terça-feira, 29 de novembro de 2016

Crônica Chapecoense




Resultado de imagem para bandeira branca

Jhonatan Rocha

O verde nunca foi tão cinza quanto nessa manhã. Acordamos para trabalhar opiniões, argumentos, e ao mesmo tempo não ter nada de concreto a dizer. Repensamos a grande ironia e efemeridade que é o viver. Estamos usando a hastag #SomosTodos..., #EstamosCom..., #Vamos..., #DescanseEmPaz e tantos outros.
Hoje somos uma só bandeira. Recebemos textos em nossos aplicativos de mensagens com temas que nos fazem refletir sobre o quanto devemos ser um, o quanto é urgente viver. Despertamos para a solidariedade, empatia, comoção. Reavaliamos sonhos. Notamos o peso da humildade. Repetimos frases. Reclamamos que a TV só fala sobre esse tema, mas inconscientemente queremos saber cada vez mais detalhes diferentes. Nas rodas de conversas queremos ter informações exclusivas.
Tecemos teorias da conspiração. Buscamos justificativas plausíveis. Procuramos culpados. Queremos ter acesso a imagens. Desejamos conhecer a história familiar de cada vítima. Julgamos as reações dos familiares ao receber a notícia. Tentamos imaginar como seria se nada disso tivesse acontecido. A vida toma uma dimensão trágica. A sensação de biografias incompletas. Não. Não é impressão. Toda biografia é incompleta, principalmente quando interrompida por um acidente. Há explicação para tudo ou os eventos são aleatórios? Por que essas vidas são tão importantes?
Ficamos com a conclusão de Karnal: “Estamos todos por um fio e é importante viver plenamente. Os que ficamos aprendemos com os que deixaram de existir: vamos viver de verdade, sem adiamentos, sem meio termo. A vida segue um pouco mais melancólica.” Ao acordar amanhã poderemos não dar mais a mesma importância à queda do British Aerospace BAe 146, mas sem dúvida estaremos melhorados e reflexivos.
Talvez a grande lição do dia seja a inutilidade de viver divididos por bandeiras e importância de doar. Ressaltando que este é o dia da doação. Começamos por doar nossos sentimentos. A vida é uma crônica sem fim.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Não confunda conhecimento com sabedoria

 



Dois discípulos procuraram um mestre para saber a diferença entre conhecimento e sabedoria.
O mestre disse-lhes: “Amanhã, bem cedo, coloquem dentro dos sapatos 20 grãos de feijão, 10 em cada pé. Subam, em seguida, o monte que se encontra junto a esta aldeia, até o ponto mais elevado, com os grãos dentro dos sapatos”. No dia seguinte, os jovens discípulos começaram a subir o monte. Lá pela metade, um deles estava padecendo de grande sofrimento: seus pés estavam doloridos e ele reclamava muito.
O outro subia naturalmente a montanha. Quando chegaram ao topo, um estava com o semblante marcado pela dor, o outro, sorridente. Então, o que mais sofrera durante a subida perguntou ao colega: “Como você conseguiu realizar a tarefa do mestre com alegria, enquanto para mim foi uma verdadeira tortura?” O companheiro respondeu: “Meu caro colega, ontem à noite cozinhei os 20 grãos de feijão”.
Não confunda conhecimento com sabedoria.
Um ajuda a ganhar a vida; o outro a constrói. Saibamos cozinhar nossos feijões. 

Conhecimento é o ato ou efeito de abstrair a ideia ou noção de alguma coisa, como por exemplo: conhecimento das leis; conhecimento de um fato (obter informação); conhecimento de um documento; termo de recibo ou nota em que se declara o aceite de um produto ou serviço; saber, instrução ou cabedal científico (homem com grande conhecimento). A sabedoria consiste em saber o que fazer com qualquer conhecimento, como utilizá-lo de forma prudente, moderada e profícua e útil.
A sabedoria consiste justamente no fato de mantermos a serenidade diante do inesperado. Ingredientes infalíveis não existem, estratégias seguras são ilusão, caminho seguro oferece perigo, certeza absoluta não é garantia de nada, expectativa positiva não assina contrato, influência sedutora não preserva acordos. Não se esqueça de lembrar que o inesperado ronda, espia, cerca, ofusca, aparece, desaparece, faz-se presente, faz-se ausente, espreita todos os passos, até mesmo aqueles que consideramos seguros.
Portanto, sejamos cautelosos. É na cautela que reside a chance maior do acerto. Boa sorte!

Fonte: Página Resiliência Mag