"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente
nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim,
morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e
acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das
gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada
pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e
ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca
pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. –
Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?" - Monteiro Lobato
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