sábado, 26 de abril de 2014

'Grória Figena' - um exemplo de bom humor



Detesto ser redundante, mas isso se faz necessário quando envolve o Grupo Ponto de Partida e o que estiver vinculado a tal companhia teatral. Muitos conhecem o trabalho do grupo de longa data, principalmente sua inquestionável arte. É como expressam por aí, ‘tal pai, tal filho’. O Ponto de Partida gerou ‘filhos’ lindos e competentes, com uma bagagem cultural e artística que poucos, ou ninguém, pode colocar defeito. O último contato com seu trabalho, o espetáculo ‘Grória Figena – pelejando no bar’, foi digno de nota e excelentes impressões.
Há algum tempo temos observado a deterioração do humor através de suas piadas cada vez mais pesadas, chocantes e ofensivas. Recebo tais apresentações com total desgosto e desprezo. O espetáculo supracitado, como de praxe na arte do Ponto de Partida, busca a origem, um humor inofensivo, suave, com críticas construtivas, sem exageros, sem estereótipo degradante, respeitoso e pontual. A faxineira, que bem poderia ser minha mãe, retrata o dia a dia de muitas mulheres simplórias que estão por todos os cantos deste país. Seus filhos, que também poderiam ser meus irmãos – e até certo momento pensem que fossem, são os filhos da ‘classe c’, outra diferenciação, que assim como o grande Criolo, não concordo com a classificação, mas é a maneira que a vasta maioria da sociedade compreende a origem social. São os meninos que veem na propaganda os filhos da ‘classe média alta’ dar presentes a seus pais e, muitas vezes, se perguntam de onde vão tirar dinheiro, sem pedir a seus genitores, para presenteá-los. E estes acabam arrumando artimanhas questionáveis para agradá-los. Eis o momento de incutir valores nesses pequeninos. Nem que o meio usado seja ameaçar de os ‘partir ao meio’. Nos faz refletir: A luta diária da mulher brasileira é digna de muito aplauso e admiração.
Por fim, Regina Bertola, em suas breves e valiosas palavras, nos atentou para uma reflexão necessária: trabalhar, contribuir, para uma cidade melhor. Sim! Um ambiente harmonioso, começando por nosso lar. Que tal fazer e cuidar de um jardim em sua casa? Valorizar a história de sua cidade, sua família? Que referência deixará para seus descendentes a respeito de seu passado? O limpará como se nunca tivesse existido? Como contribuirá para um amanhã melhor? Cederá às imposições das grandes redes de entretenimento e desvalorizará a verdadeira arte? Culpará sempre os políticos locais, ou nacionais, pelas mazelas que você permite que ocorra? Muitos questionamentos pertinentes. Apesar de muitos não reconhecer, a arte nos faz refletir sobre quem realmente somos e o que queremos. Basta sensibilidade. Mais uma vez: Obrigado, Ponto de Partida! Obrigado, Artistas (no sentido original da palavra)! Parabéns sempre! E quem quiser assistir e conhecer ‘Grória Figena’, não perca a oportunidade de conhecer uma mulher cômica, respeitosa e sincera. Indico!

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