Em certos momentos da vida, a dor da separação, a dor de não vermos no
outro o que gostaríamos de ver, a dor do reconhecimento das diferenças é
tão grande que preferimos a ruptura, o
fim, numa tentativa enlouquecida de arrancar de nós a dor. É assim que o
amor sentido se transforma em fantasma, em dor que nos assombra pelo
que não foi. Sofremos, então, pelo que não foi, idealizamos o amor, a
nós, ao outro. Buscamos não lembrar o que poderia ter sido se tivéssemos
conseguido não fazer da dor apenas nostalgia. Transformado em
indiferença, o amor e o ódio diante da diferença nos torna, também,
indiferentes ao nosso próprio sentir. A indiferença produz nostalgia,
congelamento da capacidade de amar. Restam as sombras, as imagens do
fim, o ressentimento, como formas de encobrir o que recusamos viver.
- Evelin Pestana, Casa Aberta - Página
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