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Hoje eu queria falar de pressa, da urgência que temos das
coisas e de culpa – culpa por não querer protelar as emoções. Na
verdade, nesse momento, quero me ater ao discurso sobre o amor, ou
melhor, à urgência que temos de amar, sem nos preocuparmos com
julgamentos. De tanto amar errado, percebi que estamos muito mal
acostumados com os padrões. Por exemplo: se conhecemos alguém, e em
menos de 24 horas sentimos vontade de casar com essa pessoa, nos
culpamos, pois aprendemos que mostrar interesse rápido por alguém nos
faz perder o respeito do outro, nos faz parecer franzinos. Se nos
encantamos no primeiro encontro, e saímos por aí divulgando isso aos
quatro cantos, com um sorriso de fora a fora no rosto, somos
precipitados, imaturos, iludidos. E é sempre assim: para a grande
maioria, relacionamento só dá certo se um dos dois se faz de difícil.
Teorias que não passam de teorias, apenas.
Não tenho tido muita paciência para ficar na fila do “mais do mesmo”.
Talvez por isso tenho pedido menos conselhos, lido menos livros de
autoajuda e me comparado menos com os outros. Levantei a bandeira,
joguei a toalha, entreguei as cartas, saí fora dessa redoma que acha que
felicidade é produto, que pode ser fabricada, que tem fórmula pronta –
fórmula da indiferença, da cara feia, do nariz empinado.
Queria muito entender porque damos tanta importância ao que os outros
pensam. Isso é cultural, eu sei. Vivi assim por anos. O que me intriga é
ver essa seita com milhares de seguidores fiéis – milhares de pessoas
que deixam de dizer ‘eu te amo’ porque isso só se pode dizer com o passar do tempo. Acho isso tão cruel: abafar felicidade.
Acredito piamente que temos mais é que dizer as coisas no momento em
que estamos sentindo. Sufocar emoção dói, angustia, nos traz um falso ar de superioridade
– eu disse ‘falso ar de superioridade`. Deixar de dizer o que se sente
não faz ninguém mais forte. Não existem argumentos para essa defesa. O
problema é que pensar assim, sozinho, é complicado. Se o outro não
entende e prefere dar valor a quem se faz de difícil, a quem deixa o ‘eu
te amo’ entalado por tempos na garganta, é natural que você balance,
titubei, chore, perca forças…Mas uma coisa é certa: nada dói mais que mentir pra si mesmo.
Fonte: Entenda Os Homens
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