terça-feira, 18 de novembro de 2014

Uma carta ao Colégio Santo Agostinho...





Imagem usada por alunos do Colégio Santo Agostinho externando o sentimento diante da decisão de fechamento da instituição.
Há alguns anos, quando ainda muito jovem, certa mãe decidiu que seu filho estudaria numa escola ‘experimental’. Sua escolha foi o Colégio de Aplicação – Unidade Santo Agostinho. Inicialmente, seu filho rejeitou tal decisão, como muitos fazem no processo de transição do Ensino Fundamental para o Médio. Por respeitar temerosamente sua mãe acatou tal decisão sem questionar verbalmente. Quando retornou do primeiro dia de aula ela o perguntou o que tinha achado do colégio. Para não desapontar, respondeu que havia achado um máximo os novos colegas de classe e estrutura do estabelecimento escolar, apesar de não ter interagido com ninguém. Tudo para não decepcioná-la. Essa foi a única experiência em que a omissão seria uma dádiva.
Com o passar dos dias seus colegas foram se transformando em generosos e valiosos amigos. Os professores revelaram-se grandes mestres – e posteriormente - grandes amigos e companheiros de luta. Os funcionários queridos companheiros. Colegas contemporâneos, futuros alunos preciosos e admiráveis. Grandes histórias guardam e guardarão as paredes de tal instituição. Grandes conquistas envolveram o processo de desenvolvimento daquele jovem e tantos outros.
Sua formação acadêmica ficou intimamente entrelaçada com o colégio. Pouco tempo depois, retornou na condição de professor. Nessa oportunidade aprendeu ainda mais coisas valiosas. Fortaleceu vínculos, instituiu novos e aprendeu para toda uma vida lições fundamentais. Era como se fosse necessário completar o ciclo, disseminar o melhor que havia absorvido. Foi exatamente isso que ele tentou fazer. Ficou ainda mais apaixonado pelo universo educacional. Conquistou cerca de quatro corações puros para a disciplina que defende e ama – História. Eis o maior presente para um professor, alunos que se tornam companheiros de luta!
Esse aluno recebe com muito pesar a notícia que o Colégio que contextualizou fatos memoráveis não mais existirá em sua forma física. Lamenta que a instituição encerre sua trajetória abruptamente. Se sente órfão. Curioso como necessitamos de uma estrutura física, algo palpável, para confirmar aquilo que está cuidadosamente guardado nas caixinhas de nossas memórias! Mas não é apenas isso, desejamos a todas as gerações as maravilhas que protagonizamos. Há a necessidade de que se repita com outros o aprendizado que tivemos o privilégio de ter. Triste saber que acabou. Triste ver a tristeza de ex-alunos, colegas, companheiros de luta, mães e pais que desejam o melhor para sua prole. Permanece a gratidão por tudo que foi realizado até agora. O tal aluno é quem vos escreve. Penso que o Colégio Santo Agostinho fez um trabalho similar a de uma borboleta - ‘polenizou’, nos fez ver o sistema de uma maneira diferente e teve um ciclo de vida relativamente curto. Mas cumpriu sua principal missão: mudar a realidade de muitos. Que bom ser um dos beneficiados! Permanece a gratidão e o gosto de ‘queríamos muito mais’.

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