sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Ainda mais sobre felicidade



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Há tempos venho tentando elabora algo concreto sobre algumas questões deixadas de lado nesse caminhar que é o viver. Tenho recusado muitos convites – que sempre quis recusar, mas não o fazia para manter o status social -, para reuniões sociais, happy hour e outras ocasiões. Imagino que essa recusa tem causado desconforto em meus convidantes. E em alguns casos, para mim totalmente libertador.
Recordo-me do tempo de colegial em que fizemos uma pesquisa sobre a biografia da literária Clarice Lispector.  Um dos pontos altos de nossa pesquisa foi a descoberta, a nível pessoal, da personalidade curiosamente singular dessa escritora. Segundo nossas investidas na vida privada da autora, Clarice tinha o hábito de ser convidada para jantares na casa de seus amigos íntimos. Até aí tudo bem. A grande questão é que costumeiramente ela decidia ir embora antes do jantar ser servido e sem dar explicações, como manda o ‘protocolo’. Nunca me esqueci disso. Ficou marcado como tatuagem em minha memória. Depois disso, nunca mais encontrei referências sobre essa informação. Repetíamos o fato durante a Feira Cultural como um mantra. Era aprova de que havíamos feito uma relevante pesquisa. Sempre quis ter a personalidade e coragem dessa mulher. Me aprimorei ao ponto de recusar convites, não sendo preciso sair antes do jantar ser servido. Em tempos de fotos em redes sociais para comprovar o quanto somos desejados, amáveis e sociáveis isso é completamente exótico. Isso me fez pensar sobre a felicidade e necessidade de esfregá-la na face alheia. O que é ser feliz?
Recordo-me das palavras de Clóvis de Barros Filho: “Vamos nos acostumando a admitir que, no momento em que a vida é vivida, temos que suportar inconvenientes para que alguma coisa melhor advenha. Mas não tem advindo. Portanto, faço um convite à vida. Um convite à realidade, às coisas como elas são. E ainda preferirei que elas sejam alegradoras. Se, com isso, eu tiver que pagar a pena do castigo eterno, da criatividade comprometida, de uma aposentadoria curta, de uma existência pouco longeva ou de um final de semana sem graça, pouco importa. Eu ainda prefiro a alegria de uma semana inteira de trabalho do que happy hour de sexta-feira depois das 18 horas, apenas para fazer uma pequena observação.”
Não posso resumir minha felicidade a momentos exclusivamente selecionados como, por exemplo, finais de semana, feriados prolongados e dias santos. A minha felicidade cabe em todo o instante. Sim. No trabalho árduo, no ócio, na solidão escolhida, no momento que desejo dividir com alguém, no prazer de não se explicar, no agir, no observar, na ausência e presença de responsabilidade. A felicidade é propriedade e receita particular de cada indivíduo. Busque a sua. Te convido a uma realidade alegradora.

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