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Toda relação é idealizada e, antes que se concretize, algumas
expectativas, inevitavelmente, são criadas.
Eu, bem como algumas amigas, sempre fui muito exigente. Imaginava e
listava uma série de adjetivos que a pessoa perfeita deveria ter.
Inteligência, bom humor, beleza, integridade, ambição, romantismo,
sensibilidade, coragem, determinação, bom gosto e algumas semelhanças
políticas e ideológicas.
Acontece que, conforme o tempo passa e você envelhece, percebe que estas exigências são muito altas.
(Até porque, nem você mesma as atinge)
Logo, os critérios para um suposto envolvimento vão ficando menores e
chega um momento que você pensa: Tem todos os dentes na boca? Toma
banho? Cursou o ensino fundamental?
Se respondeu SIM para, pelo menos, duas destas questões, tem chances!
(ATENÇÃO: não se empolguem! Este é o último estágio e envolve desespero
exacerbado e um medo irracional de ficar sozinha para sempre)
Obviamente, não estou neste estágio e ainda tenho esperança de atingir
parcialmente o meu ideal. Portanto, minha lista permanece com algumas
exigências básicas. Partindo deste princípio, eu posso tolerar bermuda
com meias, um gosto musical duvidoso, manias estranhas e até a escolha
de um candidato que detesto. Eu compreendo um leve fanatismo por
futebol, algum exagero alcoólico e uma péssima memória para datas
importantes.
Agora, o que não dá para aceitar, de jeito nenhum, é uma pessoa que
não sabe, minimamente, escrever. E não estou falando de erros bobos
cometidos por todos nós e totalmente aceitáveis.
(Aposto que pessoas mais exigentes que eu devem estar, neste momento,
buscando falhas neste texto e, já adianto, vão encontrar muitas. Eu
encontro uma dezena cada vez que releio algo que escrevi)
Enfim, estou falando de N antes de P e B, de nome próprio com letra minúscula e de verbo que não acompanha o sujeito.
Eu até queria relevar seu estado ANCIOSO, o MENAS, o ESTEJE e o SEJE que você soltou.
Eu poderia tolerar um MAIS ao invés de MAS e até algumas abreviações excessivas desta linguagem cibernética.
O problema é que o seu AGENTE (e não estou falando do agente da lei) não me deu chances.
Você se perdia nos porquês, no onde e no aonde. Colocava um Ç no lugar de um (ou dois) S e um S no lugar de um Z!
Quantos Rs comidos?
Quantos Ls substituindo Us de forma indevida?
Eu queria muito fechar os olhos (ou os ouvidos), mas te ouvir dizendo
que iria SE arrumar para sair era DE MAIS para mim.
Aliás, como o seu mim conjugava verbos...
Percebi que ter concluído o ensino básico, passado no vestibular e
entrado para um curso superior não significava absolutamente nada,
ortograficamente e coerentemente falando.
“Não te amo mais”, “Estou te traindo com sua melhor amiga”, “Sou um psicopata”, “você está gorda”!
Não, nada disso foi dito!
As palavras que me penetraram o ouvido, olhos e coração foram:
ENQUANDO, DENOVO, DEREPENTE, EM FIM, NÓIS, FELIS e CONCERTEZA!
Bem, eu queria fugir das frases clichês para explicar o motivo de não ter dado certo, mas preciso dizer...
O problema não é você, são seus erros de português.
Obs.: Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A
produção deste texto não é uma vivência específica, mas a soma de
experiências próprias, bem como a de pessoas próximas levemente
exigentes e um tanto esperançosas.
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/monologos_dialogos_e_discussoes/2015/01/o-problema-nao-e-voce-sao-seus-erros-de-portugues.html#ixzz3Otza30mZ
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