
“Não tenho interesse em falar com
você. Sua presença não significa nada pra mim. Não estou interessado em ouvir
uma palavra que sai da sua boca. Quando pergunto se está ‘tudo bem’ é por pura
educação forçada. Não sei nem a cor dos seus olhos. Não me recordo onde o
conheci e porque continua a insistir uma amizade/relacionamento comigo. Não
entendo como sua ficha ainda não caiu. Será que não percebe que meu diálogo com
você se limita a ‘aham’, ‘sei’, ‘uhm’, ‘prossiga’ (com cara de poucos amigos)?!
Sou M-O-N-O-S-S-I-L-Á-B-I-C-O! Isso quer dizer muita coisa. Não compreender
esse tratamento é falta de interpretação da vida.
Agora me pergunta: ‘Por que você
nunca falou isso claramente?’ Na verdade, detesto ter que ficar me explicando
para pessoas como você. Tenho preguiça, muita preguiça. Ah... E quando estou
rindo não é de você, muito menos para você. Sou realmente indiferente. Sua
presença não me faz diferença. Para você estou constantemente atrasado, tenho
muito trabalho, estou sempre ocupado.
Já falei que nem sei a cor dos seus olhos,
né?! Pois é, nem suas roupas reparo. Nem sei se está careca, com peruca, mudou
o cabelo. Para te dizer a verdade, se me perguntar seu nome agora vou custar a
lembrar. Te bloqueio da minha mente. Não há qualquer registro seu em meu mundo
particular. Poderia me fazer um favor? Visto que não existe no meu mundo
particular, poderia se retirar da minha presença física. E não se preocupe em
dizer ‘tchau’. Nem vou me lembrar que um dia esteve aqui.”
Tudo isso era o que o casal da mesa ao lado no
restaurante dizia um ao outro silenciosamente, ao estar cada um com seu celular
na mão verificando suas atualizações pessoais sem se olhar durante o almoço.