quinta-feira, 11 de setembro de 2014

‘Descontrolador’ de emoções




Imagem: Reprodução


E ressurgiu feito uma fênix em minha memória. O sorriso leve, generoso, humilde, singelo e inocente. O olhar límpido, cristalino. E a presença diáfana. Sorri espontaneamente e sem motivo para os que me rodeavam e jamais poderiam imaginar o que meus olhos foram ordenados a visualizar pela imaginação. Veio o cheiro. Coisa mais estranha! Parecia que havia me enviado um recado pelos ares da cidade, sem compromisso com o tempo de entrega, mas com grande carga de sentimento. É sempre assim. As lembranças são nossas passagens para uma viagem agradável ao passado. Um passado sereno, sem compromisso, sem responsabilidades, cobranças ou coisas do gênero. E seu lugar ainda está reservado, intacto. O lugar da mesma pessoa que meu terapeuta queria de alguma forma saber o nome e desatar as amarras que impus sobre nossa relação. Ele nunca soube, apesar de ter certeza que havia alguém. Como pude esconder isso dele? Sempre escondemos. De alguma forma muitas de nossas reais intenções ficam escusas. Por medo. Ai como detesto e convivo bem com tal sentimento! O medo é o grande controlador, ou ‘descontrolador’, dos corações timidamente apaixonados. Faz-nos pensar que tudo é ilusão, que ninguém nunca nota o amor nos nossos olhos e expressões corporais, que ninguém percebe nosso coração parar quando estamos diante daquela pessoa. E é totalmente o contrário. O medo denuncia. Agimos ridiculamente, mudamos a voz, o assunto, ficamos sem assunto, nos reservamos, damos a maior pinta, mas nunca o suficiente para a declaração. E com o passar do tempo a nossa historia ficou apenas nas conjecturas, no mundo das possibilidades. É bom perceber que alguém fez parte da sua vida a ponto de te fazer sorrir sem motivos, à distância, espontaneamente e sem compromisso com o tempo. Talvez jamais saberá que foi protagonista de tal evento, assim como muitos são e não imaginam. A vida é mesmo um emaranhado de mistérios deliciosos, dúvidas instigadoras, medos descontrolados, um labirinto de sensações e imaginações inimagináveis. Você mora aqui e talvez se sinta indigente. Que descontrole paradoxal!

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