sábado, 23 de novembro de 2013

Um amor ilimitado – Olhar Down




A inauguração oficial da ‘Associação Olhar Down – Amor sem Limites’, nesta sexta-feira (22), me fez pensar em contos de fadas. Mães que por excesso de zelo e amor, prefiro compreender dessa forma, confinam seus filhos com Síndrome de Down em seus lares, sem convívio com a sociedade, na tentativa de se protegerem e também seus filhos, inconscientemente assumindo o papel de antagonistas nesta história. Mas o capítulo vivenciado nesta noite foi diferente, várias mães que retiraram seus filhos e filhas de seus ‘castelos’ e os apresentaram à sociedade por meio desse belo projeto, Olhar Down.
Tivemos o privilégio de conhecer pequenos cidadãos contagiantes, vibrantes, confiantes que merecem seu devido lugar na sociedade, e em nossas vidas. Compreendemos nesta oportunidade que a Síndrome de Down não é uma doença, não devemos tratar quem é Down como coitados. Coitado é de quem ainda pensa assim. Como já disse, são cidadãos, como qualquer um de nós. O que os torna diferentes? O número do documento? Isso me faz diferente de qualquer pessoa. Sou diferente porque tenho lábios grossos, característica notável de todos da minha etnia. Outro indivíduo pode ser diferente por ser muito magro. Eles são diferentes porque são Down. Ser diferente é normal, mas não caia no erro que repetir essa frase incontáveis vezes, como um mantra, e fazer perder seu real sentido. Conhecemos pessoalmente o Dudu do Cavaco que é exímio no instrumento pelo qual é conhecido, já este redator não sabe sequer segurar este objeto. O que torna Dudu especial? Resposta: sua habilidade para a música. Se Dudu não tivesse os olhos puxados e outras características físicas de um Down, provavelmente ele não seria tratado ‘diferente’. Ele é um artista como qualquer outro, capaz de nos encantar com sua arte. E diga-se de passagem: Que arte!
Parabéns às mães amorosas que nos deram a oportunidade de viver um momento tão sublime. Especialmente à Sâmila Monna Lisa, que por seu amor percebeu o quanto a vida é ‘Bela’. Que aprendeu com a pequena princesa Isabela que a vida é uma arte sem fim, que exige muita luta para alguns, que muitas vezes temos que ser o primeiro exemplo para uma mudança significativa na sociedade e no nosso interior. Um grande exemplo para uma sociedade egoísta e covarde a qual vivemos.
Ver aquelas mães emocionadas ao declamar a canção ‘Como é grande o meu amor por você’ foi como voltar ao tempo e fazer o mesmo para o meu irmão, há cinco anos, quando o vi pela última vez. Compreendi a imensidão do amor daquelas mulheres, bem como dos pais, que também amam. Na verdade um Down é diferente sim, capaz de despertar em nós uma alegria transcendente, apenas pessoas iluminadas conseguem fazer isso.
Não permita ser moldado por uma sociedade estereotipada. Não padronize. Não tenha preconceito. Essas foram as mensagens que soaram pelos ares nesta noite. Esse evento não gritou por igualdade, num ato desesperado. Foi como um sussurro convidativo, que dizia: ‘Venha conhecer o que você taxa como diferente, mas não é!’ Conheça e sinta esse amor sem limites.

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