sábado, 30 de novembro de 2013

"Quando recebo notícias ruins, na hora fico frio como um advogado. Uma hora e meia depois é que a coisa toda acontece aqui dentro de mim (nesse país que sou eu), as reverberações se iniciam lentamente até me tomarem até a raiz (ou a alma). Foi assim, por exemplo, quando meu pai morreu (ah, meu pai...), quando minha avó de parte de pai morreu, quando a irmã do meu pai morreu (tia Júlia), quando meu avô de parte de mãe morreu, quando meu primo de parte de mãe morreu (meu melhor amigo até os 13 anos), quando minha primeira professora morreu, quando Raul Seixas morreu, quando Kurt Kobain morreu, quando Tancredo morreu, quando Airton Senna morreu, quando meu gato Leleco morreu e, agora, quando morreu o amor dela por mim (mas na verdade aqui posso dizer bem assim “quando morri” ou “quando morreu ela”)."
   - livro ESSAS MOÇAS QUE ME CAUSAM VERTIGENS

sexta-feira, 29 de novembro de 2013


 Nem todas as faces do Eu estão sempre a nosso dispor. É nos momentos mais críticos da vida que precisamos lançar mão de recursos ainda desconhecidos por nós. Desenvolver-se emocionalmente implica em envolver-se com aquilo que somos e sonhamos ser. O envolvimento consigo mesmo revela sua face aprisionante quando precisamos caminhar e não conseguimos. Ninguém caminha sem apoio. Nem todas as formas de envolvimento possibilitam o desenvolver-se. Existem os que não escutam, não olham, não sentem por medo do envolvimento. Estes, estão presos, não estão envolvidos. 

 - Evelin Pestana, Casa Aberta - Página

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A recusa em crescer

Como um dos mecanismos de defesa mais utilizados, a recusa em saber se mostra como um dos mais frequentes. Ela é o correlato da tão frequente recusa em crescer, permanente também no adulto. Na medida em que nada queremos saber sobre nosso próprio amadurecimento emocional, recusamos também fazer parte dos movimentos da vida. Nos enclausuramos numa imagem - imagem de poder ou de desvalia -, gastando esforços em manter viva uma imagem, a do equívoco que forjamos sobre nós e para nós. Quando nos fixamos nessa posição, estamos apenas na plateia da vida, atuando como se fossemos protagonistas fundamentais. Não entramos na história, ficamos apenas como expectadores. Fingimos ser o que não somos para que sejamos apenas aquilo que guardamos da nossa própria imagem infantil. 
 
 - Evelin Pestana, Casa Aberta - Página

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Enfermeira revela os 5 maiores arrependimentos das pessoas em seus leitos de morte


stihl-deathbed-scene[1]

Por muitos anos eu trabalhei em cuidados paliativos. Meus pacientes eram aqueles que tinham ido para casa para morrer. Algumas experiências incrivelmente especiais foram compartilhadas. Eu estava com eles nos últimas três a doze semanas de suas vidas. As pessoas crescem muito quando eles são confrontados com a sua própria mortalidade.

Eu aprendi a nunca subestimar a capacidade de alguém para o seu crescimento. Algumas mudanças foram fenomenais. Cada um experimentou uma variedade de emoções, como esperado, negação, medo, raiva, remorso, mais negação e, finalmente, aceitação. Cada paciente encontrou sua paz antes deles partirem, cada um deles.

Quando questionados sobre algum arrependimento que tiveram ou qualquer coisa que faria diferente, temas comuns vieram à tona. Aqui estão os cinco mais comuns:

1 . Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim.
Este foi o arrependimento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase no fim e olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não tinham honrado nem metade dos seus sonhos e morreram sabendo que foi devido às escolhas que fizeram, ou não fizeram .
É muito importante tentar e honrar pelo menos alguns de seus sonhos ao longo do caminho. A partir do momento que você perde a sua saúde, é tarde demais. Saúde traz uma liberdade que muitos poucos percebem, até que já não a tem.

