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Imagem: Reprodução |
Antes de começar a ler, respire. Três vezes e
devagar para ter certeza de que você estará concentrada. Sei que, na terceira
ou quarta linha, você já deve estar pensando no trabalho que tem que terminar, no trânsito que vai enfrentar, no filme que precisa alugar.
Mas, de verdade, peço apenas alguns minutos. Você sabe que não é muito. Sabe
que, quando quer, consegue até mais do que isso.
Queria estar segurando a sua mão neste
momento. Queria que, de frente para o espelho, pudesse falar isso olhando nos
seus olhos. Mas, não sei se iria aguentar te encarar – me encarar – por tanto
tempo assim.
Eu sei que há alguns dias você tem se sentido
meio fora de si. Posso sentir seu – nosso – corpo descolando e vagando por um
buraco entre o que você quer ser e o que, de fato, tem sido. Logo você, que
sempre achou tudo tão simples e prático, agora se pega em pensamentos mais
complexos. Aliás, estou para te falar há um tempo: pare de usar tantos
“sempres” e “nuncas”. Isso deve te ajudar.
Entenda que a vida leva tempo para acontecer.
Deixe seu imediatismo de lado e – apesar de suas preocupações serem justas –
reaprenda a ser feliz no presente. Você é nova, tem tempo para se preocupar.
Tempo. Numa música do último final de semana você ouviu: “O tempo não para, no
entanto, ele nunca envelhece”. Bonito, né? Sei que você tem pensado nisso.
O que te frustra de verdade é que o mundo não
acompanha a velocidade das suas ideias. Acostume-se. Você é feliz e sabe disso.
Cultiva, desde muito pequena, o que aprendeu com o seu pai: o valor das
pequenas coisas do dia-a-dia. E, por mais tolo que pareça, assistiu a um
seriado americano que dizia que não é preciso ser feliz o dia todo, mas é
essencial ser feliz todos os dias. Você sabe. Você sabe, mas, mesmo assim, às
vezes age como se tivesse esquecido. Controle-se.
Controle-se, principalmente, porque você não
vive sozinha. Entre suas oscilações de humor, pode magoar ou conquistar muita
gente. Ah, outra coisa importante: essa “gente” a que me refiro são os seus
amigos. Os de verdade. Acho que você já sabe diferenciá-los. Vou te dar um
conselho – entre tantos outros. É uma dica que ofereci a uma amiga na semana
passada. Você não precisa deixar de conviver com quem não é seu amigo, com quem
te passou a perna, com quem te magoou. Apenas saiba com quem você está lidando.
Não se abra, não se exponha, não, não e não. Algumas pessoas nos desejam o mal
sem nem perceber.
Responsabilize-se por TODAS as suas atitudes.
E eu escrevo ‘todas’ em letras maiúsculas porque não há exceção. É tolice sofrer
por aquilo que não podemos controlar, mas é ainda mais tolo depositar a missão
da sua felicidade nas mão de outras pessoas. Seja feliz sozinha, e todo o amor
que receber será ainda mais saboreado.
Quanto às suas aflições: vão passar. Não
duvide e, principalmente, não desista. Eu entendo que você gostaria – e poderia
– estar fazendo mais. Mais cursos, mais trabalhos, mais desafios. Mas, o mais
nem sempre é bom. Divida a vida em fases e aproveite cada uma delas. Não estou
dizendo para deixar de correr atrás, só quero que aprenda a viver sem sofrer.
Continue buscando com a garra da jovem que você é, mas tente buscar na velhice
o conselho sábio da resignação.
Aproveite para se renovar. Recue alguns
passos e só observe. Já estamos fazendo isso agora. Juntas. Uma só.
Nem todos os dias serão coloridos, como nem
todos serão cinzas. Nem sempre a vida tem sentido. Muitas vezes, nós temos que
buscá-lo. Reinventá-lo. Ainda que seja uma tarefa árdua, cansativa, não
desista: há sempre um bom motivo para continuar sorrindo.
Daniella Gemignani - escreve há quase um ano no blog perlafelicita.wordpress.com
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