quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A tal das coisas simples


Reprodução: Instagran @JhonatanRocha

E chegamos aos 27 verões, a mala vem se enchendo de boas e más experiências, mas damos mais importância às boas. Claro! Incrível como ela fica mais leve de acordo que a vamos enchendo. A viagem segue e acumulei sonhos, desejos, felicidades, angústias, dentre tantas outras coisas. Desejei milhares de amigos e várias pessoas me conquistaram por motivos, características, diferentes e me tornei amigo de cada um. Desejei ter uma beleza inconfundível, mas a tal não estava em ter um corpo musculoso e rosto com traços nórdicos, e sim, no olhar, sorriso e caráter. Queria um amor para a vida toda e aprendi que vivi sem a tal até agora. E se chegar, estarei no lucro. Com dose anos, desejei me casar aos 20 anos e ter 5 filhos biológicos; tenho 12 filhos espirituais amados, 3 sobrinhos adoráveis; não me casei até hoje. Quis ser galã e representei Romeu no teatro da escola, depois uma sequência infindável de Sacis. Já rodei alguns quilômetros, e não cheguei aos pés de alguns mochileiros que tive o prazer de conhecer. Não fiquei rico, aliás nunca quis. Almejei a justiça, paz, amor, equilíbrio, serenidade e me deparei com fragmentos deles por aí. Vi muitas coisas que não queria, muitas coisas mesmo. Segui minha vida como se não as tivesse visto para que a caminhada fosse mais leve. Também caminhei por campos floridos, agradáveis, que me levaram a reflexões fundamentais, necessárias. Tive medo a vida toda e sigo ainda assustado com alguns fatos. Espero um futuro sem temores, com silêncio de tranquilidade, e não o silêncio que anuncia desgraças. Já provei da falta de atenção de ‘amigos’ em assuntos que para mim eram importantes e fingi que não me incomodar. Já fui usado e fiz o máximo para não cometer essa atrocidade com ninguém, mesmo que involuntariamente. Sou professor por amor à educação e aos jovens. Ainda acredito que bons exemplos e palavras mudam realidades. Já estive diante da morte sem saber, por meu Pai tem me protegido e observado. Cometi erros graves e me arrependi deles, me arrependo ainda mais quando repito a dose, quando demonstro descontrole, quando falo demais, quando exagero, quando apenas observo. Li muito, gostaria de lido e escrito muito mais. Queria ter o dom da poesia e maestria de Gil, o talento e personalidade de Lázaro, a sobriedade de Fagundes, a discrição de Tony, o bom humor de Paulo, a despreocupação de R. Bastos, a inteligência de Tas, ser o pseudônimo de Fernando Pessoa, uma história Graciliano, a humildade de Ary Fontoura, a paciência de Moacyr, a presteza de Júnior, a decisão firme de Rogers, a palavras certeiras de José Francisco, a alegria de viver de João Humberto, a sutileza de Livinho, a coragem de H. Vinícius, o espírito revolucionário dos Fábios, a honestidade de Arthur, o olhar admirado de Dhavi, ser observador como Davi Soria, livre como Luiz Fernando, amado pela esposa como Diogo, empreendedor como Ricardo, sensível como Miguel, rir como o Harley, a autoestima de Charles, reservado como Geraldo, vendedor com Robson, queria ser tantos e apenas um. Mas sou apenas eu. Sei o quanto a felicidade está na simplicidade. Sou testemunha de que se engana quem acha que riqueza e status atraem inveja. É justamente o contrário, o que causa o furor de quem não quer lhe ver bem é o seu sorriso fácil, a luz própria, a felicidade sincera, a alegria exagerada. O que causa inveja são as boas amizades que facilmente atraímos, a boa energia que transmitimos, o brilho ofuscante no olhar, a sinceridade espontânea, o amor verdadeiro, a positividade pela vida, a leveza no andar, a paz interior, a ingenuidade para a maldade. O que chama a atenção não é o corpo perfeito, mas o bom caráter. Nada disso tem valor se o que tem por dentro não se alimenta de coisas boas. Na verdade, dinheiro nenhum paga o que gera a verdadeira inveja. A maior riqueza da vida se esconde na alma, e em nenhum outro lugar. Aprendi a respeitar a humanidade com toda sua diversidade e crenças, assim como gostaria que fizessem comigo. Ainda não vivi o suficiente, pois acredito que minha mala tenha que ficar ainda mais leve. Sei que mereço viver muito mais dessas tais coisas simples.

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