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Há muitos anos atrás, muitos mesmo, quando era praticamente uma
adolescente, li, "Do amor, Ensaio de Enigma", sensível livro do saudoso
Artur da Távola. Há semanas atrás após a crônica “Quem Nunca Sentiu
Saudade?”que escrevi para a página Acidez crônica, recebi uma mensagem
delicada que citava o trecho “da perda” deste livro "Do Amor".
Fui, então, reler alguns trechos do meu livro já amarelado pelo
tempo, sublinhado pelas descobertas de uma adolescente, hoje, revisitado
por estas retinas vividas, achei engraçado alguns trechos sublinhados,
quase premonitórios e, enfim, pude concluir: o amor é realmente um
enigma.
Pus-me a pensar no amor, esquecendo-me completamente do purismo da
língua, das observações analíticas: pensei no amor do dia a dia, o amor
desabafado e desabado nos ombros amigos; pensei nos amores de bar e nos
amores média, pão e manteiga com olhares perdidos e esperanças matinais.
Ponderei sobre amores que nem sempre são amores, mas que pelo tempo
que estiverem trajados de amor serão intermináveis. Pensei nos amores
absolutamente apaixonados que visitam camas e muros; nos amores
complicados tal qual nó de aselha, cegos em sua existência, e por fim,
pensei naquele amor que de tanto ser amor torna-se enigma, aquele amor
fecundo em todos os tempos, que será sempre amor mesmo depois de findo.
Este amor é silencioso, sobrevive à própria morte, posto que renasce
nas lembranças e em frases de carinho. É amor de travesseiro, não
importa o novo amor, muito menos com quem você se deite, haverá de haver
um boa noite distante.
Quando eu era jovem discordava da afirmativa de Nelson Rodrigues:
“Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor”. Entendia que o amor
necessitava de presença, toque, sexo, beijos. Hoje minhas retinas
refletidas e vividas, permitem-me compreender: Há o amor de querer bem,
não importa o fim, segue-se, sim, amando.
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/luciana_chardelli/2014/11/do-amor.html#ixzz3MCqsrnN4
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