2 . Eu gostaria de não ter trabalhado tão duro.
Isto veio de cada paciente do sexo masculino que eu acompanhei. Eles perderam a juventude de seus filhos e o companheirismo dos parceiros. As mulheres também falaram sobre esse arrependimento. Mas, como a maioria eram de uma geração mais velha, muitos dos pacientes do sexo feminino não tinha sido as pessoas que sustentavam a casa. Todos os homens que companhei lamentaram profundamente gastar tanto de suas vidas na esteira de uma existência de trabalho.
Ao simplificar o seu estilo de vida e fazer escolhas conscientes ao longo do caminho, é possível não precisar da renda que você acha que precisa. E criando mais tempo livre em sua vida, você se torna mais feliz e mais aberto a novas oportunidades, aquelas mais adequados ao seu novo estilo de vida.

3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos .
Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos a fim de manter a paz com os outros. Como resultado, eles se estabeleceram por uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eram realmente capazes de se tornar. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que carregavam, como resultado disso.
Nós não podemos controlar as reações dos outros. No entanto, embora as pessoas possam, inicialmente, reagir quando você mudar a maneira que você está falando com honestidade, no final isso erguerá a relação à um nível totalmente novo e saudável. Ou isso ou ele libera o relacionamento doentio de sua vida. De qualquer maneira , você ganha.

4 . Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos.
Muitas vezes eles não percebem verdadeiramente os benefícios de velhos amigos até estarem em seu leito de morte, e nem sempre foi possível re-encontrá-los nestes últimos momentos. Muitos haviam se tornado tão envolvidos em suas próprias vidas que tinham deixado amizades de ouro escaparem nos últimos anos. Haviam muitos arrependimentos profundos sobre não dar às amizades, o tempo e esforço que mereciam. Todo mundo sente falta de seus amigos quando estão morrendo.
É comum à qualquer um com um estilo de vida agitado, deixar amizades escorregarem, mas quando você se depara com a sua morte se aproximando, os detalhes físicos da vida caem. As pessoas querem colocar suas finanças em ordem, se possível. Mas não é dinheiro ou status que tem a verdadeira importância para eles. Eles querem arrumar as coisas para o benefício daqueles à quem amam. Normalmente, porém , eles estão muito doentes e cansados de gerir esta tarefa. E tudo se resume ao amor e relacionamentos no final. Isso é tudo o que resta nas semanas finais, amor e relacionamentos.

5. Eu gostaria que eu tivesse me deixado ser feliz.
Este é surpreendentemente comum. Muitos não percebem, até o fim de que a felicidade é uma escolha. Eles haviam ficado presos em velhos padrões e hábitos. O chamado “conforto” da familiaridade transbordou em suas emoções, bem como as suas vidas físicas. O medo da mudança os fazia fingir para os outros e para si mesmos, que estavam satisfeitos. Quando lá no fundo, eles ansiavam em rir e serem bobos em sua vida novamente. Quando você está no seu leito de morte, o que os outros pensam de você é muito diferente do que está em sua mente. Como é maravilhoso ser capaz de relaxar e sorrir novamente, muito antes de você estar morrendo .

A vida é uma escolha. É a sua vida. Escolha conscientemente, escolha sabiamente, escolha honestamente. Escolha a felicidade.




Bronnie Ware, enfermeira que durante anos cuidou de pacientes no leito de morte, escreveu o livro “The Top Five Regrets of the Dying – A Life Transformed by the Dearly Departing”, que, como o título diz, trata dos cinco arrependimentos mais comuns manifestados pelas pessoas antes de morrerem.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sobre convivência



