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domingo, 6 de julho de 2014

Almas que nos salvam da dor






Imagem: Reprodução




‘A alma de um ser pertence a quem a salva‘. Apesar de parecer absurdo, é uma expressão muito simbólica. Sentimo-nos mesmo pertencentes a quem nos salva da tristeza, carência, infelicidade. Há pessoas que parecem nascer para dominar o mundo inteiro. No grande folhetim que é nossas vidas há personagens que são eternos e preciosos ‘passarinhos verdes’. Considero os pássaros como seres misteriosos, não místicos, mas misteriosos. Talvez pela arte de bailar pelo ar de maneira tão espetacular. Acho que eles jamais saberão como nos sentimos limitados quando os vemos dançar pelo céu afora. Mas suas asas espalham nossos bons pensamentos pelos ares do planeta. Não era os pássaros que queria destacar, e sim as pessoas que tornam melhor nossa existência. Esses a quem pertencemos e dizemos constantemente que jamais viveríamos sem. Alguns estão distantes, outros próximos. O fato é que sua presença, voz, atenção mudam o ambiente em que chegam. Como me simpatizo com seres que exalam energia positiva! Esses são sim responsáveis por nossas almas. Salvam-nos de tantos males e não pedem nada em troca. Espalham o amor! São fontes inesgotáveis de alegria. Basta que tais pessoas existam para que tenhamos razão de ser. Da mesma forma, é uma grande felicidade poder ser recíproco a tanta generosidade e boa vibração. É como se voássemos juntos bailando belamente pelos ares. Como admiro as almas que me salvar da dor! E como aspiro salvar almas da dor. Não por ser proprietário de uma, mas por sabe o bem que faz ser responsável pela felicidade de alguém.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Esperança é o que mais dói

Imagem: Repeodução


Fabrício Carpinejar

É me acomodar no avião e já adormeço. Nem espero o comissário fechar as portas.

Durante conexão de Galeão para Salgado Filho, escorado na janela, pronto para babar, escuto uma mulher chorando na poltrona da frente.

Sempre vou acordar quando ouvir uma mulher chorando. Meu sono não resiste a mulher chorando.

Ela soluçava ao telefone:

– Você disse que a gente moraria junto depois que terminasse seu treinamento. Você mentiu, você só está me enrolando com promessas. Promessa dói. Esperança dói.

Não alcançava qual o contexto da conversa, mas sua frase produziu muito sentido.

Esperança dói!

Eu quase chorava junto. Ela estava coberta de sentimento mais do que coberta de razão.

Concordava com ela: não minta com esperanças. Minta com qualquer outro sentimento, menos com esperança. Não ofereça esperança se não acredita na relação.

Pense bem antes de falar, pense se realmente deseja cada verbo. Cuidado com aquilo que sonha em voz alta.

Todas as palavras são estrelas cadentes. Prometer é sério, prometer é se comprometer.

Não adianta dizer que só falou, alegar que não fez nada de errado e lavar as mãos no vento. Falar é fazer.

Entenda que a esperança é o que mais machuca. Não há maior tortura do que gerar esperança em vão: é oferecer para tirar.

Não estimule projetos se não está disposto a cumprir, se não é sincero, se não é verdadeiro.

Não diga da boca para fora pelo prazer da hora, pelo romantismo, pelo arrebatamento.

Imaginar já é concretizar. Se não tem segurança com sua companhia, não iluda. Não fique fantasiando casa própria, filhos, cachorro, viagens ao Exterior. Não insufle o porvir para agradar. Não disfarce o pouco sentimento com a eternidade. Não chame o futuro impunemente. Não apele para a emoção à toa.

A fantasia é uma responsabilidade do casal. Pois o amor é o que se vive somado ao que se conversa somado ao que se planeja.

Ao fortalecer intenções, permite que ela ou ele passe a esperar dali por diante.

Somos crianças no amor, ansiosas pela confirmação das expectativas. Enxergamos o que imaginamos, trabalhamos para conseguir o que imaginamos.

Esperança é também parte importante do namoro. Esperança é também lembrança do namoro. Esperança é também memória do namoro. Esperança é também realidade do namoro.

O que foi idealizado a dois é um patrimônio da intimidade, um marco da confiança.

Ninguém sofre numa separação por aquilo que aconteceu, sofrerá por aquilo que não vai mais acontecer. Sofrerá pela perda da esperança mais do que pela perda do amor.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 24/6/2014
Porto Alegre (RS), Edição N° 17839