Desacreditar no amor é uma passagem na vida de todos. Uma passagem
que carece de volta e pedágio. Pois, a intensidade e a emoção de um
futuro amor, às vezes, necessita de um leve desacreditar do presente.
Amor de fases na vida de pessoas comuns, que começam acreditando
fidedignamente em seus alicerces e depois são surradas, aprendendo, que
amar é viver e viver é tapa na cara. Assim designam que talvez ninguém
mereça o seu real afeto e julgam qualquer nova tentativa de
desfibrilá-lo como nula. Mas, de repente, um dia, no auge da maturidade,
descobrem que desacreditar no amor é como acreditar que nunca mais irá
chover. Pois, o amor é como a chuva, que quando se recusa a vir pode
ressacar corações e planícies, mas uma certeza sempre há: um dia ela
vem. Pode vir sorrateiramente, molhar devagar e lhe dar um tempo para se
proteger em uma marquise qualquer, ou pode te colocar a prova de que se
molhar também faz bem. E, quando ela vem pedindo para lavar a alma, faz
todas aquelas chuvas que ameaçaram cair e não caíram se arrependerem,
pois, a chuva presente é sempre a mais gostosa de dormir, de amar e de
ouvir.
O aconchego da chuva se assemelha ao do amor, calmaria, sonhares e
endividamento de lembranças. E ainda traz um sussurro que amansa
corações e transforma ansiedade em alivio imediato. Então, acredite que
vá chover, mas, também não deixe de contemplar os minutos de sol quando
for momento. Pois, chuvas tempestivas sempre virão, a diferença é a
ânsia de deixar-se molhar como se o amanhã nem existisse.
Frederico Elboni
Fonte: Entenda Os Homens
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