domingo, 10 de agosto de 2014

MATURIDADE x INSANIDADE


   Por Fabíola Simões
                                              

                                                 
"Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz..."

Imagem: Reprodução




[...]

 Vivemos em busca de aprovação, de um olhar "superior"que nos diga que o caminho que trilhamos está certo, que é isso o que esperam de nós. Mas será que cumprindo o "combinado" nos tornamos pessoas mais felizes e realizadas?  Seria insano questionar o projeto e recalcular a rota?

[...]

Desconstruindo a perfeição nos tornamos mais humanos, mais próximos uns dos outros.

 Dando o grito de liberdade nos aceitamos como somos, nos perdoamos, deixamos de ter um olhar moralista sobre a identidade escondida dentro de nós, descobrimos que não somos culpados pela maioria das misérias à nós atribuídas. Enfim amadurecemos.

 Amadurecemos quando nos libertamos da aprovação alheia para nos sentirmos felizes, confortáveis ou protegidos;

Quando deixamos de ter medo de nossas fragilidades e aceitamos olhar para elas do mesmo modo que nos vangloriamos de nossas virtudes;

 Amadurecemos quando rompemos nossas defesas e nos descobrimos humildes, admitindo  que ninguém é 100% imaculado, algumas enfermidades fazem parte do caminho e isso é perfeitamente aceitável;

 Quando enfrentamos nossas provações de frente, não nos censuramos nem disfarçamos nosso inferno;

Amadurece quem não se vitimiza em busca de atenção, nem se omite pra manter sua reputação;

Amadurecemos quando aprendemos que a vida é composta de acertos e desacertos e nos permitimos errar. E depois de reparar nossas faltas, nos perdoamos e seguimos em frente;

Amadurecemos quando começamos a trilhar um caminho de transparência e fidelidade aos nossos sentimentos;

 Quando preservamos nossa própria natureza, não poluímos a nós mesmos agindo de acordo com as "normas vigentes" nem aceitamos sermos rotulados;

Amadurecemos quando entendemos que somos os únicos responsáveis por nossas vidas e deixamos de culpar os outros por nossos fracassos, frustrações ou sonhos não realizados;

Quando entendemos que não adianta depositar nossas expectativas em ninguém,  cada pessoa enxerga a vida à sua maneira e não é certo cobrar algo que tem valor relativo para cada um;

Amadurecemos quando deixamos de ter  preconceitos contra nossa própria história, assumimos nossas imperfeições ou o que se fez imperfeito em nós e paramos de apontar no outro aquilo que tentamos esconder em nós;

 Amadurecemos quando entendemos que a vida é um conjunto de bem e mal, certo e errado, belo e feio, alegrias e tristezas, e passamos a conviver bem com os 2 lados, sem negociar uma escolha definitiva;

Amadurecemos quando deixamos de ser tão exigentes , quando nos permitimos transgredir e ser menos certinhos, quando finalmente aprendemos a dizer "não" (...);

 Amadurecemos quando descobrimos que a alegria verdadeira tem um antagonista dentro de nós, que ninguém é 100% feliz o tempo todo, e que isso é perfeitamente aceitável;

Amadurecemos quando percebemos que o sofrimento faz parte do caminho e que ele é bem vindo também, quando nos ensina o sentido da paciência e da aceitação diante das demoras e revezes da vida;

Amadurecemos quando compreendemos que não há lógica nem explicação pra tudo, que  o importante é ter menos controle e mais diversão; quando percebemos que a maturidade flerta com a "INSANIDADE"...

 Amadurece quem entende que a vida é como uma enorme colcha de retalhos em que os retalhos bonitos, limpos e de cores vivas estão firmemente atados aos retalhos feios, sujos e gastos pelo tempo. Certamente desejamos possuir e expôr uma colcha perfeita , agradável aos olhos e aconchegante. Mas para isso teríamos que mostrar apenas metade da colcha_ou 70% dela, vá lá.
Porém, quando entendemos que a beleza da colcha está no contraste entre o belo e o feio, o novo e o velho, o limpo e o sujo... encontramos a paz que deriva do perdão e da verdadeira auto estima. Deixamos de julgar tanto_a nós e aos outros_, relaxamos com nossas histórias, fazemos as pazes com nossos fantasmas.

 Nos descobrimos livres, sem dívidas.

 Encontra a felicidade aquele que entende que não adianta mostrar a colcha por partes nem camuflar os retalhos feios. O segredo é olhar para eles com carinho e aceitá-los como parte do todo. E conviver bem com isso, pois no final, usando a colcha inteira estaremos bem mais aquecidos do que se a usarmos só pela metade.

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