sábado, 31 de maio de 2014

SARAVÁ, MERITÍSSIMO

Imagem: Arquivo Pessoal


 Fábio Chagas
Doutor em História e Professor

O Poder Judiciário é santificado, tenta vender à sociedade a ideia de que faz justiça, porque entre coisas não tem preferências políticas e ideológicas. Entretanto, poucos ainda acreditam neste conto de fadas.
Homens como Joaquim Barbosa, o qual se aposentará sem colocar a mão nos Tucanos, desgastou e desacreditou a imagem do Judiciário. Magistrado qualificado, mas dono de seu ódio incontrolável contra Dirceu e o PT, além de uma vaidade sem fim, aceitou o papel de engraxate da burguesia. As cabeças democráticas do Direito se envergonham dele e até se sentem constrangidas perante a sociedade.
Babosa não é e nem será o único (não se pode esquecer que existem grandes homens no Poder Judiciário), uma vez que o Juiz Federal Eugênio Rosa De Araújo (RJ) deu à sociedade brasileira um fabuloso atestado de mediocridade e intolerância cultural.
Verdade, o Doutor sem Doutorado, detentor de um fabuloso salário, negou o recurso o do Ministério Público Federal para que fossem retirados do “YouTube”, inúmeros vídeos evangélicos que pregavam a intolerância contra religiões de matriz africana.
O argumento do ilustre magistrado foi o de que Umbanda e Camdomblé não são religiões, mas tão somente cultos (não desfrutam de escritos fundantes como a Bíblia e o Corão, e tampouco comportam, em seu interior, uma organização hierárquica como a Igreja Católica).
A ignorância deste funcionário público que recebe do Estado e da sociedade poderes de Imperador, dentro e fora dos Tribunais, contribui fortemente para a manutenção dos preconceitos e demonizações perpetrados contra as religiões de matriz africana e indígena.
O Juiz Eugênio Araújo, das profundezas de sua ignorância nos mostrou seu desconhecimento de que, há 500 anos, essas religiões, tal como outras grandes contribuições africanas, edificaram esta Nação. Dentre muitas grandes virtudes que se pode verificar no Brasil, verificamos a maravilhosa influência negra, inclusive religiosa. Até mesmo nosso catolicismo é mais flexível do que em outras partes do mundo por conta dos contatos culturais com o candomblé.
Se o Meretíssimo leitor de “manuaizinhos” pelo menos lesse os manuais mais apropriados a esta questão, veria que tanto na Constituição Federal como em todas as Declarações de Direitos Humanos, o que os vídeos de Igrejas Evangélicas promovem é a mais absoluta intolerância e desrespeito a outras orientações religiosas.
Ou, será que o Juiz também é um intolerante?
Ou, será que ele está com estas Igrejas nesta cruzada contra a Umbanda e o Candomblé, para arregimentar novos fieis...e muitos novos reais?
Disputa de mercado, uai...
E por este caminho vou finalizando, pela economia de mercado. Este modelo de sociedade em que nada está acima dos lucros, fabrica monstros sedentos por bens materiais, e faz da educação nada mais do que uma fábrica de competidores e de mão de obra qualificada. Humanamente vazios...
Nossa juventude ingressa na faculdade mirando um diploma, salários fabulosos e status social. Poucos conseguem desenvolver a noção de que é possível formar-se profissionalmente e se realizar, servindo à sociedade e vivendo com renda digna, sem ter que ser rico ou consumindo todas as mercadorias possíveis.
Mais do que repetidores de “manuaizinhos”, é preciso estudar História, Filosofia e Sociologia, é preciso pensar sobre o que se estuda, para saber fazer e modificar sempre que necessário.
É preciso estudar, pensar e se elevar, porque, do contrário, novos Juízes como o do RJ aparecerão e assim continuaremos à mercê de imperadores, com suas capas, decidindo coisas importantes, sem nem a ponta do nariz para fora da miséria cultural.

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