

Fonte: Entenda Os Homens

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O amor acaba

"O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba."

O amor acaba — Paulo Mendes Campos

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mais uma sobre o amor subentendido

Eles podiam se ver, mas não ligavam pra isso. Afinal, nem sempre valorizamos o que está à disposição. Outra grande curiosidade de nossa existência. Isso mudou quando ele foi morar numa cidade distante. O mundo parou, abriu-se um buraco, o ar cessou, o sentimento perturbou, confirmou o amor. Todos os símbolos tiveram seus significados desvendados. A partir de agora dificilmente terão encontros 'casuais', dificilmente dirão com os olhos o que as palavras são incapazes de descrever, suas mãos não atravessarão portais imaginários com simples toques. Doce e amarga distância, torna evidente o que tentamos esconder. O subentendimento os aproximou distanciando-os fisicamente. Eles se amam. O sentimento na distância se comprova e fortalece. Há uma confiança entre eles muito mais forte que em casais formais. Eles não precisam se beijar para atestar e confirmar a toda sociedade sua relação, como tendo que prestar contas. Um amor elevado, que perpassa graus e significados ainda não discutidos. Ela perdeu o sono por ele, não de preocupação, mas já planejando um encontro 'casual' naquela cidade distante. Aprendi: quem ama não desiste.