
Estar no chão do quarto, usando os ‘óculos
da reflexão’ e voltando a escrever textos não me parece bom a essa altura do
campeonato. Você fez isso! Sinto que preciso me despedir do que fomos, do que
vivemos, do que sentimos. Está difícil. Finalizar uma relação numa ‘guerra fria’
soa insensato, insano. injusto. Quero brigas, injúrias, verdades mal ditas e
desnecessárias, quero arrependimento e pedido de desculpas. Volta aqui! Onde foi
que nos perdemos? Quando me distanciei era pra você chegar mais perto. Nunca fui
bom nessa história de sedução reversa (se é que isso existe). Você simplesmente
aproveitou a oportunidade e, como aqueles pedalinhos, se foi aos poucos e
silenciosamente. Já me enxerguei em sua face, pois era desnecessário me olhar
no espelho. Nossas mães ainda são compartilhadas, o que restou do que tínhamos
em comum. Errei ficando desatento aos seus sinais de pedidos de socorro. A responsabilidade
também foi sua. Cara, não tem rancor. Como uma relação pode terminar sem
rancor? Isso é patético! Mas se tratando de nós, tinha que ser diferente. Os diferentões.
(Estou rindo, mas chorando também.) Eu sou você, e você sou eu. Sabia?! Sabe sim!
Queria só dizer que, apesar de não acreditar, sei exatamente o que está
sentindo. Essa pseudo felicidade, essa sensação de liberdade, essa vontade de
se refazer, essa certeza habitando o seu ser, essa vontade, essa vontade... não
será eterno. Por favor, volta! Deixe-me ver novamente aí. Parece egoísta, mas
era assim que você era feliz. Vem aqui me xingar, incentivar, reclamar,
sugerir, pedir, chorar, sorrir... Estou aqui escrevendo no computador que era
seu, usando meia e chinelo em pleno Verão (combinação que você odeia), ouvindo
músicas que você não entende (mas ouvia pra eu ouvir as suas que eu não
gostava). Estou pedindo seu retorno ciente que a sua volta poderá demorar. Você
cansou! Precisa de férias. Seu coração está dividido. Poxa vida! A que ponto
chegamos?! Você nem vai ler isso. Você não vai porque se foi. A culpa também
foi minha. Quer saber?! Vá viver o que precisa viver. Sei que vai voltar. E não
é praga. O seu rio pode traçar muitos caminhos, mas o seu mar somos nós.