As pessoas não se visitam mais. Não parece, mas isso é muito grave. Poucas são as pessoas que recebem amigos em casa, nesse novo formato de sociedade. Estamos mais distantes uns dos outros? Frios? Com medo? Receber alguém em sua casa é como abrir as portas do seu coração.  Numa vida em grupo a coisa mais íntima que temos é o nosso lar. Estar com alguém nesse ambiente é como dizer: ‘Entre e instale-se em minha vida para todo o sempre!’
Devido a toda arrogância, ignorância, violência, preconceito do mundo que vivemos, tentamos de todas as maneiras nos defender do que nem mesmo sabemos. Estamos constantemente em estado de alerta, ou pavor. Temos medo do desconhecido e dos conhecidos. Não nos entregamos mais a qualquer relação integralmente, de forma incondicional. Há tempos não ouço mais essa expressão (incondicional) nas rodas de conversa. Tachamos, muitas vezes, erroneamente os outros sem um embasamento real. E não injustamente, podemos ser vítimas do mesmo erro.
Alguém disse que quando negamos o amor, ou o bem, a outro estamos agindo contra nós mesmos. Nunca discordei dessas palavras. Por medo nos envolvemos num casulo muito difícil de se romper.  Se continuarmos a agir a assim a humanidade será apenas de violência e tudo estará perdido, como disse certa vez Charles Chaplin. Grande Chaplin! Mais que inteligência, precisamos de doçura, simpatia e afeição.
Nosso ‘lar’ precisa estar aberto para ‘visitação’. Dessa forma, nossas experiências de vida serão mais agradáveis e satisfatórias. Não estaremos protegidos de decepções, mas a vida terá muito mais graça, será mais leve. O medo não tem permitido que vivamos como realmente gostaríamos. Talvez por isso Aristóteles tenha dito: ‘A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.’

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Compreendendo o incompreensível

 Nem sempre as pessoas nos compreendem como gostaríamos. Talvez seja porque somos realmente iguais na diferença. Iguais nos conflitos internos e diferentes em como lidamos com eles. Provavelmente, por isso, as pessoas esperem que sejamos fortes quando não temos mais forças. Certa vez, em uma dessas minhas leituras da vida aprendi que os indivíduos que mais sofrem na vida são os que levam a vida com humor. Estranho, né?! Mas é a pura verdade! Esses tem o dom de mascarar a amargura da vida e exalar boas vibrações, ou transformar um limão numa torta saborosa. Encare como achar melhor. Essas pessoas quando estão em crise existencial acreditam que toda sua história é um fracasso e desmoronam sem motivo aparente. É, por isso, que ouvem expressões como: 'Esse cara está reclamando da vida de barriga cheia!' Mas estes sequer sabem a grande batalha que o outro pode estar enfrentando calado.A verdade é que precisamos de força. Tirá-las de não sei onde e como. Aliás, sabemos sim! Sempre temos as verdadeiras respostas, o difícil é aceitá-las. Esse é o motivo pelo qual muitos se mantêm ocupados, para não correr o risco de sofrer um fenônemo recentemente descoberto: o micro-tédio. Às vezes, pensar na vida não é uma boa ideia, mas a oportunidade de reciclar o que não nos pertence mais e tomar uma atitude. E há respostas que só nós podemos nos dar, mas é imprescindível ter com quem contar. Não me esqueço a frase de um indivíduo não muito grato na história da humanidade que declaro: 'Uma mentira dita mil vezes se torna verdade.' Somos realmente o transparecemos aos outros, podemos ser uma mentira, mas aquilo que os outros veem. Sorria para mascarar as tristezas, sorria porque está verdadeiramente feliz. Para se viver é preciso ser um grande ator. Se faça forte e serás! (This Is It!)

domingo, 24 de novembro de 2013

A "falta", a carência, o narcisismo...

Um bom número de pessoas gosta de dizer que é muito "carente" e isso quase sempre subentende um pedido: querem receber atenções especiais.
Penso que "carência afetiva" é uma dessas expressões que, pensando bem, não significa coisa alguma: afinal, todos somos um tanto carentes!

Uns se acham carentes porque não receberam todos os cuidados e carinhos que gostariam nos anos de formação: se veem com direitos especiais.

