
A maioria das pessoas inicia o ciclo anual com inúmeras promessas. O atravessar
da zero hora mais parece um portal milagroso, na verdade completamente
ilusório. O primeiro dia é de ressaca física ou moral. O segundo lembrando-se das
desventuras da travessia. O terceiro é analisando as possibilidades viáveis das
promessas feitas. A partir do quarto dia é rotina. É esquecimento. É adiamento.
Talvez essa seja um dos males mais comuns à humanidade.
Não sabemos mais aproveitar nosso tempo de maneira satisfatória.
Focalizamos no trabalho, ou no amor, às vezes em nada. Saímos desvairados pela
vida. Compartilhamos links nas redes sociais sobre o tempo que perdemos e na
prática não aproveitamos nada. Tenho a impressão que quem realmente aproveita
não compartilha, pois não há tempo para os dois. Registram os melhores momentos
para si mesmos, numa prática admiravelmente egoísta da memória. Não fazem
questão de provar que são felizes. Até pouco tempo julgava pessoas que não se
importavam com as redes. Hoje as compreendo. Sinceramente, queria assim ser. Quem
sabe elas cumprem suas metas?! Frustram-se menos?! Quanta coisa temos adiado?
O fato é que deixar para depois não é um bom negócio. O café fica com
gosto de passado, não há mais encanto, anoitece, acostuma-se com a saudade,
tudo e nada mudam. Não podemos guardar o tempo para usá-lo depois, como se
faz com dinheiro, alimento, combustível e várias outras coisas. É inútil tentar
guardar o tempo deixando de usá-lo. É inútil desperdiçar o tempo. O tempo que
não usamos está perdido para sempre.
Por
isso, o conselho é: aproveite seu tempo com o que realmente importa e não te
trará arrependimento. Aproveite todos os dias. Isso mais parece ‘papo de tia’
ou aqueles textos reflexivos que gostamos de escrever na adolescência. Mas a
verdade é que Renato ecoa em minha mente: ‘Todos os dias quando acordo não
tenho mais o tempo que passou’... Mas ainda temos tempo. Não queira repetir as
mesmas promessas para o próximo ciclo.