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Imagem: Reprodução |
Verborragia: ”compulsão para falar,
loquacidade exagerada que se nota em determinados casos de neurose e
psicose, como se o paciente, assim, quisesse dar vazão ao grande número
de idéias que passam por sua cabeça; logomania” Li esse adjetivo em
algum lugar e incluí-o, imediatamente, no meu vocabulário em eterna
(des) construção. É que ele define de forma inigualável quase todas as
pessoas que mais amo nesta vida.
Detesto essa mania moderna de economizar. De poupar. De guardar. De
se esconder, de se proteger, de não se valer. Detesto a falta de
empolgação de quem diz “oi” e “tchau” quase ao mesmo tempo. Acho de uma
covardia intraduzível quem esconde as palavras e os sentimentos lá no
fundo pra não se machucar.
Deve ser por que sou do tipo que mete a cara. Que mergulha, se afoga,
se fere e se recompõe – mas não deixa de ser quem é nem por um minuto.
Por que prefere ser julgada a ter que se omitir. É por isso que eu gosto
de quem se mostra inteiro e permite que eu faça o mesmo.
Não me surpreende, também, que este adorado adjetivo – que não saiu
da minha cabeça por dias, não sossegou até ser despejado no papel –seja
considerado uma patologia, seja empregado pejorativamente. Seja
confundido, comumente, com tagarelice. Dane-se, eu amo mesmo assim –
aliás, tudo o que amo nesta vida tem um quê de loucura e esquisitice.
Sem tentar, nem por um minuto, ser técnica – até por que a minha
posição não me exige isto – arrisco dizer que os verborrágicos são
diferentes dos tagarelas, e diferentes pra melhor, por assim dizer: não
me refiro ao que fala sem parar, sem filtro e sem bom senso. Não. O
verborrágico fala muito e fala o necessário. Fala o que sente, o que
pensa, o que o outro precisa ouvir. Fala com os instintos e com o
coração. O verborrágico ao qual me refiro é aquele que não tem medo de
se cuspir pela boca. De dar vazão à alma através dos verbos.
É o que te abraça com dezenas de sílabas. É quem não tem medo de se
traduzir. É o que se dá ao luxo de se mostrar em um mundo em que cada
palavra pesa contra você.
Que me perdoem os monossilábicos: mas eu gosto é de quem se expressa.
Fonte: EntendaOsHomens
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