Aqueles que receberam muito carinho e atenção durante a infância se habituaram àquela "cota" de atenções: querem continuar a receber a mesma.

O fato é que alguns se acham com "carência afetiva" por terem recebido pouco na infância; e outros porque foram mimados e mal acostumados.

Como regra, os que se queixam de "carência afetiva" usam esse discurso com o objetivo de pressionar seus parceiros e receber mais cuidados.

Carência afetiva pressupõe a existência de uma sensação dolorosa de que somos incompletos, de que algo nos falta: é como todos nos sentimos!

  - Flavio Gikovate

sábado, 23 de novembro de 2013

Um amor ilimitado – Olhar Down




A inauguração oficial da ‘Associação Olhar Down – Amor sem Limites’, nesta sexta-feira (22), me fez pensar em contos de fadas. Mães que por excesso de zelo e amor, prefiro compreender dessa forma, confinam seus filhos com Síndrome de Down em seus lares, sem convívio com a sociedade, na tentativa de se protegerem e também seus filhos, inconscientemente assumindo o papel de antagonistas nesta história. Mas o capítulo vivenciado nesta noite foi diferente, várias mães que retiraram seus filhos e filhas de seus ‘castelos’ e os apresentaram à sociedade por meio desse belo projeto, Olhar Down.
Tivemos o privilégio de conhecer pequenos cidadãos contagiantes, vibrantes, confiantes que merecem seu devido lugar na sociedade, e em nossas vidas. Compreendemos nesta oportunidade que a Síndrome de Down não é uma doença, não devemos tratar quem é Down como coitados. Coitado é de quem ainda pensa assim. Como já disse, são cidadãos, como qualquer um de nós. O que os torna diferentes? O número do documento? Isso me faz diferente de qualquer pessoa. Sou diferente porque tenho lábios grossos, característica notável de todos da minha etnia. Outro indivíduo pode ser diferente por ser muito magro. Eles são diferentes porque são Down. Ser diferente é normal, mas não caia no erro que repetir essa frase incontáveis vezes, como um mantra, e fazer perder seu real sentido. Conhecemos pessoalmente o Dudu do Cavaco que é exímio no instrumento pelo qual é conhecido, já este redator não sabe sequer segurar este objeto. O que torna Dudu especial? Resposta: sua habilidade para a música. Se Dudu não tivesse os olhos puxados e outras características físicas de um Down, provavelmente ele não seria tratado ‘diferente’. Ele é um artista como qualquer outro, capaz de nos encantar com sua arte. E diga-se de passagem: Que arte!
Parabéns às mães amorosas que nos deram a oportunidade de viver um momento tão sublime. Especialmente à Sâmila Monna Lisa, que por seu amor percebeu o quanto a vida é ‘Bela’. Que aprendeu com a pequena princesa Isabela que a vida é uma arte sem fim, que exige muita luta para alguns, que muitas vezes temos que ser o primeiro exemplo para uma mudança significativa na sociedade e no nosso interior. Um grande exemplo para uma sociedade egoísta e covarde a qual vivemos.
Ver aquelas mães emocionadas ao declamar a canção ‘Como é grande o meu amor por você’ foi como voltar ao tempo e fazer o mesmo para o meu irmão, há cinco anos, quando o vi pela última vez. Compreendi a imensidão do amor daquelas mulheres, bem como dos pais, que também amam. Na verdade um Down é diferente sim, capaz de despertar em nós uma alegria transcendente, apenas pessoas iluminadas conseguem fazer isso.
Não permita ser moldado por uma sociedade estereotipada. Não padronize. Não tenha preconceito. Essas foram as mensagens que soaram pelos ares nesta noite. Esse evento não gritou por igualdade, num ato desesperado. Foi como um sussurro convidativo, que dizia: ‘Venha conhecer o que você taxa como diferente, mas não é!’ Conheça e sinta esse amor sem limites.