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Eu quis te escrever uma coisa bonita porque é tão bonito o
que você faz comigo, que eu tenho vontade de te escrever todas palavras
bonitas do mundo. Arco-íris, samba, mar, abraço, cafuné, café, apego.
Pra te dizer coisa bonita e leve e simples, eu coloquei um João Gilberto baixinho,
só com um violão cantando uma bossa. Eu queria que você lesse isso
assim, com essa sensação de pôr-do-sol, de tato de pescoço com o toque
de lábios, de dedo enroscado em cabelo e colo de frente pro mar. Eu te queria uma sensação bonita.
É tanto silêncio e é tanto barulho, que eu queria te dizer uma coisa
bonita que calasse a tolice e te fizesse acreditar que sempre vale a
pena. Queria (sem rima e sem verso, porque rima e verso são poesia e
poesia é você) te dizer com palavras bonitas que não é mentira, não é
exagero, não é nada. Simplesmente é.
Eu queria te dizer uma coisa tão bonita, que desse pra sentir os meus
braços nas tuas costas e a escola de samba que eu tenho no peito contra
o teu. Que trouxesse a sensação de conforto que só um abraço par traz.
Eu queria te dizer uma coisa mais bonita que o silêncio do desconhecido
próximo, mesmo sabendo que coisa mais bonita não pode haver. Queria te
dizer uma coisa tão bonita quanto o suspiro que enche o pulmão de ar e
transforma quilômetros em arrepios.
Queria te dizer que meu peito que era marina virou barco e que minha
direção é o céu. Eu quis te mandar – por pensamento, por carta, por
bytes, por notas musicais, por toque, por cheiro, por carinho – um
pedaço do meu nublado. Afinal de contas, a solidão das tuas nuvens gris e
do meu algodão doce, que eu só quis te dizer uma coisa bonita pra que
você percebesse que aqui dentro não chove. Faz Bahia.
Sobre Marina Melz
É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen. Não tem preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que toda história (boa ou não) merece ser contada.Fonte: Entenda os Homens
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