sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Não tô sentindo dor. E deveria estar sentindo uma puta dor depois desse puto acidente. Será que aconteceu algo mais sério? Preocupante. E sei desse tipo de B.O. por acidentes de outros motoboys. E por falar neles, tem um monte deles a minha volta. Aparece motoboy de tudo quanto é lado. Até do bueiro sai motoboy pra me ajudar. Mas a sirene que ouvi era bombeiro, então viro pro maluco que não para de repetir “não se mexa”, e digo “ei parceiro, faz um favor?” Ele me responde “não se mexe, não se mexe” aí eu digo “pega aqui do meu bolso um papel, é o telefone do escritório em que trabalho. Liga lá pra secretária bilíngüe e fala do acidente, diz que tô quase morto, quase vivo”. Ele responde “calma, Deus vai te ajudar”. Então eu digo “antes que Deus me ajude, me ajude você? Talvez eu nem chegue vivo no hospital pra fazer a ligação. Esse pode ser meu último pedido”. Ele com medo da possível culpa, pega o celular do seu bolso, o papel do meu bolso e faz a ligação.

(Verão - O motoboy, secretária e o amor, peça 4 ESTAÇÕES. Reestreia dia 24/01 às 22h no Espaço dos Satyros 1 - São Paulo).

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