domingo, 13 de julho de 2014

Sinceridade raivosa




Imagem: Reprodução


Gosto de observar! Dia desses assisti uma cena de confronto familiar, aquelas cenas que a maioria de nós estamos habituados a vivenciar. Toda a atenção direcionada a apenas um personagem que relata suas dificuldades emocionais. Todos tentam ajudá-lo com palavras consoladoras, para elevar sua autoestima. Até o momento que alguém tem a coragem de dizer precisamente uma verdade necessária e inconveniente a respeito de sua parcela de responsabilidade na situação que está enfrentando. E aí inicia o bombardeio de sinceridades, tudo aquilo que o autocontrole não permite exteriorizar. O assunto principal perde-se no ar. O problema que reuniu aquele núcleo familiar é apenas uma pequena questão diante de tantas verdades expostas na mesa e que estiveram por muito tempo escondidas debaixo do tapete, dentro do armário ou num cofre de assuntos ‘imencionáveis’. Todos saem feridos, magoados. Todos ouviram e disseram expressões preconceituosas, verdades contestáveis, mentiras absurdas, segredos inapropriados. Todas essas coisas que os seus corações transbordavam e via-se na necessidade de esvaziar. Pois é assim mesmo, no momento de explosão dizemos tudo o que alimentamos o nosso coração, muitas vezes em segredo. O livro mais lido do planeta diz que o coração é traiçoeiro e vive desesperado. Daí o perigo de se confiar nele. E palavras uma vez ditas voam pelo céu da cidade. Talvez por isso, quando tentamos nos lembrar de algo olhamos involuntariamente para o céu, para cima. Sim! Nos céus residem o nosso passado. Alguém já me disse isso. Temos que aprender que há apenas uma verdade incontestável, e a nossa pode não ser ela. Uma mesma história tem a quantidade de versões dos que participam dela. E nosso ápice de sinceridade, o que realmente somos e pensamos, é no momento da raiva. Somos monstruosos? Depende! Há uma lenda de um velho índio que ensina a seu neto que todos têm dois tipos de lobos dentro de si, um bom e o outro mal. Eles travam uma luta constante dentro de nós. O jovem índio pergunta qual deles vence no final. E seu avô lhe responde que é o que alimentamos. E é esse lobo que aparece no momento de raiva, o que é alimentado. Há muitos lobos bons famintos por aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário